Quero guardar no interior das mãos
a esquiva
cintilância das manhãs inadiadas.
Quero palavras
com punhais de raiva
a ferir o
grito dos cumes,
a riscar o
ventre da neve com minuciosas unhas.
E viro do
avesso o manto do olhar
para chegar à Montanha
Mágica
quando Hans Castorp fazia um esforço
para
ver e deparava com o nada,
o remoinho branco do nada.
Graça Pires
De A incidência da luz, 2011
Graça Pires
De A incidência da luz, 2011