25.9.06

Poema de amor

Rodin


Era cruel atravessar aquele tempo, onde faltava a tua voz.
Houve, porém, uma noite em que disseste: meu amor
e o coração alvoroçou-se-me no peito.
Foram as minhas primeiras núpcias, 

soube-o mais tarde,
quando o começo do outono deixou 

um lume aceso nos meus olhos
e uma imensa clareira fez ecoar no meu hálito, 

não só o teu riso,
mas, ainda, uma antiga inocência 

que trazias sobre os ombros.
Da noite, perdi o sentido das margens, 

porque parti, sem norte,
à procura da época dos duelos por amor.
Hoje, teço no teu peito, indizíveis naufrágios: 

não para morrer,
mas para ser salva de pretéritas e futuras solidões.

De Reino da lua, 2002

1 comentário:

Poções de Arte disse...

Belíssimo, assim como a imagem da escultura.
Vim voar aqui pra te desejar um maravilhoso final de semana.
Abraços esmagadores.