6.5.10

Em seara alheia



Navegação

Não avistarei a terra depois desta nua solidão.
Sem luz e sem imagem, o vazio
inventa-me e consome-me
como este sonho cruel que já não é meu.
Não lembrarei os meu olhos, a minha voz, o meu segredo.
Dobrarei os ventos para apagar a minha forma
e adormecerei meu corpo na doçura terrível do esquecimento.
Não avistarei a terra nem este mar lembrará que existe.
Nenhuma solidão lembra o seu regresso
se dela parte e ela é o seu único destino.


Marta López Vilar
In: La palabra esperada. Versão portuguesa de Marta López Vilar. Madrid: Hiperión, 2007

38 comentários:

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

porque será que a solidão é nua?

bonita escolha.

beij

Marta Vinhais disse...

Nua e crua a solidão...
Um deserto....
Boa escolha...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

~*Rebeca*~ disse...

Solidão...

... sem vestimenta...

... sempre é mais forte de ser sentida.

Beijo imenso, menina linda.

Rebeca

-

Pena disse...

Estimada e Sensível Poetiza de sonho:
Um "navio" à deriva sem significação pela solidão, o vazio, que parece naufragar em águas profundas.
Um poema doce na "navegação" das ideias deslumbrantes e de palavras harmoniosas e delicadas.
Fantástico. Adorei.
Mais um poema para não esquecer.
Beijinhos amigos de parabéns sinceros.
No maior respeito, admiração e consideração.

pena

Bem-Haja amiga, pela fantástica poetiza que é.

partilha de silêncios disse...

Gostei muito da sua escolha, obrigada pela partilha.

beijinhos

manuela baptista disse...

assim a navegar

sou o fantasma
de um barco
que sou eu
bolinando
a solidão despida
em cada mastro

.

Marta, navegadora de palavras!

um abraço à Graça

Manuela

segredo disse...

A solidão...quantas x nos sentimos nessa solidão k custa,faz sofrer...?
Beijinho de lua*.*

Virgínia do Carmo disse...

Muito bonito, ainda que de uma tristeza comovente...

Um abraço

São disse...

Mais uma vez te fico grata por me dares a conhecer poesia de qualidade.

Bem hajas!

maría nefeli disse...

Muito obrigada, Graça...
Um beijo

CamilaSB disse...

A solidão é escassa em conforto e rica em sofrimento...há destinos que são inevitáveis. Parabéns pela escolha do poema que vem ao encontro da solidão de cada um de nós...muito profundo! Grande beijo e obrigada pelas palavras bonitas!

"Sonhos Sonhados" e "Os Filmes da Minha Vida!" disse...

KERIDA GRAÇA

...preciosa escolha!

...a Palavra linda
e
harmoniosa,
de mãos dadas com um tema triste.

xis létinha

João Videira Santos disse...

Um poema com um final...arrebatador! Gostei!

Unknown disse...

Poema difícil de comentar, fico sem palavras, tanto o vazio e o nada em que se dissolveu o barco da navegação em que o ser deixou de ser arrais, e também o mar dixou de ser mar, e não sabemos nada das palavras que ficaram.

Úrsula Avner disse...

Oi Graça,

bonito e reflexivo texto que você escolheu para a postagem... Agradeço seu carinho lá no Maria Clara... Bj e um ótimo fim de semana.

Victor Oliveira Mateus disse...

Neste livro da Marta a nostalgia e a dor (veja-se o poema de Adriano) são vividas com uma grande acalmação, direi mesmo: com uma grande serenidade, só uma poeta madura e com grande capacidade de olhar o mundo das paixões, consegue este distanciamento, esta apaziguada forma de dizer...
Boa escolha, minha amiga!
Beijos para ti e para a Marta - duas poetas que admiro.

Anónimo disse...

Atrevo-me ainda,
A escrever sonhos na areia,
Sei o mar os vai levar,
Mas vai que um dia
Alguém os encontre!

Santaroza

Feliz FDS.....Beijos poéticos!!

ausenda hilário disse...

São de vidro os olhos da solidão, para além da transparência apenas o vazio!

Bonita esta partilha!!!

beijo

teresa p. disse...

Navegação solitária...
Um belíssimo poema de uma autora que não conhecia. Parabéns!
Beijo.

Paula Raposo disse...

Bonito poema! Não conhecia. Obrigada pela partilha, Graça.
Beijos.

Licínia Quitério disse...

"Nenhuma solidão lembra o seu regresso". Belo poema. Obrigada pela revelação.

Beijinho.

José Ángel García Caballero disse...

boa traducção e belo poema...
um beijo

Adriana Riess Karnal disse...

adoro s poetas portugueses q falam do mar...

vieira calado disse...

Não conhecia a autora.

Obrigado por trazê-la aqui.

Beijoca

Anónimo disse...

gostei muito, graça. um beijinho grande para si.

De Amor e de Terra disse...

Desolação, desilusão total, são os sentimentos que este poema me inspira.
Tristes mas Belos, como tanta coisa triste, como Chopin...mas que fazem vibrar meu coração e minha alma, apaixonada por Outonos e sonatas.

Bjs.
M.M.

© Maria Manuel disse...

um poema de solidão e ânsia de esquecimento. não conhecia e agradeço a partilha.

beijo grande, Graça.

Nilson Barcelli disse...

Navegação sem retorno.
A de todos nós, de resto...

Querida amiga Graça, parabéns pela excelente escolha que fizeste (embora eu prefira ler os teus poemas quando aqui venho...).

Bom resto de semana, beijo.

tecas disse...

Solidão nua e crua num belissimo e sentido poema.
Poesia de qualidade.
Obrigada Graça por partilhar esta solidão...
Beijo amigo
Tecas

Mofina disse...

Mais uma escolha perfeita...

Beijinhos

A.S. disse...

Graça...

Belo poema!
A pior das solidões é aquela que se sente apesar de acompanhados...

Um beijo meu...
AL

Daniel Hiver disse...

Todas as formas de solidão nos fazem sentir completamente nus.
Mas a pior forma de nudez é quando nos roubam as roupas e não queremos mais sair de dentro de nós mesmos. Então a solidão do quarto pode arder, pode corroer, pode nos fazer tardar por um espaço de tempo indeterminado.

Valdecy Alves disse...

Amigos poetas blogueiros, parabéns por utilizarem a internet como forma de dividir com o mundo o seu pensar, o seu compreender, desempenhando a missão do poeta que é se afirmar como ser humano, sobretudo perante si mesmo, captar os arquétipos coletivos de sua época e princípios universais, permitindo após compreender-se ou não compreender-se, que pela sua obra os da sua época tenham referência alternativa para fazer a leitura do mundo e as gerações posteriores entenderem a própria história da humanidade. Tudo temperado pelo sonho, pela sensibilidade e pela utopia. PASSOU A ÉPOCA DE ESCREVERMOS E GUARDAR NA GAVETA NOSSAS CRIAÇÕES DEPOIS DOS MAIS PRÓXIMOS FINGIREM TER LIDO PARA NOS AGRADAR. Através do meu blog quero aprensentar-lhes a video-poesia, que usa várias linguagens de uma só feita, a serviço do texto. Se gostar divulgue e compartilhe com os seus contatos. Acessar em:

www.valdecyalves.blogspot.com

Manuel Veiga disse...

comovente solidão...

"adormecerei meu corpo na doçura terrível do esquecimento..."

arrepia e enternece.

beijo

Regina Figueiredo disse...

Gostei do seu blog, das poesias..sentidas...Parabéns pelas escolhas!

Tania Anjos disse...

Graça,

pelo amor de Deus...

Te ler acelera meus batimentos cardíacos!!

Gostaria de ter escrito este teu poema... Senti na alma cada verso.

Bravíssimo!!

Emoção igual, só ao ler Florbela Espanca.

Grande abraço.

avlisjota disse...

"o vazio
inventa-me e consome-me
como este sonho cruel que já não é meu."

Lindo...

José

maré disse...

a arqueologia da nua solidão
que nos é foice
e circular destino

lindo e terrivelmente lúcido

___

um grande beijo minha querida amiga