25.11.19

Escrevemos mar



Derramamento de petróleo atingiu dezenas de praias brasileiras


Escrevemos mar como se fosse a palavra
única que nos circunda a fala.
Quando éramos crianças tínhamos os barcos de papel.
E havia traineiras em que os pescadores manchados
de sal e sangue enfrentavam a tormenta de cada dia.
Agora, de quilha inquieta, os navios ferem
as entranhas da água e cingem-nos no olhar
o negro das marés e dos limos
que morrem na praia, onda após onda,
num extenuado adeus ao apelo dos corais.

Graça Pires
De Uma vara de medir o sol, 2019, p. 45

55 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Bom dia

Que maravilha visitar este cantinho poético. Entra-se curioso, sai-se fascinado
Poema ilustre, foto brilhante
.
Feliz inicio de semana.

Lídia Borges disse...


Belíssimo! Junto a minha voz ao "apelo dos corais".

Um beijo meu,

Lídia

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Infelizmente estes desastres ecológicos estão a tornar-se muito frequentes.
Gostei do poema minha amiga.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

chica disse...

Lindo grito em favor do mar.
Uma pena os que estão fazendo com nossos mares...Triste! Linda semana! bjs, chica

Marta Vinhais disse...

E o mar fica pobre, solitário....pelo egoísmo dos homens...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Roselia Bezerra disse...

Bom día de paz, querida amiga Graca!
Escrevo sentada num banco a beira mar.
Ja estava esperando a chegada do oleo aqui no Sudeste, mas ele saltou minha area... Foi pro norte do RJ...
Uma tristeza imensa o perverso percurso que denegriu nosso litoral tao belo e precioso.
Tomara isso tenha um fim e va para o fundo di mar nao danificando a vida marinha nem nossa costa tao grande e bela!
Amo o mar, minha amiga, como sabe bem.
Vi que Voce tambem pelo bonito poema alerta postado aqui.
Barquinhos de papel ate hoje os faco para enviar bilhetinhos de Amor.
😍💌
Muito obrigada por nos ser solidaria, minha amiga.
Tenha uma nova semana abencoada e feliz!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Daniela Silva disse...

Adoro o mar e por isso, gostei muito do poema

Beijinho no coração e uma boa semana
Blog | danielasilva-oficial.blogspot.com
Loja | www.facebook.com/danielasilvaqb

Ana Bailune disse...

linda poesia!
Há muito mar para poucos barcos.
E somos ilhas.

PROFESSORA LOURDES DUARTE disse...

Olá amiga!
Atualizando minhas visitas, já com saudade e apreciando sua bela postagem. É uma pena que a poluição causada pelos homens está matando os mares lindos! Parece pouco, mas se não cuidarmos mais, tudo acaba. Parabéns pela saiba poesia. Grata pela visita amiga!

Deixo aqui um pensamento da Cecilia Sfalsin,
repleto de desejos bons para nós.
“Que o nosso dia seja como Deus quiser!
Que a vontade dEle prevaleça sempre,
que os propósitos dEle se
cumpram em nossa vida,
que o amor dEle nos renove, e que Ele
responda com milagres cada pedido
nosso feito a Ele em oração”.
Amém!
Abraços da amiga Lourdes Duarte.


Cidália Ferreira disse...

O mar fascina-me, tal como este poema me fascinou! Parabéns. :)

-
A densidade do tempo entristece meu olhar
Beijo e uma excelente Semana.

Manuscritos Da Alma disse...

É, o mar está sofrendo de verdade,
me dói tanta ver isso, dói na alma!...
Beijinhos com carinho!!!

carlos perrotti disse...

O que fazemos para o mar, o que fazemos para nós mesmos, para o futuro, para nossos filhos ... Não podemos vê-lo? Levante sua voz, poeta, para que possamos entender ...

Abraço muito grande amiga Graça !!

José Carlos Sant Anna disse...

Gosto da medida de "clareza" que percorre este poema. Como se imbricam o presente "Escrevemos mar..." , o passado )"Quando éramos crianças..." "E havia traineiras..." e novamente o presente "Agora, de quilha inquieta", enfatizando a sua relação com o objecto por meio daquilo que lhe falta ou que lhe constitui o ponto negativo "num extenuado adeus ao apelo dos corais". E como os corais "sabem" o que representam "o negro das maré e dos limos"...
Exponencial poema. Parece feito para consolar os brasileiros do meu Nordeste.

Um beijo, minha Graça!

Mar Arável disse...

O mar precisa de ti e dos corais
Bjs

A Paixão da Isa disse...

é pena que o homem esta so a dar cabo dele mas o poema é esta mt bem escrito parabens bjs

Luis Eme disse...

Escrevemos mar e viramos-lhe as costas...

abraço Graça

silvioafonso disse...

É por isso que eu sou amigo
da poeta. Por isso.
Beijos, Graça. Beijos.

Ana Tapadas disse...

Uma fotografia pungente que macula a pureza poética do teu mar...

Beijo

JUAN FUENTES disse...

Los poemas son lo mejor de la literatura

Teresa Almeida disse...

"Escrevemos mar como se fosse a palavra
única que nos circunda a fala."
E quase não era preciso mais nada. Tão real e intensa é a imagem!

Beijos, querida amiga Graça.

Maria Emilia B. Teixeira disse...

Ferem o mar por ideologia e ganância... Os corais pedem socorro!
Uma boa semana pra ti. Bjs.

bea disse...

Um poema de desalento. Lembra os corais como se já nem existam. E o mar, sem eles, o que será.

Ailime disse...

Bom dia Graça,
Um poema muito belo, um alerta para a destruição do mar, que nas suas belezas e mistérios tanto inspira os Poetas.
Gostei muito, minha Amiga e Enorme Poeta.
Desejo - lhe continuação de boa semana.
Beijinhos,
Ailime

Anete disse...

Bonito e realista poema. Lamentavelmente as manchas no mar, que triste...
Bjs... Muita paz, Graça...

Tais Luso de Carvalho disse...

Muito bonito, querida Graça, o dano foi enorme, as praias mais lindas estão lá no nordeste, e já está alcançando o Rio de Janeiro.
Obrigada pela solidariedade com o Brasil.
Beijo, boa semana.

saudade disse...

Coisas que não deviam acontecer.
Boa semana
Beijo

Larissa Santos disse...

Brilhante poema... Adorei :))

Hoje :
Queria viver no teu silêncio


Bjos
Votos de uma óptima Noite.

lanochedemedianoche disse...

Mar será siempre amplía palabra para hacer poesía, como la tuya tan bella y triste.
Abrazo

baili disse...

how sublimely done dear Grace !!!!!!!!!!!!!!!!!

nature meet us differently when her shades of mood are affected by her ruthless passion , with all the advancement we can hope that science can find solution of such disasters someday

best wishes for people who are in the way !

Juvenal Nunes disse...


Nunca é por demais vincar os atropelos ambientais que agridem o planeta e nos retiram qualidade de vida.
A premência do problema valoriza a oportunidade da sua intervenção poética.
Saudações bárdicas
Juvenal Nunes

PS - Caso esteja interessada pode sempre visitar o meu Blog Palavras Aladas 1952.Blogspot.com

As Mulheres 4estacoes disse...

Uma pena que a palavra tenha mais força que os cuidados com as águas dos mares.
Um abraço

Majo Dutra disse...

As catástrofes ambientais são intensamente confrangedoras...
Agradeço ter abordado o problema e a revolta...
Abraço, Poeta Amiga
~~~~

Pedro Luso de Carvalho disse...

“Escrevemos mar como se fosse a palavra
única que nos circunda a fala.”

Gostei muito deste seu poema, belo poema no seu todo,
como nesses dois primeiros versos transcritos.
Parabéns, querida amiga Graça!
Um beijo.
Pedro

Agostinho disse...

Um poema actualíssimo.
Deduzo da sua leitura caminhos sem retorno. Incompreensivelmente, será o pecado original que nenhuma água lava, nem a benta, a ganância, o interesse do Senhor, que em cada lugar, em cada tempo, vai mudando de nome para ludibriar melhor os olhos que para cima olham.
Abastardaram a palavra genuína na peça representada. Para isso, em primeiro lugar destruíram a inocência, a pureza da flor na infância; depois, exploraram e esploram o homem feito até à raia da escravidão; e, por fim, envenenam corpos e lar - a Natureza - de que o Homem é usufrutuário privilegiado.
(Enquanto isso, no teleponto põem a correr a "fábula" marciana.

Peço desculpa por este relambório.
Um beijo grato, Graça Pires.

Jaime Portela disse...

Mais um excelente poema.
Parabéns pelo talento.
Graça, um bom resto de semana.
Beijo.

teresa p. disse...

Um perturbante e forte alerta para as agressões ao mar e a todo o planeta. É uma triste realidade que aflige todos os homens conscientes dos tremendos estragos que põem em causa o equilíbrio ecológico.
"o negro das marés e dos limos, que morrem na praia, onda após onda, num extenuado adeus ao apelo dos corais."
Magnífico poema, bem como a foto que retrata os tristes e recentes acontecimentos no Brasil.
Beijo.

Olinda Melo disse...


Querida Graça
Boa noite

Escrevemos Mar! E é mister que o escrevamos vezes sem conta
e que as letras que o compõem ecoem nos confins do mundo.
Aqui no seu poema, minha amiga, sentimos esse pulsar e a urgência
de um alerta pelos vários crimes cometidos e que se comentem
no nosso dia-a-dia contra o Mar.

Beijinhos

Olinda


manuela barroso disse...

Tudo passa com o tempo , até o das manhãs claras , agora carregadas de nevoeiro sombrio !
E se os limos e as algas e as conchas viessem com a dança das marés , tudo seria tão natural ...
Mas as quilhas de hoje trazem as manchas da saudade na brandura das águas !
Tão belo o teu poema , minha querida amiga Graça! Como sempre , enorme poeta !
Beijo grande!

ManuelFL disse...

Nestes tempos difíceis também nós andamos de quilha inquieta ferindo as entranhas da água. Mas enquanto houver poetas como a Graça, a esperança e a vontade de mudar o rumo das coisas renascem a cada dia, a cada hora.
Beijo.

Ulisses de Carvalho disse...

o mar já estava aqui antes de mim, de nós. sagrado é poder abrir os olhos - vejo apenas existência, transitoriedade, exuberância inata, intrínseca em mudanças incessantes. pertenço ao universo - capaz de bastar a si mesmo (quem diz crer em deus, mas não o vê no mar, não o verá em nenhum livro).

e valiosa é a intenção das tuas palavras. beijo.

Ana Freire disse...

Um belíssimo momento poético, que nos remete para a inquietação, de mais um acto de poluição, insano e inconsciente... a que o mundo assistiu... mas infelizmente já consumado, em estragos irreparáveis...
De uma imensa sensibilidade, e profundidade, como sempre, Graça!... Parabéns!
Um beijinho grande! Feliz fim de semana!
Ana

LuísM Castanheira disse...

Está a ser rápida e sem controlo a destruição sistemática do nosso habitat.
Do paraíso restara’ morte e destruição.
O planeta sobreviverá a essa hecatombe. O ser humano - e a vida, tal como a conhecemos -,
e’ que sucumbirá. Tempos difíceis esses que se advinham na mutação.
Um belo poema, minha Amiga, para o despertar de consciências.
Uma boa semana, Graça.
Um beijo.

Manuel Veiga disse...

escreves "mar" como quem diz Terra e, dentro dela, o milagre.
e a urgência da Vida!

néscios os que escrevem "mar"
como se fossem a quilha dos barcos...

belíssimo, Graça.

beijo, querida amiga

solfirmino disse...

Muito lindo e significativo. Ainda mais pra nós aqui.
Não bastassem as tragédias da Vale, agora essa. Três meses depois, ninguém foi indiciado. No Brasil, todo corrupto se safa facilmente.
Um beijo amiga. E ótima semana.

Marco Luijken disse...

Hello Graça.
Wonderful words about this terrible events at sea.
This destroys a lot. Good to call attention to that.

Big kiss, Marco

Sinval Santos da Silveira disse...

Mestra das Letras, Poetisa Graça Pires !
Pronunciamos "MAR", quem sabe, com tanto
amor quanto pronunciamos uma palavra sagrada.
A ilustração, verdadeira, do texto, tinge
de luto a alma brasileira...
Parabéns, Amiga, e um fraternal abraço, aqui
do Brasil.
Sinval.

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça,
Maravilhosos versos
sobre verdades não tão
belas.
Gosto de como poetas ter
essa possibilidade de transformar
acontecimentos em poesias.
Bjins
CatiahoAlc.

Teresa Durães disse...

Barcos de quilhas grandes, barcos de grande porte, barcos que largam um mar negro atrás de si enquanto antes eram barcos de papel, mas também as traineiras lavavam-se enchendo os cais de um negro sujo. E o mar vai cuspindo os seu pulmões emporcalhados

td disse...

Triste mar, tão mal tratado...
Haja quem escute o «apelo dos corais».
Belo poema minha querida amiga!
Beijo.

Duarte disse...

Gosto deste escrever teu, no que não falta uma metáfora amiga quando a praia já está pintada de algas. Bom, também fazem parte do mar.
Gostei muito.
Beijinhos

Sandra May disse...

Belo e triste... o que será do mar?
Um abraço.

AC disse...

A tristeza também se pode descrever com belas palavras. E, as tuas, são carícia subtil enquanto se alojam, suavemente, na alma.

Um beijinho :)

manuela baptista disse...

Um mar cansado, saudoso de corais.

um beijo Graça

Fá menor disse...

Belo. A beleza da poesia também se carrega na tristeza.

Quando o mar é dor
e noite
maré escura
que pinta a praia
É o acordar da inocência dos barcos
de papel

Boa semana, amiga!

Beijinhos.

Lourdinha Vilela disse...

Seu poema é um clamor. Belo e ao mesmo tempo triste. A consciência de alguns seres humanos é apenas um veio de água suja diante da imensidão dos mares. Quão superior é a natureza.