31.10.16

Tantas vezes vida, tantas vezes morte

Agnieszka Motyka 

Neste momento dou ao meu perfil
a configuração de uma haste
que, ao primeiro sopro do vento,
adivinha um fogo posto nas palavras.
Conheço o rigor das noites
e o alarmante traço
da obsessão pelas trevas
que me cingem os braços
quando o reflexo do luar
incide nas manchas do meu rosto
e com os mais antigos olhos
posso rever o passado:
tantas vezes vida, tantas vezes morte.

Graça Pires
De Uma claridade que cega, 2015

49 comentários:

Laura Ferreira disse...

e tanto que eu gostei disto!

Cidália Ferreira disse...

Triste. Mas lindo! Adorei

Beijo e uma maravilhosa semana.

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

José Manuel Vilhena disse...

...tantas vezes tantas tão longe às vezes.
:)
bj

Simone Felic disse...

Ola´Graça
Assim nos desvencilhamos das garras da tristeza
e vivemos em plenitude.
Bjs e boa semana.


http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

Victor Barão disse...

...só a poesia pode conter a vida, toda, em palavra.

Foi uma verdadeira graça ter descoberto este cantinho Poético

Bjo amiga, Graça

Daniel Costa disse...

Graça
Mais um poema de que gosto, como gosto de todos os teus. Até o género me fascina sempre.
Reportando-me: o titulo do meu último poema não é acaso. A poesia sempre será a liberdade mental do escritor.
Bjs

Marta Vinhais disse...

A vida faz parte da morte e vice versa... O que temos a fazer é viver... com a clareza do tempo...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Sinval Santos da Silveira disse...

Oi Amiga, Graça Pires !
Somos cercados por tantas coisas,
até pela vida, até pela morte...
Bela reflexão. Belo texto, querida !
Um fraterno abraço, aqui do Brasil.
Sinval.

Maria Rodrigues disse...

O passar do tempo nos trás vida e morte.
Belíssimo poema
Beijinhos
Maria

LuísM Castanheira disse...

ter passado, minha amiga, o preço a pagar é recordar
...e aceitar.
começamos a morrer, ao nascer
mas, mesmo assim, vale a pena existir e ter memória.
na noite escura e sem luar, basta a trémula e frágil luz duma vela, para afastar as trevas...
e, onde, no equilíbrio de "tantas[...] vidas...", pesa a reflexão da razão.
gostei muito, mas dá que pensar...
um beijo, Graça e tenha uma boa semana.

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Oi Graça, lindo poema! A mim, quando fala em lua já me comove. A lua é sempre um traço de emoção, recordações e esperanças, pois quando olho a lua sempre vem-me a mente que alguém que há distante está a contemplar a mesma coisa. Fernando Pessoa escreveu - o luar através dos altos ramos... Eu acho que isto já é poesia e num poema que fiz e escrevia que na minha Ilha de Santa Catarina, um dia eu vi Fernando; foi quando eu via a lua através dos altos ramos. Belo poema o seu amiga! Abraço cordial. Laerte.

Pérola disse...

duma realidade crua

a vida e a morte, a dualidade perseguindo a humanidade, os sensíveis.

Beijo

Graça Alves disse...

Gosto muito da música que se desprende das suas palavras, Graça!
beijinho

Pedro Luso de Carvalho disse...

Graça, o seu poema “Tantas vezes vida, tantas vezes morte” é de grande beleza. É um poema de profunda introspecção, que denuncia o seu talento de poeta.
Há, na sua postagem, Graça, a referência, que você faz sobre “Uma claridade que cega”. Então fica a pergunta: é um livro seu, de poemas?
Abraços.
Pedro.

solfirmino disse...

Muito bonito, e triste também.

Tais Luso de Carvalho disse...


Os mistérios da morte só alcança um patamar que não assusta quando cantada pelos poetas. Poeta sabe trazê-la junto, mas com elegância, meio inatingível, mais pra longe... fica até bonita...apesar de um pouco triste. Mas não machuca.
Lindo poema, Graça!
beijo

Toninho disse...

Olá querida Graça.
O viver é estar nesta ciranda,
e penso que o intervalo é o que nos resta e assim,
buscar o pleno.
Um mergulho perfeito na existência.
Semana abençoada e maravilhosa.
Bjs de paz amiga.

regina disse...

Fabuloso...
Regina Gouveia

São disse...

Lindo poema e tão cheio de verdade, este.

Bom feriado, linda

Andrea disse...

Hola me dio tu dirección Anna de poemias sabiendo que me gustaria tu blog pasare mas veces poe el

Besicos

Lucinalva disse...

Olá Graça
Cristo nos promete vida eterna para todos os que o recebem como Salvador, e esta esperança anima a vida. Bjs querida, lindo poema.

manuela baptista disse...

tantas vezes a luz a dançar entre um e outro lado

ou será a par, a vida e a morte e somos nós que imaginamos a sombra das rugas


um abraço, Graça

Mar Arável disse...

Não há morte nem princípio

Bj

Majo Dutra disse...

Palavras que surgem como fogo-posto por criações súbitas...
Também gosto da iluminação lunar e da intimidade das reflexões que provoca...
Vida dos que chegaram e morte dos que partiram...

Um poema subjetivo, de enorme beleza!
~~~ Beijinhos, querida Poeta amiga ~~~

Ana Freire disse...

O passado é o preço a pagar por nos encontrarmos vivos...
Pode conter episódios, e momentos menos bons... mas terá sido o que nos trouxe até ao presente... ainda que haja alturas em que nos possamos sentir a morrer por dentro... quem adivinha se a vida, não nos reserva ainda algo de agradável, um pouco mais à frente?...
Como sempre, palavras de grande reflexão, beleza e profundidade, Graça!
Lindíssimo poema!
Beijinhos! Continuação de uma feliz e inspirada semana!
Ana

Agostinho disse...

Na regressão aos "mais antigos olhos" a Poeta (e todos nós) experimenta a tensão que a vida gera: o confronto ou alternância da luz e da sombra. E fa-lo com a sua habitual mestria, jogando com a sonoridade das palavras e metáforas de sentido e intenção certeiros.

Grato, eu, por tudo.
Bj.

Suzete Brainer disse...

Um poema com a sua excelência na profundidade existencial e na
beleza da sua imagética (sempre uma claridade da sua assinatura poética...).

Minha amiga Graça, há "tantas vezes vida, tantas vezes morte" em
cada minuto revertido no passado...

Apreciei também, muito a imagem escolhida para o poema, num todo
único de arte!

Beijos.

Silenciosamente ouvindo... disse...

Um poema de grande profunidade.
Gostei muito.
Bjs.
Irene Alves

Fê blue bird disse...

Amiga Graça,
Nestes dias, em que morte está presente, mais essa haste se curva e mais os braços se cingem.

Um beijinho comovido

brisa48@bol.com.br disse...

BOA NOITE GRAÇA
Não há morte

Depois que partiram do círculo carnal aqueles a quem amas, tens a impressão de que a vida perdeu a sua finalidade.UM BJ PARA VC

Ailime disse...

Boa noite Graça,
Magnífico poema!
A nossa vida tantas vezes luz, tantas vezes trevas, com a saudade a corroer-nos por dentro e que a sua genial poesia sublimemente evidencia.
Uma Claridade que Cega que nos faz reflectir, que nos faz enxergar e revisitar "com os mais antigos olhos" os nossos sentimentos, vivências, presentes e passadas.
Um beijinho minha Amiga e Enorme Poeta.
Ailime
(Tenho estado com muita dificuldade em comentar aqui;))!

Meri Pellens disse...

Nascemos e morremos tantas vidas que a própria vida se encarna, vivendo e morrendo em nós.
Bjk, Graça!

Gloria disse...

Hola.
Me ha gustado mucho tu blog
Me dio tu dirección Anna de poemias.
Es realmente un acierto
Besos

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

tantas vezes luz
outras tantas trevas

e assim se fazem os ciclos da vida

e a morte irreversível, paira mesmo onde ainda há vida

muito bom o poema, aliás como sempre

um beijo

:)

Rita Freitas disse...

Muito bonito. Porque a morte se transforma em vida ;)

Beijinhos

teresa p. disse...

Um poema de grande profundidade que contém as palavras certas sobre a vida e os sentimentos. Toca-me de modo especial a parte final, quando a poeta escreve:
"com os mais antigos olhos / posso rever o passado / tantas vezes vida, tantas vezes morte".
A imagem foi muito bem escolhida para o poema.
Beijo

Vítor Fernandes disse...

As vezes que se revisitam o passado... gostei muito.

Lídia Borges disse...


Por vezes, não é possível "tocar" no poema. Por exemplo, quando ele se explana ocupando toda o esplendor da palavra poética. Quando assim é, comentar pode estragar.

Um beijo

Lídia

Sara com Cafe disse...

Essa mistura que a gente nao esquece :(

Jaime Portela disse...

A morte faz parte da vida...
Excelente poema, como sempre.
Querida amiga Graça, tenha um bom fim de semana.
Beijo.

Existe Sempre Um Lugar disse...

Bom dia, sem vida não existe a morte, é o ciclo da vida, o poema é perfeito.
Feliz fim de semana,
AG

Teresa Durães disse...

os opostos que dap o espectro completo. Gostei bastante

ManuelFL disse...

«[...] o passado: tantas vezes vida, tantas vezes morte», evoca e ilumina a nossa passagem pelo reino maravilhoso, reino de luzes e sombras, privilégio que deve ser sempre celebrado. Instante fugaz, instante infinito.

A fotografia é espantosa, inquietante.

Beijo, Graça.

Fá menor disse...

Uma e outra a moldarem-nos os dias.

Beijinho

Teresa Almeida disse...

A tua escrita deixa sempre rastilho. Gosto.
Beijinho, Graça.

Alfredo Rangel disse...

Graça, o fogo sempre posto em tuas palavras, nos faz retornar á tuas páginas. Sempre aquecidas,
como a poesia. A verdadeira poesia. A tua poesia.
Beijo

Anete disse...

Graça, mais um poema denso, intenso e bonito!
Um abraço nesta 3a feira...
Mais e mais inspirações e publicações...

Elizabeth F. de Oliveira disse...

Graça, minha querida!
Saudade desse refúgio poético.
Esse poema tão lindo é tantas e quantas vezes poesia: pura, límpida, líquida e transparente.
Um beijo

Odete Ferreira disse...

Mais do que falar do conteúdo, sublinho a arte poética como transpões, em poema, a vivência humana.
BJ, amiga