13.3.13

Procuro as tuas mãos. Procuro a tua voz



À memória da minha mãe

Viajo com a respiração do mar
agarrada ao tecido do peito.
Foi o vento que rasgou os ombros da noite
e a boca dos marinheiros alagada de azul.
Procuro as tuas mãos.
A recolha das redes prendeu os meus dedos às fragas.
Em contraluz o voo das gaivotas
encheu-me de sal os lábios e a língua.
Procuro a tua voz.

Graça Pires
De A incidência da luz, 2011