De costas para o meu rosto
as papoilas devassam as sombras
e assinalam o destino de um grito.
Um grito alucinado que evoca, em todos os tronos,
a perenidade dos gestos sem mágoa.
Aqui, nesta cidade sem voz,
pouco me importa a miscelânea de pretextos
desatada nos meus pés.
A rosa dos ventos altera o norte das interdições
e denuncia os destroços da casa desmoronada
que reconheço nas palavras cruéis.
Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997
as papoilas devassam as sombras
e assinalam o destino de um grito.
Um grito alucinado que evoca, em todos os tronos,
a perenidade dos gestos sem mágoa.
Aqui, nesta cidade sem voz,
pouco me importa a miscelânea de pretextos
desatada nos meus pés.
A rosa dos ventos altera o norte das interdições
e denuncia os destroços da casa desmoronada
que reconheço nas palavras cruéis.
Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997
43 comentários:
Estava com saudades de ler tuas pérolas.
Abraços, minha cara!
(...)Um grito alucinado que evoca, em todos os tronos,
a perenidade dos gestos sem mágoa.
Aqui, nesta cidade sem voz,
pouco me importa a miscelânea de pretextos
desatada nos meus pés.
Lindo como sempre Graça! Um beijo de carinho com cheiro de maresia
nesta cidade sem voz
tenho retido os ecos,
por vezes
o esvoaçar do polen
das papoilas
que existem e sempre
no outro local
que recordo e que ainda
resiste ao tempo.
belo poema G.
um beij
A epifania urbana vencida, enfiam. A sua brisa desmorona muralhas!
Abraços!
Talvez a luz também seja devassada pela papoilas, mas a beleza destes poemas será para sempre!
Um beijo com amizade...
Graça: eu não sou poeta, como sabe. Mas. ao longo da vida fiz unas vinte e pouco textos que podem considera-se poemas. Creio que já conhecerá este.(está no bartco de flores em secção coisas minhas) Mas as suas papoilas fizeram-me recordar as minhas que ilistrei com les coquelicots (Monet)
E de novo a sensação do mole e indefinido
Vago rumor que envolve as coisas e a solidão nocturna
Ecos longínquos trazem-me a distância
Algo agita o vento e levanta a areia
O deserto é mais vasto e o mar
É proa erguida do navio austero
Em que navega há séculos a sombra - e a miragem
PAPOILAS GRITO ABERTO NA MANHÃ DO ESPANTO
(Amélia Pais)
Um abraço pelas suas...
Estimada e Brilhante Poetiza Amiga:
Um grito lancinante do ser e sentir as papoilas e as suas sombras carregadas de mistérios e delícias.
Fantástica.
A sua sensibilidade poética fascina de beleza imensa.
"...De costas para o meu rosto
as papoilas devassam as sombras
e assinalam o destino de um grito.
Um grito alucinado que evoca, em todos os tronos,
a perenidade dos gestos sem mágoa..."
Profundo poema encantado.
Significativo e uma ternura de imagens metafóricas excelentes.
Bem-Haja, amiga de sonho.
Abraço de amizade e respeito.
É sensacional.
Sempre a admirá-la com fascínio pelo que é e escreve.
pena
MUITO OBRIGADO pela sua amabilidade e simpatia.
:)
um beijinho.
Graça,
Devassar as sombras e assinalar o destino de um grito, talvez seja esse o sublime designio das papoilas!
Beijo!
AL
Palavras crueis sempre desmoronam.
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
-
Um eloquente poema, um manifesto de grande beleza.
Beijo, Graça.
ao ler-te, e ver que o poema é de 1997, pensei no que sentirias, em relação à perenidade (ou não) das tuas palavras...
abraço Graça
A sua poesia entrou no meu coração como uma papoila, bela e misteriosa de modo sublime e profundo...Obrigada pelas palavras e pelas papoilas que são tão fascinantes nos campos!Bjs
Adoro papoilas...da tua poesia gosto sempre.
Noite de sonhos leves para ti.
teu poema/grito. na lucidez da palavra certa...
... rosa dos ventos erguendo-se nos destroços da cidade.
gostei muito. mesmo muito.
beijo
um último grito das papoilas desmente o eterno sono da terra
e se do silêncio construo a lucidez rubra para figir ao desnorte das ruinas, que me importa a voz sem cor que me indicou as sombras?
um grande beijo querida Graça
" Um grito alucinado que evoca, em todos os tronos,
a perenidade dos gestos sem mágoa."
Sem palavras para comentar a sensibilidade solta " nas papoilas"
das palavras.
Lindo
Beijos amigos
Dramático e belo.
Este grito dói.Tem coro1
Com carinho,
Cris
Papoilas vermelhas
com asas de vento
semeiam as tuam palavras
que recordo
com um bj
as palavras são caricias e punhais que da forma como são usadas podem ferir ou curar, até matar.
"...as papoilas devassam as sombras
e assinalam o destino de um grito."
Lindo e profundo!
Beijo.
Graça
tantas são as vezes
aqui e ali
nas cidades sem voz
que a rosa dos ventos altera o norte e o sul e até o vento leste!
belas as papoilas devassantes das sombras
e belo o poema destroçante da casa desmoronada!
um beijo
Manuela
O prazer sempre renovado de lê-la!
Obrigada.
Um beijo, Graça.
as palavras cruéis são casas destroçadas...gostei da metáfora....sua poesia é forte!
As palavras estão cansadas e gritam de dor....
Essa dor que se enraiza e se perde e nós...
Uma beleza...
Beijos e abraços
Marta
Oi, Graça!
Cores devassam sombras e gritam - ainda que nas sombras e sem voz...
E, ainda que se voz, são mais eloquentes e fortes que palavras cruéis.
Viva as cores das papoilas!
Os destroços dos sonhos desmoronados, dos ideais ruídos...nas palavras experimentamos o êxtase e a dor.
Bjos,minha querida amiga.
Aqui, nesta cidade sem voz,
pouco me importa a miscelânea de pretextos
desatada nos meus pés.
uma cidade sem voz não se pode habitar, nem na solidão, pois também a solidão é questão de palavras...
belo poema, beijos
a crueldade do olhar rasga pela boca. por vezes mata!
gostei muito, graça
um abraço
luísa
Suas palavras: um ponto cardeal na poesia. Você é a rosa dos ventos, Graça.
Olá Graça,
Um prazer imenso ler-te.
Beijos e bom fim-de-semana.
semeie flores... colherá o perfume. semeie carinho... colhera amizade. semeie sorrisos... colhera a alegria. semeie a verdade... colhera a confiança. semeie a vida... colhera milagres. semeie a fé... colhera certezas. semeie o amor... colhera a felicidade !
Beijos perfumados e com muita poesia...M@ria
e eu deixo-lhe, em palavras doces, um beijinho de boa noite, graça.
O grito redentor dos imortais gestos que, sem magoa e sem voz se alteram e se desmoronam, na crueldade das palavras...
Bjs Graça e bom fim de semana!
José
Esses são desenhos de crianças, onde o professor koreano Yeonddo Jung, clicou tentando reproduzir todos os detalhes. O cara conserva, até mesmo, as proporções das pernas e cabeças dos personagens.
Adorei, achei super criativo, espero que goste:
http://www.yeondoojung.com/artworks_view_wonderland.php?no=88
Maravilhoso final de semana, menina linda.
Rebeca
-
Belo,
como sempre!
Beijinho
A rosa os ventos altera o norte, Graça e, altera todo o regime de respeito pelo próximo.
Metaforicamente falando, o seu poema diz muito. Bem actual.
¸¸♥*•♪♫•*♥•♪♫•*¨*•.¸¸♥E apesar de tudo isso, a rosa dos ventos insiste em indicar um caminho(principalmente em dias sem vento). Mesmo que não seja o nosso.
Um beijo¸¸♥*•♪♫•*♥•♪♫•*¨*•.¸¸♥
Excelente, como sempre.
Já escrevias tão bem quando eras pequenina... eeheheh...
Desculpa, mas não resisti à provocação do 1997... mas a culpa é minha, que estou bem disposto...
Querida amiga, boa semana.
Beijo.
Prometo ante o silêncio do inverno,
nutrir minhas ilusões fazendo dos nossos "nós" a oração da espera.
(Conceição Bentes)
Beijos & Flores...M@ria
"A rosa dos ventos altera o norte das interdições"
Que beleza!
um grito face ao vazio citadino, à casa arruinada em palavras sem afecto. intenso o teu poema, Graça, muito bom.
um beijo.
Grito que se gostaria perene, como as suas palavras!
Meu beijo rendida à beleza
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