18.6.17

Mulher com camisola preta

Amedeo Modigliani

Já não possuo a voz de outrora,
quando repartir o pão
era um gesto maternal
e os filhos me pediam os olhos
para poderem adormecer.

Com os pulsos abertos
a qualquer aflição
manejo, como sei,
o sulco invisível da luz.

E sei-me rodeada por um rio
gemido até à secura.

Graça Pires
De Fui quase todas as mulheres de Modigliani, 2017

50 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Adorei!

Bom Domingo
beijos

chica disse...

Lindo, tocante,Graça! bjs, chica

José Manuel Vilhena disse...

Sensibilidade e inteligência, nesta série extraordinária sobre os modelos femininos(agora também nossos...?) de Modigliani!!!
bj e sinceros parabéns

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Magnifico poema muito bem ilustrado pela pintura do mestre Modigliani.
Um abraço e bom Domingo.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Aline Goulart disse...

Uma poesia que traz um encanto admirável.
Obrigada por compartilhar esse seu lindo trabalho "Fui quase todas as mulheres de Modigliani".
Beijinhos estalados...

Célia disse...

Verdade explícita das fases da vida...
Abraço.

Marta Vinhais disse...

A solidão... as memórias... o tempo....
Mas a voz continua forte... ainda se escuta....
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Tais Luso de Carvalho disse...

Muito bonito, e emoldurado por Amedeo Modigliani só podia ficar assim, uma pérola!
Beijo, querida Graça, uma feliz semana!

Emília Pinto disse...

Hoje a " camisola é preta, o coração está triste, sem cor; já nada é igual, nem a " voz", nem as mãos que " repartiam o pão e os olhos...já os filhos não os pedem para adormecerem, mas...o coração está lá inteirinho pronto e " aberto" a qualquer aflição; é uma mulher, uma mãe, uma amiga que , forte e firme de vontade ali estará, olhando o rio atenta a qualquer " gemido " ; nada será como outrora, não será ela, não serão os filhos , não será o rio e nem será a camisola, mas uma coisa não mudará.... a sua vontade firme de olhar o rio até que ele seque.
Revi- me nesta mulher, mesmo hoje não vestindo camisola preta, mas já vesti essa cor e não sou capaz de imaginar a cor que usarei daqui a alguns instantes, a cor que me vestirå amanhã, se o tiver
Querida amiga, obrigada pelo belo momento onde nos retratas mais uma mulher, uma mulher que pode ser cada uma de nós. Beijinhos e que o negro não te vista o coração, que fique só na camisola.
Emilia

Luis Eme disse...

Estou a adorar as tuas mulheres de Modigliani.

abraço Graça

PROFESSORA LOURDES DUARTE disse...

Amiga Graça, uma pérola de poesia, para emoldurar lembranças guardadas no coração. Abraços, um anoitecer feliz e um amanhecer para um início de semana de muita paz e saúde. bjuss

RN disse...

Adorei! Dentro de cada mulher há sempre várias mulheres que com o desenrolar do tempo e da vida vão tendo o seu papel principal.
Boa semana, beijinhos.

Franziska disse...

Sentimientos femeninos se enlazan con la imagen del gran pintor y los acertadísimos versos que esta imagen ha inspirado. Me han encantado. Saludos muy afectuosos y cordiales. Franziska

Benó disse...

A voz pode não ter a mesma limpidez de outrora mas tem, seguramente, o mesmo querer do sulco invisível da luz.
Um abraço e uma boa semana cheia de poesia.

Graça Sampaio disse...

Muito bom!!

Muito dorido como o dia de hoje...

Beijinho.

Nadine Granad disse...

Oi, Graça!

Que lindo!!! Sensível, delicado... as palavras nos tocam!

Beijos! =)

Mirtes Stolze. disse...

Boa noite querida Graça.
Minha amiga muito lindo, uma poesia tocante. Uma feliz semana. Grande abraço.

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

A cor, faz a diferença?
Parece que não, mas sim!
Faz a diferença assim
Como glamour ou doença...

Preto... No preto há a crença
Que essa peça em cetim
Seduza. Eu tiro por mim
Não ser o que o povo pensa.

Sedução é a cor-de-rosa
Ou branco que sempre goza
De pureza e de meiguice

É cor da mulher dengosa
Que se exibe e só de prosa
E posa com essa meninice .

Grande abraço. Laerte.

Victor Barão disse...

Um eterno mistério, um eterno poema: as mulheres.

A ler, logo que possível, em "Fui quase todas as mulheres de Mondigliani"

Beijo e boa semana

Nequéren Reis disse...

Super sentimental, obrigado pela visita.
Blog:https://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br/
Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM

Louraini Christmann - Lola disse...

Bah, até já me vejo um pouco assim.
Antevejo o futuro, enfim...
E não temo.
Amo!
Esta poesia até me ajudou nisso.

abraço
Lola

AvoGi disse...

Tão fui uma das mulheres
Kis :=}

José Carlos Sant Anna disse...

Oi, minha amiga Graça,
este poema me fez rever o Retrato de Cecília Meirelles.
Tão poética a sua transfiguração, tão mais nostálgica a de Cecília. Em ambas a poesia pede passagem sem sair de dentro de cada leitor.

Retrato, Cecília Meirelles

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Uma boa semana, Graça!


Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Cadinho RoCo disse...

O preto da camisola na luminosidade de versos impecáveis a me colocarem em meditação ouvindo a www.hellowebradio.com ... você.Vem!
Cadinho RoCo

Daniel Costa disse...

Graça Pires
Que beleza de poema e de ilustração!... Confesso-me admirador da desta forma de poesia, talvez clássica, mas bem bonita.
Beijos

Laura Ferreira disse...

que bonito, Graça!

Parabéns e uma boa semana!

Aleatoriamente disse...

Graça querida, te ler um presente sempre.
Você tem o dom de poetizar ao redor .
Um beijão

Majo Dutra disse...

Quanta nostalgia, pesar e solidão na «Mulher com camisola preta»!
Excelentemente expressos no teu brilhante poema.
Beijinhos, estimada Amiga.
~~~~

Sinval Santos da Silveira disse...

Querida Poetisa, Graça Pires !
Fico enamorado ao ler os teus lindos
versos, sempre com sabor de "quero mais".
Parabéns e, como de costume, um carinhoso
abraço, aqui do Brasil !
Sinval.

Maria Glória disse...

Olá Graça!
Lembro de ter assistido um filme sobre a vida de Modigliani. E aqui encontro sua obra em versos. A beleza não é limitada, é pura expansão. Adorável, Graça.
Uma boa noite, com muitos beijinhos do outro lado do Atlântico.

Teresa Almeida disse...

Tenho esta, tenho-as todas. São de Modigliane e tuas.

E, de cada vez que leio um poema do teu livro, encontro mais um acrescento de poesia e beleza.

Folhear é sentir mais intensamente.

Beijinho, amiga.

Ailime disse...

Boa tarde Graça,
Que poema tão belo!
Recordações de gestos e olhares que hoje a voz já não acompanha.
Apenas o rio, sempre o rio, a extravasar emoções.
Beijinhos minha Amiga,
Continuação de boa semana.
Ailime

Zilani Célia disse...

OI GRAÇA!
RECORDAÇÕES, DITAS DE MANEIRA TÃO BELA QUE NOS PENETRA A ALMA.
AVRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Graça Alves disse...

Lindo do princípio ao fim este livro.
Aconselho vivamente a sua leitura.
beijinho, Graça e que continue assim a deliciar-nos

Pedro Luso de Carvalho disse...

Um poema que exige muito do leitor. Terá ele que ir próximo à alma da poetisa, para melhor senti-lo. Belo poema, querida amiga Graça.
Um beijo, Pedro.

Blog da Gigi disse...

Linda quarta-feira!!!!!!!!!! Beijos

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

mas ainda existe a ternura

e se o tempo deixa marcas, também cria sabedoria.

muito belo, como sempre!

beijinhos

:)

Odete Ferreira disse...

Não sei o que sentiu A. M. ao pintar este retrato. Mas sei que a poeta manejou, com precisão, a palavra para retratar a Mulher que se cumprirá sempre...
Belo, muito belo!
BJ, Graça

Fá menor disse...

Lindo poema!

O tempo passa
e desgasta
como água de um rio correndo
corroendo tudo à sua passagem.

Bjo

Ana Freire disse...

Assim é a vida de tanta gente, de facto... um gemido até à secura...
Extraordinário trabalho, Graça... com a sensibilidade e o realismo, bem presentes!
Beijinho! Bom fim de semana!
Ana

Jaime Portela disse...

Mais um excelente poema.
Parabéns pelo talento constante que os teus poemas exibem.
Bom fim de semana, amiga Graça.
Beijo.

Mar Arável disse...

Há mulheres vestidas de noites que despertam madrugadas
Bj

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, a pintura de Amedeo Modigliani é maravilhosa, de preto ou de encarnado a vida vai-nos tirando as faculdades lentamente, em compensação dá-nos a sabedoria, o poema é lindo.
Feliz fim de semana,
AG

Silenciosamente ouvindo... disse...

Amiga, só poderia ser o preto, pelo momento
que o nosso país está a passar.

Continuo na Irlanda e a acompanhar o que se
passa em Portugal. A m/tristeza é imensa e
muito tenho chorado.

Vale-me estar com os m/pequenos da família
e esta frescura da Irlanda.

Desejo que a amiga se encontre, dentro do
possível bem.

Um bj.
Irene Alves


Maria Glória disse...

Graça, boa noite!
Agradecida pela sua visita em meu blog.
Aproveito para desejar-lhe um bom final de semana e deixar um forte abraço.

ManuelFL disse...

Neste poema a Graça dá-nos a ver esta mulher com camisola preta a repartir o pão, gesto cheio de simbolismo, sulco invisível da luz.
Beijo.

teresa dias disse...

Olá Graça!
Que poema lindo, lindo!
Fiquei com vontade de "devorar" o livro.
Sucesso, beijo e bom fim-de-semana.

manuela baptista disse...

o preto, a ausência de luz

apenas na camisola, porque a mulher, mesmo voz a gemer, é luz


um abraço, Graça

Agostinho disse...

Da camisola
talvez o preto não seja
já o tempo fatal
que nos mingua o caudal
Quem sabe se posso ainda tingir
no mínimo fingir
vesti-la de outra cor
e do gemido brote amor?

Bj, Graça.

lis disse...

Oi Graça
Ficaria por aqui a ler-te silenciosamente, como gosto!
Tanta beleza nas palavras! tanto gemido ora de alegria ora de dor.Todos necessários.
Beijo