2.12.13

Como um cerco de presságios

Van Gogh

Vem do rio um vento interminável, como um cerco
de presságios que nos gela os ombros.
As cobras enroscam-se nas pedras,
sobressaltadas com a agitação da terra.
As abelhas escondem-se no regato das chuvas
esperando que as colmeias as procurem.
O chão arde em nossos passos, vítimas
e culpados do desvario dos caminhos.

Graça Pires
De Uma vara de medir o sol, 2012