2.12.19

Em seara alheia



Quero dizer-vos que estou aqui
e me pergunto de onde venho,
como cheguei,
quem me pegou na mão e disse:
Vem e fala, vem e escreve.
E eu falei e eu escrevi.
Depois foi só esperar
que a voz soubesse
o recado das ondas
e as palavras fossem o trilho
onde toda a aventura é uma campina aberta
à espera da semente que a fecunde.
Não sei se sou a terra ou sou o grão,
se sou a mão ou o arado.
Sei que vou continuar na voz do vento,
no vaivém das marés,
sem perguntar se vasta é a planície,
quem me espera na outra face da Lua.
Ninguém me deu o livro das verdades,
mas eu vou.



Licínia Quitério
In: Travessia. Braga: Poética, 2019, p. 62

54 comentários:

chica disse...

O livro das verdades a cada um cabe encontrar... Linda poesia e compartilhamento aqui! beijos, tudo de bom,chica

Larissa Santos disse...

Que poema tão bonito:))

Hoje : Faz do meu corpo, o violino.

Bjos
Votos de uma óptima Segunda - Feira

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei deste belo poema.
Um abraço e uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Mariazita disse...

Confesso a minha ignorância - não conhecia Licínia Quitério.
Fui informar-me e até vi uma foto desta grande escritora - para além de vários poemas, todos muito bonitos.
Também gostei muito deste, aqui publicado.
Obrigada por ma ter dado a conhecer.

Desejo uma semana feliz
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

Agostinho disse...

O corpo a voz a palavra...
O mistério insolúvel da matéria fundacional
deu corpo ao corpo de todas as coisas
nomeadas e por nomear

Se não há corpo sem voz
Se não há voz sem corpo
Se não há palavra sem voz
Se não há voz sem palavra?
O que havia quando a luz aclarou?
"uma campina aberta à espera"
e a fé de a povoar

Gostei muito do poema escolhido.
As espigas aloiraram magníficas.
Beijo, Amiga Graça Pires.

Daniel Costa disse...

Graça Pires, a bem conseguida beleza do poema de Glicínia Quitério, justificam bem a opção de o trazeres ao teu espaço de blogger.
Bjs

Marta Vinhais disse...

Continuar a falar... para que todos ouçam... demore o tempo que for preciso...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Anónimo disse...

Que lindo isso,
"Sei que vou continuar na voz do vento,
no vaivém das marés,
sem perguntar se vasta é a planície"

Continue moça, continue. Bjos

Ana Bailune disse...

Linda poesia, Graça. A autora conseguiu ler um pedacinho de todas as almas...

Maria Eu disse...

Pois que trilhemos esse caminho e sem demora!

Beijinhos, Graça, e boa semana. :)

Jornalista Douglas Melo disse...

Graça,
Parabéns pela lembrança de Licínia Correia Batista Quitério, essa lisboeta de Mafra, pedagoga tradutora e correspondente. Mulher que tão lida com os sentimentos envolto em palavras.

"... Serenos da ausência do vento. Sítios onde soam vozes antigas de arestas ainda vivas mas já inofensivas recolhidas no desvão dos anos..."
__________________
Licínia Quitério

Beijos e bom início de dezembro para ti!!!

Anete disse...

Escolheu muito bem o poema, Graça.
Como é bom descobrir o Livro que traz a verdadeira liberdade e saber de onde veio e para aonde vai...
Bjs e feliz Dezembro...

Tais Luso de Carvalho disse...

Que lindo poema dessa autora, amiga Graça! Tem muito do nosso querer, de nossas expectativas.
E seguiremos na estrada que um dia traçamos.
Beijo, um ótima semana pra você!

A Paixão da Isa disse...

a voz pois ela essa é que nos diz tudo adorei mais um lindo poema bjs

Roselia Bezerra disse...

Boa tarde de Dezembro, querida amiga Graca!
Preguntas filosoficas no poema escolhido de hoje.
Sempre em possibilidades variadas, vamos optando pela escrita liberta...
Tenha um novo mes feliz, amiga!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

solfirmino disse...

Pois inspiração é torrente, vem como chuva e varre tudo, não se sabe de onde veio e para onde vai...
Muito belo.
Um beijo, amiga.

carlos perrotti disse...

Muito obrigado, Graça, por apresentar esta grande sensível poeta intimista. Adorei a sua poesia.

Abraço grande!!

Ailime disse...

Boa tarde Graça,
Um poema belíssimo de Glicínia Quitério, Poeta que também admiro muito.
Ter a firme vontade de ir é ter alma, é acreditar no caminho.
Um beijinho, minha Amiga e Enorme Poeta.
Boa semana.
Ailime

Maria Emilia B. Teixeira disse...

Lindo!
Bom dezembro e uma boa semana.Bjs.

JUAN FUENTES disse...

Profundidad de pensamientos,pero sin respuestas.

FILOSOFANDO NA VIDA disse...

Boa noite!
Amiga querida, vim agradecer seu comentário lá no blog da amiga Rosélia. Fico feliz em saber que gostou da mensagem escolhida pala nossa amiga para postagem. Ela é surpreendente! Quanto a você amiga, um presente Divino.
Tenha uma abençoada semana.Parabéns pelo belíssimo poema. Bjuss

Micaela Santos disse...

Um poema encantador!
À procura do livro da verdade estou eu, mas sem o encontrar, sigo sempre o meu caminho!

Beijinhos

Sinval Santos da Silveira disse...

Mestra das letras, Poetisa Graça Pires !
As dúvidas questionadas pela Poetisa Licínia,
são a essência do seu belo Poema...
Obrigado por partilhar, Amiga !
Uma ótima semana e um fraternal abraço, aqui
do Brasil !

bea disse...

A vida é assim, de ir. Disse bem a Licínia que foi boa escolha da Graça.

Luiza Maciel Nogueira disse...

Ah “o livro das verdades” este eu espero há muito. Rs maravilhosa poesia!

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Graça

uma boa escolha de uma poeta que escreve e fotografa muito bem.

já a leio faz muito tempo e gosto sempre da sua poesia.

beijinhos

:)

Emília Pinto disse...

Sim, viemos para cá sem que o pedissemos e, agora, é trilhar o caminho da melhor maneira que pudermos e soubermos; nem sempre podemos e nem sempre sabemos escolher a direcção certa, mas, sabemos que tem de ser s para a frente, pois para trás a vida não permite; muita coisa se passou, muitas lembranças temos do passado, muitas tristezas foram vividas, muitas alegrias tambem e, pelo meio, muitas interrogações sobre o sentido da nossa existencis neste mundo; ele também já não é o mesmo do nosso tempo de meninice; os barquinhos de papel que faziamos deslizavam naquele riacho pertinho de casa, num riacho de águas limpidadas que faziam a nossa delicia como se estivessemos junto ao mar azul admirados com aquela imensidão de água que parecia não ter fim; já não existe o riacho e o mar, quando para ele olho já não me parece tão azul; e não é, Graça, infelimente, não porque ele tenha mudado, mas, sim, porque os humanos parecem não lhe admitir cou tão suave e bela. Amiga, este poema é lindissimo e agradeço-te imenso teres trazido esta escritora ao meu conhecimento; vou pesquisar sobre ela Fica bem, querida Graça, com os meus votos de saúde e serenidade para todos aí em casa. Um beijinho
Emilia ,

CÉU disse...

Um poema, que é uma dúvida ou várias do princípio até quase ao fim, mas o importante é que Licínia Quitério soube muito bem transmiti-las. O "Livro da Verdades" está esgotado há muito tempo.
Grata, minha amiga Graça, por ter trazido para a sua "seara" uma poetisa, que tão bem escreve.

Beijos e boa semana.

Anónimo disse...

Me encanta a sua poesia e tudo que você compartilha, são sempre envolventes inclusive as imagens, sempre ótimas escolhas. Sempre teio leio, e ainda que não comente em todos sempre saio daqui grato por tua sensibilidade. Fico agradecido por sua visita, sinta-se sempre bem vinda! Grande Abraço e feliz resto de semana.
Ney

Teresa Almeida disse...

"..Sei que vou continuar na voz do vento,
no vaivém das marés,..."
´E bom ir de vontade e deixar que a onda rebente e a palavra toque o horizonte.
Tão belo este poema de Licínia Quitério!

Abraço as duas.

baili disse...

beautiful selection from other harvest dear Grace !

all who have consciousness think at once in a life and question like these spring in sublime minds
we all wonder somehow ,sometime about our existence and sources that it came from ,either a fool like me does the same and often ,sometimes i think life is all about WONDERING ,the day it ends life ends itself :)
blessings to your sublime existence my talented friend!

Majo Dutra disse...

De campinas e marés, Licínia escreveu um texto algo expressivo
e bonito...
Beijinhos, querida Amiga.
~~~~

AC disse...

Uau!, este poema tocou-me.
É bom estar de regresso, cara Graça, fruir profundamente tudo o que vem plantando por aqui. Grato.

Um beijinho

Cidália Ferreira disse...

Boa tarde!
Tenho demorado, porque não tenho conseguido entrar nos blogues. Amei o seu poema!

-
Olho as montanhas, sem cor
Beijo e um excelente dia!

td disse...

"Sei que vou continuar na voz do vento,
no vaivém das marés,
sem perguntar se vasta é a planície"
Licínia Quitério fica bem na tua «Seara Alheia», minha amiga Graça.
Beijo.

Jaime Portela disse...

O poema é magnífico.
Gostei imenso, obrigado pela partilha.
Graça, continuação de boa semana.
Beijo.

Bell disse...

Por vezes ficamos como poema divagando.

bjokas =)

Duarte disse...

É uma maneira de ir, de ser, de existir, pois muitas vezes surge essa pergunta.
Gostei.
Beijinhos

Ana Freire disse...

Um poema maravilhoso... que se vai desenrolando, e crescendo em tantas vertentes... e em que cada dúvida... nos desafia a criar a semente da resposta...
Como sempre, uma extraordinária partilha, por aqui, Graça!
Beijinho! Desejando-lhe a continuação de uma excelente semana!...
Ando com alguma dificuldade em aceder a blogs do Blogger, por isso ando a comentar com algum atraso... pois a partir de uma certa hora, nem ao meu consigo aceder... mas já dei por mais pessoas, se queixarem do mesmo, desde a passada semana... não sei se por sobrecarga dos servidores, com esta alteração para o 5G...
Beijinho
Ana

lanochedemedianoche disse...

Siempre adelante con la lluvia fresca, la tierra y sus colores, el mar y sus criaturas, la luna y las estrellas, escribiendo para todos siempre.
Abrazo

lis disse...

Já li algumas vezes a escrita da poeta Licinia Quitério.
Sempre trazes uma bela escolha, Graça.
Das searas que nos enche a alma.
Abraço

Carlos Augusto Pereyra Martínez disse...

El poema bastante críptico, pero hay indicios de que es la voz del poeta que se pregunta por la ubicuidad para hablar desde todos los costados naturales y biológicos de la existencia.Un abrazo. Carlos

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, Graça!
Minha amiga Graça não conhecia a poeta Licínia Quitério, autora do livro Travessia, publicado pela editora Poética, em 2019, pelas informações que colhi desta tua postagem.
O belo poema de Licínia Quitério é aberto com estes belos versos:

“Quero dizer-vos que estou aqui
e me pergunto de onde venho,
como cheguei,
quem me pegou na mão e disse:”

Quando não leio os teus poemas, Graça, acabo conhecendo aqui outros talentosos poetas. Todos lucramos com a amável partilha.
Um bom final de semana Graça.
Um beijo.
Pedro

R's Rue disse...

Magnificent.

Manuel Veiga disse...

um poema de excelência da poeta amiga Lícinia Quitério
que muito admiro.

felicito-te, Graça, pela escolha.
beijo, minha Amiga

Humberto Maranduva disse...

A existência é uma deriva que resulta do acaso a que estamos sujeitos, mas, contudo, não devemos nunca perder o Norte, nem que, para tal, tínhamos que ser a agulha da bússola que nos tolhem.

Um óptimo poema, nutrido de esperança.

Bom fim-de-semana.

Ana Tapadas disse...

Muito belo o poema! Grata por conhecer.

Beijo

Ulisses de Carvalho disse...

É bom que se faça essas e outras perguntas, afinal a dúvida é o princípio da sabedoria, não é mesmo? Somente com perguntas é possível expandir a alma e, desse modo, nela fazer caber mais mundo. Quem acha que não tem mais nada para aprender, para em si fazer caber, como um pacote fechado, tem que deitar e morrer, ou virar um cogumelo. Diferente dos bichos, estamos sempre a caçar os porquês de quase tudo, mas, como eles (e como demonstra a autora no poema), a natureza, quando permitimos, pode nos invadir pelos olhos, pelos poros da pele, pela capacidade (que nem todos têm) de ver o tangível e o intangível com olhos de poesia e, assim, muito nos ensinar. Belo poema. Um abraço.

fatimawines disse...

Olá, Graça!

Ortogarfia no olhar ou, "ortotopografia" nem sei o termo existe, procura pontos de referência, sinaliações como que a procurar respostas.
O poema muito profundo mais parece uma equação onde, há mais perguntas do que respostas e ,ainda bem.
bj.

manuela baptista disse...

Em busca do livro das perguntas.

tulipa disse...


OLÁ GRAÇA
no próximo sábado dia 14 vai ser o lançamento de um livro de poesia
patrocinado pela Câmara que convidou os Munícipes a escrever poemas
Participei com 5 poemas

A ver vamos como vai ficar o livro
é surpresa.

Não tenho a veia poética que a Graça tem
mas, de quando em vez vou tentando

Sobre esta partilha só posso agradecer a bela escolha!

Há posts novos aqui:
http://momentos-perfeitos.blogspot.com/
 
http://pensamentosimagens.blogspot.com/ 

Beijinhos da Tulipa
Boa semana e dias lindos

às vezes também me pergunto de onde venho,
como cheguei...
Parabéns a Licínia Quitério

Lucinalva disse...

Olá Graça
Belo poema, bjs querida.

fatimawines disse...

Olá, Graça!
Imperdoável, o meu comentário anterior, curto mas com pelo menos dois erros de português, sinalizações, nem sei se,...
sorry.

Fá menor disse...

Belíssimo!
Estamos aqui e rodeamo-nos de interrogações. E mesmo que a verdade nos seja ocultada não nos devemos poupar a persegui-la no sonho que nos é dado a viver.

Beijinhos.