11.3.19

Um lugar para morrer



Naquele mês espalhara-se a insólita notícia
da vinda de andorinhas brancas
trazidas pelos ventos do deserto.
Todas as mulheres subiram às colinas
mais íngremes abandonando as casas,
dias a fio, com o corpo envolto em panos negros.
Tinham pressentido,
no lentíssimo movimento do voo, que cada ave
procurava apenas um lugar para morrer.

Graça Pires
De Uma vara de medir o sol, 2018, p. 62

68 comentários:

Maria Eu disse...

Talvez as andorinhas sentissem as dores das mulheres de negro.

Lindo,Graça!

Beijo e uma boa semana. :(

chica disse...

TRISTE,MAS LINDO POEMA! GOSTEI! óTIMA SEMANA! BEIJOS, CHICA

Cidália Ferreira disse...

Poema profundo!
AMEI!

Beijos e um excelente dia!

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Lindo, belo poema de que gostei bastante e aproveito para desejar uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

teresa dias disse...

MARAVILHOSO!!!
«Mulheres envoltas em panos negros... andorinhas à procura de um lugar para morrer...»
Parabéns, senhora poeta de uma sensibilidade sem limites.
Beijo, querida amiga.

Marta Vinhais disse...

O destino escreve nos panos negros... e as andorinhas fossem a verdade escondida...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

carlos perrotti disse...

A melancolia pode ser beleza nos olhos do poeta. Adorei.

Un grande abraço amiga Graça!!

lanochedemedianoche disse...

Profundo poema de blancas y negras vidas, que nos habla de sueños y de amor.
Abrazo

mz disse...

Sensíveis são as mulheres que sabem ler o que os ventos trazem.

Beijinho

Marco Luijken disse...

Hello Graça,
Great how you could write these new words again. Wonderful.
And the picture above is very nice too.

Big hug, Marco

José Carlos Sant Anna disse...

Na "insólita notícia" se inscreve o caráter do silêncio, da intuição, da força dos "ventos do deserto" e do próprio espaço habitado pelo homem, revelando à sua maneira como pode ocorrer a aquisição de um saber. E nele nos fundimos, nos absorvemos e até nos identificamos.
Belo poema!
Um beijo, amiga Graça!

Mar Arável disse...

Estamos sempre a desnascer
as andorinhas também
Aqui nidificam 3 vezes
Bj sempre

A Paixão da Isa disse...

nao conhecia brancas mas o teu poema esta lindo mt sentimento bjs

Ailime disse...

Boa noite Graça,
Um poema muito belo e profundo.
Mulheres "com o corpo envolto em panos negros" a pressentirem regressos tardios com a sensibilidade de quem já sofreu desditas.
Um beijinho minha Amiga e Enorme poeta.
Desejo-lhe uma boa semana.
Ailime

JUAN FUENTES disse...

Los vuelos de las aves,nos puede hacer ver la pequeñez de las personas

JUAN FUENTES disse...

Los poemas son los sentimientos de un poeta

Lídia Borges disse...


Mulheres e andorinhas, a branco e negro!... Como voam juntas!

Um beijo

Lídia

Manuel Luis disse...

Parece um filme, resumido em poesia. Fiquei a pensar mesmo, naquelas cenas.
Bjs

Agostinho disse...

A Poeta faz a transmutação das cores. A depuração intuida no deserto vem resgatar o luto das asas cortadas.
O poema não o diz, mas suspeito, que a cada andorinha no peito aninhada corresponde uma mulher resgatada.

Bj, Amiga Graça Pires.

Nal Pontes disse...

Bom ter um lugar para descansar😪💤. E até morrer descansar desse mundo tão mau. Interessante esse tema. Bem reflexivo. Amei a visitinha. Bjs

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de paz, querida amiga Graça!
Foi tão bom passar por aqui!
Um lugar bom para morrer para o que não seja bom, assim li, amiga.
Alçar um voo para longe de tudo que não nos faça crescer como pessoas.
As aves ficam agitadas quando prossentem algo estranho no ar...
Que não nos vistamos com luto tristezas!
Que retomamos com paz às cores da alegria serena!
Seu poema me fez rezar, querida.
Obrigada por este momento.
Tenha dias felizes e abençoados por Deus!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
🙏🙏🙏

manuela barroso disse...

Mulheres e andorinhas . Uma combinação perfeita de delicadeza e carinho pelo lar e ainda uma certa sensação nostalgicamente bela , como é próprio de ti
Terno abraço , Graça ❤️

baili disse...

Oh this is grave and touching dear Grace !

you looked at the delightful change of weather and sights so profoundly
blessings!

Isa Sá disse...

A morte...uma palavra assustadora...

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Ana Paula disse...

Encantador esse poema!
Arrebatou-me e marejou meus olhos.
Lindo esse dom de tocar os corações com as palavras.
Beijo Graça.

Jovem Jornalista disse...

Belo texto.

Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia

Lua Azul disse...

Nem toda a gente se preocupa com o que lhe vão fazer depois de morta - tinha um colega que dizia que depois de morto podiam atirá-lo para onde quisessem -, mas toda a gente tem um local preferido para morrer, normalmente em casa. Também podemos morrer sem morrer, por muitos motivos, mas é difícil podermos escolher onde.
Enfim, é complexo.
Bjo
Boa terça-feira.

Sinval Santos da Silveira disse...

Salve, querida Mestra, Graça Pires !
Que privilégio, dar-se à morte uma anunciação,
através "andorinhas brancas", com uma plateia
de mulheres vestidas de negro...
Lindo demais, este cenário, para um espetáculo
de tristeza...
Parabéns, querida Amiga !
Um carinhoso abraço, aqui do Brasil.

Alice Alquimia disse...

Casamento perfeito imagem e poesia.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, Graça!
Sabemos da finitude, querida amiga, mas para mim, apegado
aos animais, às aves, que sou, este teu belo poema tocou-me,
principalmente no seu final:

"Tinham pressentido,
no lentíssimo movimento do voo, que cada ave
procurava apenas um lugar para morrer."


Uma boa continuação da semana, Graça.
Beijo.
Pedro

Manuel Veiga disse...

é necessária "uma vara de medir o tempo" para compreender toda a verdade da transmutação do preto no branco e intuir os ventos do deserto no voo dos pássaros.

todo conhecimento é o "lentíssimo movimento do voo"
em direcção ao "lugar para morrer", sem dúvida

muito belo, Poeta Graça Pires

beijo, minha Amiga

Tais Luso de Carvalho disse...

Que triste, amiga Graça! Fiquei a pensar nessa trajetória, nessa busca...
Eu não tenho medo de morrer, só me inquieta o modo de morrer, gostaria de ir sem dor, em paz...e resignada. Na verdade, não adianta lutar contra. Mario Quintana chamava a morte de "sua doce prometida".
Belo esse poema, dá uma sacudida na alma...
Beijo, querida.

Larissa Santos disse...

Poema sublime. Adorei :))

Hoje:- Caminhos da ilusão...

Bjos
Votos de uma óptima Quarta - Feira.

LuísM Castanheira disse...

as cores do luto: brancas andorinhas-do-mar
e negras vestes nas mulheres, a olharem esse traiçoeiro mar...
um drama vivido amiúde na costa portuguesa e aqui expresso
num poema sublime.
gostei muito lê-lo aqui.

um beijo, minha amiga Graça

Ana Tapadas disse...

Muitos escrevem. Eu brinco com as palavras. Tu és poetisa.
Beijinho

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça, bom dia de quarta-feira.
As andorinhas levam
meus pensamentos enquanto
trazem seus versos tão lindos.
Eu leiome releio sem pressa e com
alegria única.
Bjins
CatiahoAlc.

Anete disse...

Fortíssimos versos realistas... A realidade do mundo é mesmo dura!... Sem a Graça de Deus, a vida e a morte são inquietantes...
A imagem é bonita...
Bjs

Maria Luisa Adães disse...

Um lugar para morrer

E meu coração bateu apressado...

Agradeço não desistir de mim
a a conheço há muito tempo
gostei do poema e muito
e me juntei a ele.

Em todas as tentativas que fiz para tentar responder
esta foi a primeira que está igual ao meu tempo de escrever e responder por aqui.

As outras estão diferentes e não sei entrar.
Qual a razão de mudanças sem nexo e sem razões para se fazerem
Tristeza eu sinto!

Beijos e agradeço a beleza de sua presença


Maria luísa Adães

Os7degraus

ManuelFL disse...

As mulheres e os seus pressentimentos…

Beijo.

Olinda Melo disse...

Os pássaros têm uma forma peculiar de anunciar que a natureza está zangada, com voos desordenados. E a romaria das mulheres em luto faz par com essa angústia.

Querida Graça, mais um poema que emociona e que traz uma mensagem, segundo a minha leitura, de que há coisas neste nosso mundo que clamam por mudança.

Beijinhos

Olinda

Ana Bailune disse...

É bonito, e é tão triste...

Luísa Fernandes disse...

Olá Graça!
Belíssimo e interessante poema.
Gostei imenso.
Beijinho
Luisa

Lu Dantas disse...

Oi, Graça. Profundo e real. Cada verso com a sua beleza.

beijos

https://ludantasmusica.blogspot.com

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Talvez não seja assim.
Talvez a morte não seja ainda
ainda nao
ainda não

muito forte e comovente....

beijinhos
:(

teresa p. disse...

Tão bonito, mas tão triste este poema. Os pressentimentos e aflições das mulheres quase sempre se cumprem, e as andorinhas brancas no "seu lentíssimo movimento de voo" indiciavam que procuravam um lugar para morrer.
Também gostei muito da fotografia.
Beijo.

Ana Freire disse...

Um poema belo e profundo... que nos faz pensar... nesse lugar... que também fará parte da nossa vida... até ao fim...
A morte, dos seres que souberam viver... e que até ao seu fim, também souberam escolher o local, onde decidem morrer...
Há animais, que praticam tal suicídio colectivo... e as causas... dão que pensar... mas a coragem do acto... é de respeitar!...
Gostei muito, mesmo, Graça! Beijinho! Continuação de uma feliz e inspirada semana!
Ana

Jaime Portela disse...

É assim a vida...
Excelente poema, gostei imenso.
Graça, bom resto de semana.
Beijo.

Ulisses de Carvalho disse...

É quase um conto que contas, uma bela - e melancólica - imagem criada por tuas palavras. Um beijo.

Menina Marota disse...

É extraordinário este seu livro que não me canso de ler.
Eu que já estive perto da morte (ou julguei estar) adorava saber qual o local onde irei morrer. Talvez para lá colocar girassóis.

Um grande beijo e bom fim de semana

Franziska disse...

Impresionante, bellísimo, ha sido un auténtico placer su lectura y la contemplación de las imágenes porque ay, madre mía, cómo admiro y adoro a las aves. Gracias por compartirlo.

Un abrazo.

Franziska disse...

Acabo de dejar aquí mi comentario y no comprendo por qué me pide que lo vuelva a repetir. Volveré a ver qué ha pasado.

Teresa Durães disse...

Um poema lindíssimo mesmo sendo a escolha de uma morte. Por vezes os animais, como as baleias, escolhem a sua vez. De algum modo invejo-os. Dão sentido à morte. Não o fazem por desespero mas por algo que ainda ninguém compreendeu.

Luis disse...

que é preciso no viver
para se procurar um lugar para morrer?

Daniel Costa disse...

Graça Pires bonito poema de ficção diria. A imagem das andorinhas a ilustrar o poema, devem ser vistas como outro poema a encantar.
Beijos

Zilani Célia disse...

OI GRAÇA!
TRISTE, ATÉ PORQUE, É UM FINAL...
LINDO, AMIGA.
ABRÇS
https://zilanicelia.blogspot.com/

Minhas Pinturas disse...

Graça é um poema cheio de sensibilidade, pressentimentos revelados e compartilhados, e de muita beleza.
Gostei da metáfora das aves brancas, ficou uma bela composição.
Beijinhos, Léah

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça,
Estou passando para
desejar um lindo dia de domingo.
Bjins
CatiahoAlc.

Aline Goulart disse...

Um findar inevitável, mas poético nas mãos certas. Belíssimo!

Uma ótima semana.
Beijinhos.

Lucinalva disse...

Boa tarde, Graça
Lindo poema, bjs querida.

Teresa Almeida disse...

Impressionou-me demasiado este poema, querida Graça! Mensagens fortes e subtis. E a ideia de solidariedade e dor atravessa-o.

Estava convencida que já o tinha comentado.

Beijinhos, minha amiga.

Humberto Maranduva disse...

As mulheres - e só elas - responderam ao apelo da intuição, e, sofridas, buscaram o puro desígnio que se inscreve no branco imaculado do sensível... Mas só a morte nos liberta da angústia existencial, subtraindo-nos de todos os fenómenos no âmbito do nexo universal, depois de se ter diluído o devir da contemporaneidade.
Beijos.

ANNA disse...

Que bonito es precioso tus estradas de estos dias gracias por compartir
gracias por tu vista y aportacion
Te lo agradezco mucho
fiel amiga
Besos

Cléo Gomes disse...

Assim a vida segue...

Bom domingo, linda!

Proseando num dia

JUAN FUENTES disse...

Amar a los poemas y sentirlos son síntomas de cultura

JUAN FUENTES disse...

Amar a los poetas,es una buena forma de adquirir mas culturas

Dan André disse...

Querida Graça, bom dia !
O cenário descrito foi fantástico! A imensidão do mar, se mescla junto ao luto e a dor. Amo sua sensibilidade, inclusive a forma de arquitetar as suas poesias.

Grande abraço,
Dan
https://gagopoetico.blogspot.com/

Mundo Feminino disse...

Olá td bem? Amei seu post,seu conteúdo esta muito bom. Vou acompanhar o blog ,Sucesso :)

Sandra May disse...

Que maravilhoso!!!
Vim aqui pelo link que o Toninho colocou na postagem dele, e estou encantada com sua poesia.
Um abraço!