6.12.13

Há um homem à entrada dos meus sonhos




Recordando Nelson Mandela, sempre

Desato o sono e sento-me numa pedra, mais perto de mim.
E vi-o de novo. 
Tão sereno como uma vereda para a nascente.
Digo, então, que há um homem à entrada dos meus sonhos. 
Traz, nas mãos, promessas de trigo 
e, no olhar, a alegria, presa por um fio. 
Espanta-me a facilidade com que chora. 
Deve ser por isso que existe um rio na minha insónia
e não posso ignorar a limpidez dos seus olhos.

Graça Pires
De Outono: lugar frágil, 1994