14.11.16

Não tem limites

Jean Dieuzaide

Não tem limites a cúmplice desordem
das cidades onde resistimos
ladeando de argila
as janelas das casas
para que o ferrolho do ruído
não abra uma ferida
nas paredes brancas
em que um extenso silêncio se instalou.

Graça Pires
De Uma claridade que cega, 2015

55 comentários:

chica disse...

Profundo olhar esse.Linda poesia! bjs, chica e tudo de bom!

Agostinho disse...

"A cúmplice desordem das cidades"...
Por mais ferrolhos, por mais muros que se interponham, a brancura original está manchada pela nossa mão. Irremediavelmente?
A impotência do barro, nós, o barro dividido entre os de dentro e os de fora da janela?
A Poeta ao editar este poema, já com algum tempo, prova a intemporalidade da poesia. Ele interpela-me com uma frágil janela.
Bj, amiga Graça.

Cidália Ferreira disse...

Pequeno mas profundo e verdadeiro!




Beijo e uma excelente semana.

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Marta Vinhais disse...

O Mundo e a sua desordem... Entra pelas janelas e corrompe... O tempo e o silêncio e arrasta mágoas...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

CÉU disse...

Olá, minha querida Graça!

Diga-me tudo o que tem feito por estes dias. Não ligue, pke não é nada disto k pretendo escrever. Enfim, são as minhas divagações, mas já não me "curo".

Pois, tem toda a razão, pke a escrita da menina (ora, mora na Linha, portanto, este termo, assenta-lhe que nem uma luva -rs) é de tanta qualidade e assim, a modos que filosófica com verdades, que fico "à nora" para comentar o k escreve.

A desordem das cidades é fruto de mta coisa, de mtos fatores, e vamos continuar a resistir, umas vezes com "ferrolho", outras sem, pke o silêncio, por vezes, precisa de ser agitado, sana e inteligentemente, o k é raro acontecer, acrescento.

Agradeço a sua visita e comentário, sempre, mas sempre na "mouche".

Beijos e dias de muita luz

CÉU disse...

Esqueci-me de falar sobre a foto, pintura, não sei, que encima o seu poema.
Gosto mto de janelas e portas, gosto, e em tons de preto e branco, ainda mais.
A imagem encaixa-se, perfeitamente, nas suas palavras.

Espero, num destes dais, ler um poema de amor, seu. Posso meter a "cunha" (risos)?

Beijo com estima e afeto.

" R y k @ r d o " disse...

As janelas da nossa vida
Que nossas cidades compõem
Por vezes são a partida
De imagens de vida, sem vida
Que a nossa vida destroem
.
Deixo amizade e carinho

Tais Luso de Carvalho disse...

Nada é mais limitado, a desordem das cidades entra saltitando pelas frestas, não há trancas ou isolamentos que aguente tanta arruaça, tanto espíritos em desavença.
Que linda janela... você tem um gosto bem refinado, amiga.
Um beijo, belo poema!

LuísM Castanheira disse...

Graça Pires:

o tempo é agreste e sem memória.
e os ventos sopram, em falsa normalidade, com remoinhos imprevisíveis.
este é o clima, literalmente, que nos assola.
"todo o tempo é tempo de mudança", como diz o poeta, mas só não sabemos, com as escolhas que fazemos (ou não fazemos), que mundo criamos e para onde caminhamos.
vivemos, aqui no ocidente, setenta anos duma paz relativa.
agora, uma nova ordem mundial está visível, pondo em causa os progressos alcançados.
a europa não está nada preparada para isto.
dúvido muito das capacidades destas lideranças, que teem falhado sistematicamente na resolução dos problemas surgidos.
esta europa que se cuide, pois vai enfrentar grandes desafios.
vamos olhar mais para o nosso "quintal", e esquecer o do vizinho, esquecendo que o bem dele é, também, o nosso.

o sonho ainda é possível...

gostei muito que tenha, neste momento de incertezas, partilhado este lúcido poema. obrigado.

um beijo, minha Amiga e uma semana de paz interior.

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, linda imagem, pela janela entra o ar e luz sem limite, faz o equilíbrio da desordem das cidades.
Feliz semana,
AG

deep disse...

Bonito texto, Graça. :)

Boa semana. Beijos

Roselia Bezerra disse...

Boa tarde, querida Graça!
Gosto de imagens assim para fotografar e poetar, como vc fez muito bem!
Bj muito fraterno

Arroz Di Leite disse...

Boa tarde Graça,

Bem verdadeiro. Um bom começo de semana.

Beijokas,

Tânia Camargo

Mariazita disse...

Não há barreiras que se possam levantar quando o ruído se quer instalar – rimei, sem querer.
Assim acontece com o nosso interior. Queremos isolá-lo de perturbações externas, mas os muros que levantamos apenas nos permite um intenso silêncio.
Gostei muito deste seu texto poético, amiga Graça.
A imagem está em perfeita sintonia com as palavras.


Votos de uma semana muito feliz.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

Simone Felic disse...

E assim vamos vivendo a realidade que passa por entre
as janelas que por vezes nos conquistam por
vezes nos decepcionam.
Bjs e boa semana.

http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

Cadinho RoCo disse...

Maravilhoso contraste de palavras.
Cadinho RoCo

São disse...

Silêncio, sim, mas prenhe de sons...

Beijinhos e feliz semana , amiga

Nequéren Reis disse...

Lindas palavras amei, tenha uma semana abençoada e obrigado pela visita.
Blog: https://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br/
Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM

Mar Arável disse...

Portas abertas janelas escancaradas
Um belo equilíbrio na assimetria
Bjs tantos

Alfredo Rangel disse...

Linda e triste, Graça, como a própria vida. Todo o cuidado para manter o ferrolho não desperto,
para que a vida seja forte. Beijo!

Fê blue bird disse...

Nas cidades, o silêncio e a solidão perduram minha amiga.

Um beijinho e boa semana

Luis Eme disse...

Pois não, Graça...

abraço

Sinval Santos da Silveira disse...

Oi, querida Amiga, Graça Pires !
E tudo isto para preservar a intimidade
do ambiente.
Belíssimas observações poéticas !
Uma ótima semana e um carinhoso abraço,
aqui do Brasil.
Sinval.

Toninho disse...

E quando se percebeu as grades nos isolaram do mundo.
Gostei muito da iustração e o que a ela representa.
Abraços com carino.
Bjs

Victor Barão disse...

Os paradoxos da vida, em poucas, belas palavras!

Cumprimentos, com votos duma feliz semana

Isa Sá disse...

Para refletir...


Isabel Sá
Brilhos da Moda

Magia da Inês disse...

✿゚ه° ·.
Cada vez mais vivemos trancados em nossas próprias grades!...
A fragilidade não é das janelas... é nossa e de como deixamos a vida chegar a esse ponto!...
Você tem uma visão aguda para ver a vida, mesmo poetizando.
Boa semana, com tudo de bom!
Beijinhos.

⎝❀ه° ·.

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

É da relatividade
De cada ponto de vista
Que o observador avista
A sua realidade.

Realmente a claridade
Cega sem deixar uma pista
Nem do espaço que dista
A mentira da verdade.

Einstein foi sábio, diria.
Quando se ama, a luz do dia
É clara e não a vemos, pois.

Quando se ama, há a magia
De um outro Sol que alumia
Verdade só para os dois.

Abraço amigo e fraterno. Laerte.


As Mulheres 4estacoes disse...

As cidades possuem seus próprios ruídos, que por vezes vem perturbar nosso desejo de quietude.
Abraço.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

as cidades todas diferentes todas iguais
essa desorganização que fala também se remete a nós
à mão do homem
e seus sentires
mais um belo poema curto e tão grande na sua mensagem
a foto muito bem escolhida e igualmente muito boa
boa semana
beijinhos
:)

Ana Paula disse...

Teu olhar para essa imagem, ao mesmo tempo tão pesada ou mesmo tão leve e cheia de poesia, transborda em belas palavras!
Beijo!

Meri Pellens disse...

O silêncio do comodismo, que prefere não sair da sua área de conforto em prol de uma ordem social mais justa. Lindo poema, Graça!
Bjk.

Ana Tapadas disse...

Ah, Graça, como sabes falar desse silêncio pesado!

Beijo

teresa p. disse...

Uma lúcida metáfora à vida das cidades. Desordem e ruído, a contrastar com "um extenso silêncio" e muita solidão.
Lindíssimo o poema e, também, a foto que o ilustra.
Beijo.

Ailime disse...

Boa tarde Graça,
Um poema magnífico!
A “desordem nas cidades” e cada vez mais a nossa incapacidade para resistir ao caos que tantas vezes fere o silêncio que abrigamos.
Beijinhos e continuação e boa semana.
Ailime

Teresa Durães disse...

Cidades que nos matam. Lindo!

Lucinalva disse...

Boa tarde, Graça
Lindo poema, abraços.

Bea disse...

Confusão, muito betão, ruído e mais sei lá o queê nas cidades. MAs eu dou-me bem com isso. Sou uma moça de cidade agitada. e nasci em cidade pequena. Estranho não é?

manuela baptista disse...

as casas têm uma voz

por isso dizemos voltar a casa e escondemo-nos da desordem da cidade


um abraço, Graça

Suzete Brainer disse...

Um excelente poema crítico sobre o isolamento e uma
certa desolação que as metrópoles provocam na
vida das pessoas.

Um bom final de semana, Graça.
Um beijo.

ManuelFL disse...

Este poema evidencia um exímio trabalho sobre as palavras – cúmplice desordem, ferrolho do ruído, extenso silêncio. Deste modo a poeta, ao “fabricar” as nossas emoções, cria um entendimento que vai para lá do entendimento. Isso é arte poética, para ser amada e partilhada.
A foto com a janela é espantosa, desassossega, inquieta. Tal como o poema.
Beijo, Graça

Daniel Costa disse...

Verdade que não tem limites de se estender não, bem vistas as coisas, o progresso ditado pela globalização progressiva dita abandonos, que para mitigar nos refugiar na poesia.
Agradeço que veja, leia e comente BRASIL - O SORRISO DE DEUS.
ALAGOAS, A GUERRA COM OS HOLANDESES E O QUILOMBO DE PALMARES

Bjs

Edith Lobato disse...

Poema maravilhoso. Parabéns pelo trabalho, foi um prazer a leitura.
Belo dia.

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, desejo-lhe feliz fim de semana,
AG

Catarina H. disse...

Deve ser por isso que cidades para mim, só em visita.
Poema sublime!
Beijinhos e bom fim de semana!

Jaime Portela disse...

E há que resistir...
Mais um excelente poema, gostei imenso.
Bom fim de semana, querida amiga Graça.
Beijo.

Ana Freire disse...

E as cidades, por vezes, conseguem isso mesmo, em nós... silenciar-nos com o seu ruído!
E como muito bem, diz o Jaime... há que resistir!
Um belíssimo poema, Graça! Mais uma vez, de uma profundidade e alcance notáveis!
Beijinho! Bom fim de semana!
Ana

AC disse...

Um silêncio agitado, um prenúncio de maus desígnios...
Sempre oportuna, Graça, nunca descurando o talento.

Um beijinho :)

Maria Eu disse...

A crueza da cidade e, ao mesmo tempo, a atracção que exerce sobre nós.
Belíssimo, Graça!

Beijos :)

Poções de Arte disse...

Nos isolamos cada vez mais para tentarmos ficar seguros e nisso, gritamos por dentro.
Belo poema, bela imagem.
Abraços e feliz semana.

Graça Alves disse...

O que admiro em si é o casamento perfeito entre o belo e o sentido. Para mim, é isto a poesia!
beijinho, Graça!

Lourdinha Vilela disse...

Belíssimo e profundo o seu poema. É clara a nossa cumplicidade na desordem das cidades , quando simplesmente fechamos nossas janelas e silenciamos. Covardemente.
Grande poema. Um abraço Graça.

Odete Ferreira disse...

Fantástica criação poética sobre a solidão e a indiferença humanas, sobretudo nas grandes urbes!
Sim, todos somos cúmplices!
BJ, Graça ☺

Teresa Almeida disse...

Uma cumplicidade perfeita entre ideia e imagem.
Criação poética assertiva.
Beijo, Graça.

Cadinho RoCo disse...

Inspiração deliciosa
Cadinho RoCo