17.11.10

Canções sem palavras

Pouco a pouco desfolharam-se as rosas
em todos os jardins iniciando o enredo
das chuvas sobre as casas.
Estávamos no mês em que os crisântemos
se tornam mais brancos.
Contra a luz não ousávamos quebrar
o silêncio que na música se abrigava.
Schubert e as canções sem palavras.
O arco da voz preso no violoncelo.
O piano e o rumor sublime dos anjos.
Escutávamos a palavra não dita da sonata:
o azul dos lírios em quintais antiquíssimos!

Graça Pires
De O silêncio: lugar habitado, 2009

42 comentários:

hfm disse...

o azul das palavras no ritmo da poesia!

Ricardo Silva Reis disse...

Olá Graça
Este poema já o tinha lido e relido no teu livro.
Muito bonito.
Obrigado.
Beijinhos
Ricardo

Marta Vinhais disse...

E acompanhado por Schubert...as palavras são transparentes....
Obrigada pela visita e pelo comentário...
Beijos e abraços
Marta

Laura Ferreira disse...

Também gostei e consegui sentir a música.
Um beijinho, Graça.

São disse...

O poema é lindo e a referência ao violoncelo me trouxe à memória o estupendo, magnífico concerto de Ballaké Sissoko e Vincent Ségal transmitido pelo Mezzo, em que a kora do primeiro e o violoncelo do segundo casaram maravilhosamente!

Um abraço amigo te deixo.

Braulio Pereira disse...

que bela sinfonia
suave musica de um violoncello
tejes poesia
Deusas em danza.. voam ao céu..


abrazo!!

De Amor e de Terra disse...

...e o azul dos lírios nos quintais antiquíssimos...

são no meu olhar
o branco mais branco
da prece
em cada pétala
dos crisântemos
e em cada pulsar
do meu coração!

Bjs Graça e obgd. pela partilha
do que escreves e enche a alma!
Maria Mamede

José Manuel Vilhena disse...

"iniciando o enredo
das chuvas sobre as casas"apetece-me ficar aqui a reler, a reler,a reler...
:)

dade amorim disse...

Um poema lindíssimo, que fala um pouco de uma supra-realidade, onde vibra a poesia. Talvez mais acessível a nossos sentidos que a realidade que julgamos conhecer pelo hábito.
Beijo, Graça.

Mar Arável disse...

Um livro imperdível

da nossa Graça

Luis Eme disse...

flores com poesia e música...

beijinho Graça

carlos pereira disse...

Cara POETISA Graça;
As palavras estão lá todas; exactas, precisas, sublimes, nós é que por vezes não sabemos escutá-las.
Excelente poema.
Gostei imenso.
Um beijo.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

um poema que é quase uma sinfonia.

a foto bonita e suave.

beijo

manuela baptista disse...

estamos no mês
em que os crisântemos são mais brancos

e numa viagem de inverno desejada
damos a mão às canções
no silêncio das músicas e dos poetas de palavras

tão bonito, Graça!

um beijo

manuela

Ana Oliveira disse...

Tão linda esta descrição de um tempo de mudança...estação ou alma

Obrigada...gostei tanto.

Um beijo

Fernando Campanella disse...

"...Escutávamos a palavra não dita da sonata:
o azul dos lírios em quintais antiquíssimos!...

Que maravilha, minha querida amiga, que maravilha de poema, é só o que posso dizer. Um beijo amigo.

luis lourenço disse...

Muito poético e belo.

beijinho,

Véu de Maya

~*Rebeca*~ disse...

Essa música é a mais difícil de se esquecer.

JC

Desnuda disse...

Esplêndido! Sublime imagem que o poema forma.

Beijos, Graça.

Pena disse...

Preciosa Poetiza Amiga:
"...Contra a luz não ousávamos quebrar
o silêncio que na música se abrigava.
Schubert e as canções sem palavras.
O arco da voz preso no violoncelo.
O piano e o rumor sublime dos anjos..."

Mais que perfeito. Divinal.
Parabéns pela beleza e ternura dos seus versos sublimes de encantar a que não se pode ficar indiferente, nem poderia jamais.
Abraço amigo de respeito enorme.
Sempre a admirar o que "confecciona" com a sua ternura.

pena

Bem-Haja, notável Ser Humano fantástico.
MUITO OBRIGADO pela linda visita que adorei.
Excelente!

Benó disse...

Sim, as rosas desfolham-se mas ainda há botões para desabrochar.É tempo de pausa e de renovação.Escuta-se, como diz a poesia. o azul dos lirios em quintais antiquissimos.
Um abraço, Graça.

Anónimo disse...

graça, um beijinho grande. já hoje falei tanto em si que nem sei que mais dizer aqui. fica um beijo de muita estima.

Unknown disse...

Satisfeita por ter encontrado mais um blogue de poesia.

Beijinhos,
Ana Martins
Ave Sem Asas

teresa p. disse...

"Contra a luz não ousávamos quebrar
o silêncio que na música se abrigava."

Esta, entre outras imagens sublimes, que ecoam como uma bela sinfonia.
Beijo.

lili laranjo disse...

GRAÇA


Vim caminhando devagar mas com segurança.
Um beijo

CAMINHAR


Caminhar e parar
Chegar e não chegar...

Caminhei...
E cheguei...
Parei...
E não cheguei...

A contradição
Do certo e do errado
O caminhar e o parar...

É preciso caminhar...
É preciso agir...

Só assim
Cheguei e consegui!...

LILI LARANJO

AC disse...

O silêncio dando primazia a Schubert, ornado com as flores de quintais com história(s)...

Beijo :)

Manuel Fazenda Lourenço disse...

Em 1996 o violoncelista Mischa Maisky gravou com a pianista Daria Hovora um disco com canções musicadas por Schubert, mas sem as respectivas palavras, daí "Songs without words". A poeta Graça Pires realiza uma extraordinária e belíssima leitura destas canções sem palavras. Efectivamente, como é referido por Reinhardt Beuth,o instrumento designado por Schubert como arpeggione,era poeticamente referido como "guitarra de amor", quer pela sua forma esbelta quer porque as cordas exigiam ser acariciadas e não "picadas". Ausentes do disco, as palavras das canções, escritas entre outros pelos poetas Goethe e Heinrich Heine,são substituídas, e agora citamos a poeta, pelo «arco da voz preso no violoncelo». O violoncelo é a voz das canções e o piano acompanha-a, «O piano e o rumor ambiente dos anjos», e assim «escutávamos a palavra não dita da sonata».
Não deixa de ser espantoso como a arte poética de Graça Pires interpreta na perfeição e num registo comovente, delicado e sensível a melancolia outonal que se liberta das canções. Oiçam no disco, se possível, o comovente "Standchen", do Canto do Cisne,
acompanhado da leitura do poema de Graça Pires, como uma outra voz que se juntasse ao arco do violoncelo e ao rumor sublime do piano.

maría nefeli disse...

Um poema comovente...
lembro-me da primeira vez que o li...sempre a presença está a morar no seu vazio...
um beijo

José Ángel García Caballero disse...

cores, luzes, Schubert... este poema faz das palavras globalidade,
muito belo, Graça!

um beijo

tecas disse...

Olá querida, como sempre é um prazer ler as suas postagens,
Este poema é de uma beleza invulgar. Sublinho:Estávamos no mês em que os crisântemos
se tornam mais brancos.
Contra a luz não ousávamos quebrar
o silêncio que na música se abrigava.
Schubert e as canções sem palavras.
O arco da voz preso no violoncelo"
Magnífica metáfora. Os meus parabéns.
Beijo e uma boa semana

Unknown disse...

Canções sem palavras. Perfume das flores. O tempo da visita dos anjos. A solenidade do silêncio. Bosque de quietude de outono, cair das folhas no colo da melancolia. Aqui fiquei um pouco a ouvir a canção sem palavras. E vou melancolicamente calmo e não sei por quê, agradecido. Deixo-te um beijo.

tb disse...

Belíssimo. Como a música descrita!
Um beijo

Virgínia do Carmo disse...

A música tem este poder de sublimar os silêncios e a poesia o poder de sublimar ambos...

Bjos

Graça Sampaio disse...

Belíssimo, como sempre! Com as palavras exactas, sem peso, diáfanas.
É sempre um deleite vir aqui. (e, normalmente, copio os poemas para o meu caderninho... já que não sei escrevê-los.)
Obrigada.

Úrsula Avner disse...

Sempre encantadora sua escrita Graça... Bj com carinho.

Monte Cristo disse...

Porque há tanta dor nos teus poemas? Tanta saudade?

© Maria Manuel disse...

belo, belo, esta melodia que se escuta em silêncio na companhia dos crisântemos e talvez dos lírios.

obrigada, Graça. um beijo.

Nilson Barcelli disse...

Há momentos em que as palavras estão a mais.
Mas, a tua poesia, nunca tem palavras a mais. Nem a menos. Pareces um relógio suiço poético... tal é a tua precisão no que dizes.
Querida amiga Graça, desejo-te um bom resto de semana.
Um beijo.

Cristina Fernandes disse...

A música que sopra nas tuas palavras, tem o ritmo certo dos acordes líricos.
Beijinho,
Chris

avlisjota disse...

Ao som da música e das palavras não ditas, cresce a plenitude do ser, em que tudo se cria e tudo se transforma.

É sempre agradável reler tão bela poesia!

Um beijo

José

Parapeito disse...

e as tuas palavras Vivaldi
brisas doces para ti *****

Terezinha Fatima Martins disse...

Moro numa rua chamada "Crisântemos" em uma casa com quintal. Que bênção: ainda há quintais, árvores, flores e poesias! Isso é um grande bem! Sua poesia é acolhedora e traz paz! Grandes abraços, em Paz e Bem!