Olhas para além dos barcos
Para o meu irmão Zé Pires
Instáveis como as sombras, as nuvens
perpassam o teu olhar carregado de melancolia.
Olhas para além dos barcos
e lembras o velho Santiago de Hemingway.
A dor não abate um homem, ele o dizia,
com as mãos escorrendo sangue
de tanto ser puxado pelo peixe
que o prendia ao mar.
Na continuidade dos remos,
todos os tons de azul envolviam
o mesmo horizonte de água, a mesma sede,
o mesmo silêncio, o mesmo sonho.
Graça Pires
2012