Carlos Gutierrez
Pelo lado mais intranquilo da luz,
há vozes alheias
que me inquietam as mãos.
Um estranho signo
risca-me no ventre
a feminina morte
de todas as infâncias
em que, sílaba a sílaba,
me procurei na mais espessa
das noites, sem medo de emergir
de qualquer sombra.
Graça Pires
há vozes alheias
que me inquietam as mãos.
Um estranho signo
risca-me no ventre
a feminina morte
de todas as infâncias
em que, sílaba a sílaba,
me procurei na mais espessa
das noites, sem medo de emergir
de qualquer sombra.
Graça Pires
De Não sabia que a noite podia incendiar-se nos meus olhos, 2007
47 comentários:
Muito belo o teu poema...sílaba a sílaba! Muitos beijos.
é da noite riscada de fogo que emergimos.
nela, sílaba a sílaba, morre-se e renasce-se de um parto inquieto.
como um fruto experimentado de primaveras.
_______
um beijo ilimitado querida Graça
Mas por vezes temos medo...
Poema interessante e foto bem escolhida..
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
uma procura que nos faz renascer
"Pelo lado mais intranquilo da luz,
há vozes alheias..."
Há sempre quem fale até sem saber de quê nem porquê.
Esqueçamos isso. Quanto ao poema, gostei muito. Gosto da poesia que nos trazes.
Bem-hajas!
Beijinhos
Estimada Poetiza de sonho:
Pela intranquilidade da luz de vozes alheias você fascina. Claro, que emerge da sombra extraordinariamente e de forma doce. Encantadora num versejar de delicia e fascínio.
Bem-Haja, poetiza de sonho.
Beijinhos amigos de respeito. "Carradas" deles.
Sempre admirá-la e a estimá-la pelo seu valor poético de ouro puro...
pena
Bem-Haja, amiguinha pela preciosidade humana que representa para todos nós, fiéis à bela e linda poesia. A sua.
Fabulosa.
Por vezes o medo chega a ser assustador e tudo nos rodeia e deprime...
Somos crianças, passo a passo, somos fecundos e emergimos no fogo da noite...
Lindo poema, Graça
beijos
José M.Silva
Graça...
Sombra e Luz! o eterno contraste, talvez o último enigma por desvendar...
Teu poema é belo!
Beijos
AL
Graça,
"um estrano signo..."
"sem medo de emergir..."
É lindo o seu poema, como toda a sua escrita. Um beijinho
As tuas mãos inquietas, e esse signo espesso.ainda assim,não temes tuas noites. Lindo, Graça.
A noite arde sem aviso...
Tantas vezes, Graça.
Abraço até ti, grande.
Uma beleza de signo e de sílaba!
sílaba a sílaba sinto o feminino desta ESCRITA.
que me ilumina a "casa".....em noites de calma.
beijo. terno e grato.
Palavras agitadas que emocionam... lindo, Graça.
Noite de luz, menina linda.
Rebeca
-
Sílaba a sílaba
sem medo das sombras
Bjs
Lindo, lindo!
Um beijo.
Sílaba a sílaba, como se destas palavras vertessem tantas outras.
No feminino, sim. No seu mais profundo segredo.
Um beijo, Graça.
Que o medo das sombras não nos tolha!
Muito belo!
Bjs
a luz do olhar da graça que tão bem ilumina os seus poemas :) um grande beijinho.
És uma poetiza sem medo, de facto.
Falas da "morte de todas as infâncias" com a tranquilidade (literária, pelo menos) que te caracteriza.
Excelente, querida amiga, como sempre. Ainda não li um poema teu que achasse bem bom. Só daí para cima...
Beijo.
"...há vozes alheias
que me inquietam as mãos."
Profundamente belo!
Beijo.
por vezes é com algum esforço que deixo por cá algumas palavras. palavras de fraco sentido. outras, saio de mansinho, sem fazer barulho, sem quebrar silêncios: as palavras que aqui nos deixas, geralmente mercem que nos mantenhamos em silêncio, para poderem ser sentidas como merecem.
Nossa! Essa foto é maravilhosa!!!
bjsss
Ás vezes a noite, tem destas coisas...incendeia, por dentro e por fora da alma!
Bj
Maria Mamede
Sempre belos os seus poemas, Graça.
A Senhora fala de um "estranho signo" e eu, que não sou poetisa, falo de crise e de gatos.
Olá Graça
Uma vez mais um lindo poema, aliás, como já nos habituaste.
É um poema algo enigmático, bastante simbólico e, como o próprio título refere, há nele "Um estranho signo".
Intranquilo, inquietante, mas fascinante.
Parabéns.
Beijos amigos
K poema lindo! Vou reler;)
Beijinho de lua*.*
Magnifico poema em que sobressai uma invulgar frase poética" a feminina morte de todas as infâncias"
Fiquei sem palavras...
Bji amigo querida Graça
E há olhares que de noite, também nos incendeiam...
Belo poema.
sombras, luz e medo.
uma simbiose que nos oferece traduzida num belo poema.
beij
Rica e deliciosamente introspectivo.
Síbalas sibilinas nestes sinais a que chamamos palavras.
Bjs
Dos seus poemas, já nem falo...
Desejo-lhe um excelente fim de semana.
A inflexão das leis da Natureza...
Belo poema... bem, mas eu sou suspeita, não é? Há anos que sou tua Fã... ;))))
Beijinhos de saudade e bom fim de semana...
(levei "emprestados" dois poemas para colocar em espaços poéticos, ditos sociais...) :-)))
Bom sábado, Graça.
'...me procurei na mais espessa
das noites, sem medo de emergir
de qualquer sombra.'
Maravilha, teu poema.
"... a luz,eu sei,
em seu percurso me busca
e sempre haverá de me achar..."
(Trecho de 'Sine qua non', um poema meu.)
Grande abraço.
Muito lindo como sempre e denso
Procura-te apenas no instante que vem. Tudo o que passou, passou. E não se pensa mais nisso.
Um beijo.
jc
Olá Graça!
antes de sair para férias passo para lhe deixar um beijinho...agradecer a qualidade do seu blogue e da sua poesia...e se for caso disso que tenha boas férias...
Véu de Maya
transbordante dos íntimos medos no feminino. e das íntimas procuras.
belíssimo. beijo, Graça.
Gostei o poema, mas quanto à foto...é natural ou montagem?
Boa semana.
estive na "maré"....:) encantada!
e tb aqui deixo um beijo....duplo.
:)
terno.íssimo.
até a luz tem um lado obscuro...
gostei, obrigado!
Abraço
Gosto do lado mais tranquilo da luz e gosto do seu poema.
bjs
Suprema inquietação a que encontro sempre aqui.
Abraço com amizade
apenas um pouco de um texto belíssimo que me chegou....e que subscrevo totalmente e encantada---
"...Encosto a cara às quimeras da infância, para exorcizar
a inocência perdida e rodopiar, sobre os sonhos, a valsa
solitária da criança que fui, quando as minhas mãos, nativas
do sol, eram aves de múltiplas cores.
A memória paradisíaca transfunde o corpo no cosmos (mãos = aves), quebrando a cisão entre sujeito e objeto. O universo palpita no sangue do eu lírico e o pulsar humano torna-se o grande fluxo das galáxias, dos cometas, das enchentes e procelas. O universo revela-se com toda vastidão e encantamento para aqueles que o contemplam com olhos ingênuos, puros, libertos das amarras e limitações que a sociedade impõe entre o homem e o mundo. Essa pureza da percepção visual, por sua vez, relaciona-se com o olhar que o homem arcaico estende sobre o universo, um olhar que busca sempre o momento primevo, as fontes de tudo o que existe. De acordo com o Mírcea Eliade, conhecer “os mitos é aprender o segredo da origem das coisas” (ELIADE, 1991, p. 18). Dessa forma o lirismo de Graça é mítico, pois coliga-se às fontes primeiras da existência.
Por outro lado, com grande sensibilidade, essa consubstanciação entre corpo e cosmos motiva poemas em que o erotismo surge como força vital capaz de ordenar o caos da dor e da morte. Eros irrompe, na lírica da poeta portuguesa, como energia telúrica, arrebatamento místico, resgate da sacralidade do amor. Poderíamos afirmar que Graça Pires é exímia poeta do corpo. Em sua obra, através de imagens de grande beleza, o corpo baila enamorado, movido pelos fascínios do outro:
No verão, os mastros têm o brilho
intenso do sal e da água.
E são como as tuas mãos :
levemente inquietas,
levemente acesas,
levemente inocentes.
Não sei o que procuro nos teus olhos.
Talvez uma pretérita adolescência.
Ou um mar.
Ou um barco feito às ondas.
O que digo pode parecer paradoxal.
Encostada ao passado,
o coração tornou-se-me tão frágil
e, simultaneamente tão cruel.
Mas os teus olhos,
os teus olhos perpetuam nos meus
a claridade das manhãs,
a chegada dos pássaros
e este estranho fascínio de te amar.
......"
beijo . A
Graça.
(piano)
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