22.7.19

Na estiagem




Tão íntimo das nascentes, o verde das veredas
desfaz-se em cinza quando as serranias
ondulam o lume sobre o chão.
Na estiagem há-de ouvir-se o murmúrio
agonizante dos rios já perdidos do mar.
E quando o inverno chegar, os caudais galgarão
as margens se o excesso de cimento consentir às águas
que firam as casas e a estreiteza dos caminhos.

Graça Pires
De Uma vara de medir o sol, 2018, p. 39

54 comentários:

Sandi disse...

Mover-se ...

A foto é do Google Earth? Cadê?

Marta Vinhais disse...

Será que o verde voltará?
E tudo renasça???
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

manuela baptista disse...

os erros humanos cometidos contra a floresta e o cimento a fazer crescer, tantas vezes desmedidamente, metrópoles impermeáveis

o estio é sempre uma esperança no nosso olhar

beijinhos, Graç

Teresa Durães disse...

Sempre tão assustador. Mais um poema magnífico

Larissa Santos disse...

Um poema sublime... Parabéns!

Hoje:- Faço do champanhe o sorriso, a felicidade [Poetizando e Encantando].

Bjos
Votos de uma óptima Segunda - Feira.

João Menéres disse...

Tão bonito este Poema !...

Um beijo amigo do semi-ausente.

carlos perrotti disse...

Poesia do natural. Seja qual for a natureza se abre paso, encontra sempre seu canal, ela nunca se deixa limitar, é como a sua poesia, Graça, que sempre encontra uma maneira de se expressar.

Abrazo grande.

bea disse...

Poema tão adequado ao que tanto lamento e nos acontece de novo. Como uma praga, os incêndios.

Roselia Bezerra disse...

Boa tarde de paz, querida amiga Graca!
Que triste realidade a enfrentada por Portugal!
Seu poema transforma em poesia as cinzas do que resta.
Tenha dias abencoados e esperancosos!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

São disse...

Belo poema sobre a triste realidade que teimosamente gente sem escrúpulos faz o país viver ....

Grande abraço , linda, boa semana

She disse...

Prazer! Vim conhecer seu cantinho e eu amei muito o nome do seu blog.
Beijo, beijo!
She

http://escritorasheilamendonca.blogspot.com/

LuísM Castanheira disse...

reconheço, neste tão belo como emotivo Poema,
como a tua Obra e’ tão vasta, como global.
esta e’ uma oportuna e alarmante partilha, numa semana em
que o fogo, no País “desfaz-se em cinza|o verde das veredas”,
as vidas e os seus bens.
bem disseste que “já’ falaste de tudo”. e que bem, o tens feito!
uma semana do melhor que possas esperar,
minha Amiga Graça. um beijo e boas férias.

JUAN FUENTES disse...

Tu amas a la naturaleza

Maria Emilia B. Teixeira disse...

A natureza agradece o seu poema. Boa noite. Bjs.

Mirtes Stolze. disse...

Boa noite querida Graça.
Um poema sentido da destruição da natureza. Uma linda semana amiga. Apertado abraço.

Cidália Ferreira disse...

Mais um belo (e triste ) poema!

Beijos . Boa noite

silvioafonso disse...

Aqui na serra mar nós não temos, mas
a seca faz o que pode metendo fogo
no mato e secando a garganta da gente.
Belo texto Graça querida. Belo texto.




.

solfirmino disse...

Querida amiga, sempre tão pungente.
"Na estiagem há-de ouvir-se o murmúrio
agonizante dos rios já perdidos do mar."
Sem palavras. Ótima semana.

Gabriel disse...

"Tão íntimo das nascentes, o verde das veredas
desfaz-se em cinza quando as serranias"

que bela construção. Sempre me surpreendo com teus poemas. Preciso voltar mais.

Marco Luijken disse...

Hello Graça,
Special to read your words.
Very nice.

Big hug, Marco

Olinda Melo disse...


É isso, querida Graça.

É o lume voraz a varrer tudo em labaredas. É o chão e o cume das árvores a transformarem-se em cinza, cinzas que depois envenenarão as nossas águas e toda a nossa vida.

Muito emocionada com este seu poema, minha amiga.

Beijinhos

Olinda

Sinval Santos da Silveira disse...

Querida Mestra, Graça Pires !
Neste belo texto, observo o lamento das águas,
sufocado pelas atitudes descontroladas do
homem, na destruição da natureza.
Um grito sereno e poético, a pedir socorro...
Parabéns, Amiga.
Receba meu abraço, aqui do Brasil, e os votos
de uma ótima semana !
Sinval.

Ailime disse...

Boa tarde minha Amiga Graça,
Um poema muito belo focando a triste realidade que de novo assola o nosso País!
Nas minhas raízes (Mação), um caudal de lume envolveu de novo aquelas terras que praticamente estão varridas de seiva.
Um beijinho e continuação de uma ótima semana.
Ailime

Anete disse...

Uma reflexão que traz "gritos" poéticos...
Versos densos e intensos...
O meu abraço

ANNA disse...

Gracias por tu visita y aportacion me alegra que recreses por el blog
Besos

Tais Luso de Carvalho disse...

Belo e triste poema, quando não são as estiagens a massacrar o lindo planeta, a mão do homem dá a sua ajuda sem pensar, visando apenas lucro. O futuro...não sei.
Um beijo, querida Graça! Uma ótima semana pra você.

Marli Terezinha Andrucho Boldori disse...

Boa noite, querida Graça,
tão lindos versos, mas que trazem a triste realidade da morte da vegetação, do verde, da seca, enfim, tudo vira tristeza, mas fica a esperança de tudo renascer.
A imagem é belíssima dentro do contexto. Grande abraço!

Ana Tapadas disse...

Escolha perfeita! A imagem que trai a beleza do poema, pela sua realidade crua.

Beijinho

Agostinho disse...

A poesia na expressão inconfundível de Graça Pires. Muito boa, Amiga.
A "estreiteza dos caminhos" que não há meio de se alargarem nos pináculos dos interesses.
E a esperança, e o verde, e as águas, e o fogo, e a cinza, e o homem, e os lamentos, e a esperança, e... Um cíclo infernal, um destino: Sísifo.
Beijo.

Ana Freire disse...

Uma imagem fiel... também numa forma mais poética... desta dura realidade, que é ver a natureza ferida pela inconsciência humana!...
Uma inspiração bem a propósito, nestes dias, em que todos vivemos, de novo, com um nó na garganta, o poder destrutivo do fogo (posto)... um flagelo, que não se consegue travar... basta um dia mais quente... e nenhuma zona verde, se pode dizer que esteja a salvo...
Profundas e sentidas palavras, Graça, que muito apreciei!
Beijinho! Votos de continuação de uma óptima semana!
Ana

saudade disse...

O contraste bonito da imagem com a dor do poema... Triste realidade....
Boa semana

Majo Dutra disse...

Toda a beleza de verde frescura telúrica ameaçada
pela ambição desmedida em obstáculos aos cursos
naturais, ou à aniquilação por mãos de alienados.
Um poema belo e marcante.
Beijinhos, Poeta Amiga.
~~~~

Graça Sampaio disse...

Sempre conciso e belo! E com as palavras certas.
Gosto (sempre) muito!

Beijinho.

Manuel Veiga disse...

o ciclo das estações e das maduras águas...
gostei muito do poema, Graça

beijo

Manuelfl disse...

"o verde das veredas desfaz-se em cinza... os rios já perdidos do mar". Belo e doloroso poema. Beijo.

Marta Martins disse...

Este tocou-me pessoalmente, em Cardigos o fogo andou mesmo junto a minha casa de férias e ainda destruiu parte do jardim,queimou vários olivais, uma tristeza.

Jaime Portela disse...

O fogo, por onde passa, destrói toda e qualquer beleza.
Excelente poema, como sempre.
Graça, continuação de boa semana.
Beijo.

Anónimo disse...

Uma trste realidade descrita neste poema sublime.
"O verde das veredas desfaz-se em cinzas...o murmúrio agonizante dos rios já perdidos do mar..."
As imagens que a toda a hora chegam até nós e a aflição e dor das pesoas que vivem estas estratégias são chocantes demais.
A foto é perfeita para ilustrar o poema.
Beijo.
teresa p.

A Casa Madeira disse...

A imagem ilustra perfeitamente o poema.
Por mãos ou desastres da natureza o fogo destrói e muitas
das vezes não tem como recomeçar.
Muito triste.
Obrigada pela sua presença lá na casa.

Fá menor disse...

Uma dor de alma.
Palavras que espelham a dor que vai dentro, pelo que fere cá fora.

Beijinho.

Zilani Célia disse...

OI GRAÇA!
ACHO QUE A NATUREZA JÁ ESTÁ A COBRAR-NOS POR TANTOS DESMANDOS.
BELÍSSIMO AMIGA.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/

teresa dias disse...

De novo senti uma tristeza sem fim ao ver o verde do meu país consumido pelo fogo.
Se as "feridas" na floresta provocadas pelas alterações climáticas custam a aceitar, as provocadas por mão humana envergonham e exigem forte punição.
Querida Graça, comoveu-me a dor e angústia do teu poema... lamentavelmente actualíssimo!
Beijo, minha amiga.

lanochedemedianoche disse...

Es triste cuando hay cosas que no podemos dominar.
Abrazo

Ulisses de Carvalho disse...

Como foi escrito lá em cima, aqui mesmo nos comentários, "a natureza agradece", ainda que as palavras de um/uma poeta infelizmente não são suficientes para reverter o percurso dos erros da humanidade, mas podemos trazer consciência para quem necessita, não é mesmo? Como fizeste aí com o teu belo poema, Graça, um beijo.

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça,
Independente das verdades contidas
no texto;
é lindo,
porque poesia é sempre parte
de
tudo.
Bjins
CatiahoAlc.

Maria Rodrigues disse...

Palavras sentidas num poema sublime.
Beijinhos
Maria

lis disse...

Muito triste ver o 'verde desfazer-se em cinzas',
Poema que remete a essa realidade de descaso, tão presente nos nossos dias.
um abraço e bom domingo Graça

Toninho disse...

Livro maravilhoso e sua escolha aqui na partilha é uma prova desta obra de arte.
Lindo demais querida graça.
Beijo e bom domingo amiga para uma semana maravilhosa.

tulipa disse...


nascentes, veredas,
serranias
rios, mar
tudo pertencente à Natureza

raramente, páro e busco inspiração para a poesia,
mas...se o quiser fazer, sei que consigo

Amiga Graça, neste momento
Estou em busca da minha inspiração para um concurso
de onde irá surgir um Livro onde poderei ter 5 poesias minhas publicadas

Veremos o que vai sair desta cabeça
um pouco cansada e também pouco motivada.

Quando quiser,
tenho um post acabadinho de fazer,
aqui:

http://meusmomentosimples.blogspot.com/

Sábado - 13 de Julho foi um dia inteiro em aviões e aeroportos!

Beijinho da Tulipa

Teresa Almeida disse...

Nascido do chão é este teu poema que arde e se reinventa no porvir, já que a estiagem é um tempo de difícil sossego.

Beijos, minha querida poetisa.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Um poema que nos causa uma dor imensa, o fogo devora tudo e até o verde se fica em cinas e mais nada.
Querida amiga Graça continuação de boa semana.
Beijo.
:)

manuela barroso disse...

As labaredas continuam ontem como hoje a alimentar-se do verde, a matar a sede nos ribeiros que já foram rios.
Nas tuas palavras tudo fica ainda mais trágico porque constatado.
Beijo meu, querida amiga!

Duarte disse...

Se o verde faz parte da nossa bandeira não pode deixar de existir, mas sem o vermelho humano, que então foi muito mais habitual mas que hoje não, que só seja pelas nossas veias.
Bello poema, tão actual, até quando esta tragédia?
Abraços de vida, querida amiga, e que este canto teu chegue à alma de alguém. se existe.

Humberto Maranduva disse...

Um belo poema, Graça; rico de significações polissémicas que apontam para a "Estranha (des)Ordem das Coisas" - antonimizando aqui o título da última obra de António Damásio, onde o autor nos explica os meandros da "maquinaria" dos sentimentos, aliados ou não à razão. Todos os nossos actos têm consequências: "as casas feridas e a estreiteza dos caminhos" constituem uma imagem de flagrante actualidade, a lembrar as tragédias que se repetem - não anualmente, convenhamos - sempre que o tempo se torna mais seco, independentemente da temperatura do ambiente... Nestes últimos versos, também, multiplicam-se os sentidos: as casas feridas podem ser as famílias destroçadas e, a estreiteza dos caminhos, no âmbito do inferno revisitado, configura a irracionalidade que sempre redunda no autofágico resultado esperado de quem "pensa", tão-só, no lucro imediato e esquece o prejuízo causado à nossa única casa planetária.
Estranha homeostasia esta, recordando uma vez mais Damásio.
Muito oportuno e actual, este seu poema.
Um óptimo fim-de-semana.