2.11.20

Deambulou ao acaso

Olívia Marques

Deambulou ao acaso
soltando os fantasmas e os sonhos. 
Transpôs os espelhos quebrados, 
os muros caídos, as árvores já velhas. 
No desfile mágico dos mortos 
procurava pedro páramo, afirmava. 
Mas os caminhos extenuaram-lhe os pés 
e a sua boca inchou com o silêncio, 
com a poeira, com as ervas secas. 
Assombrado, rebolou o corpo 
pelo chão até ser trevo rasteiro.

Graça Pires
De A solidão é como o vento, 2020, p. 53

67 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Um curioso poema (de desespero?) na procura de alguém inexistente e que a existir estaria muito longe.
Gostei. Obrigado.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Um belo poema de homenagem a Juan Rulfo, gostei.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Anete disse...

Profundo e forte, assim como é a solidão. A conclusão fala de "ser trevo rasteiro", bonita expressão depois de uma dura procura...
Bom Novembro, Graça. O meu carinho...

João Santana Pinto disse...

Lindo, profundo e um pouco triste. Há caminhos assim...

Um beijo e bom início de semana

Maria João Brito de Sousa disse...

Nestes últimos dias, tenho acompanhado a sua poesia em silêncio, mas com muito agrado.

Abraço

Jornalista Douglas Melo disse...

Amiga Graça,
Versos que desfilam na solitude que se revela, nos dias vazios e rasteiros que sobrevivem.
Um beijo, boa semana e cuide-se!!!

chica disse...

Muito linda, melancólica, profunda! beijos, chica

Os olhares da Gracinha! disse...

Muito intenso o momento de leitura!!!
Boa semana 🙏

alberto bertow marabello disse...

vagare a caso liberando fantasmi e sogni...
è semplicemente delizioso

grazie, Amica Poetessa,
bouna settimana
Um beijo

" R y k @ r d o " disse...

Tela lindíssima e um poema intenso, profundo, muito sedutor de ler.
.
Um dia feliz
Cumprimentos

Maria Emilia B. Teixeira disse...

Boa tarde Graça Pires.
Bastante denso o poema.
O que fica é o silêncio e a solidão.
Uma boa semana para você. Bjs.

Cidália Ferreira disse...

Qual das duas é mais Bela? A tela ou a poesia? Ambas! :)
--
"É preciso acreditar em bons ventos"
-
Beijo, e uma excelente Semana
Proteja-se...

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Profundo e forte.
Mas com uma força para não se deixar vencer.
A tela da Olívia Marques é belissíma.
Uma postagem muito bela amiga Graça.
boa semana.
beijinhos
:)

carlos perrotti disse...

Belos versos que incluem uma homenagem ao grande Juan Rulfo, refletindo o espírito de sua literatura. Alto poema alto, amiga Graça.

Muito obrigado por compartilhar. Abraço imenso.

Smareis disse...

Boa tarde Graça!
Um poema bem intenso, gostei muito de ler.
Lindíssima pintura de Olívia Marques.
Ótima semana pra você Graça.
Um beijo!

R's Rue disse...

❤️

A Paixão da Isa disse...

tanto uma como a outra muito bonito o poema um pouco triste mas nao deixa de ser bonito bjs saude

Margarida Pires disse...

Olá querida amiga Graça!
As suas palavras encantam minha aprendiz alma de poetisa!
Um abracinho com um sabor a outonal!💛🍂💛
Megy Maia🌈

Victor Barão disse...

Superior inspiração.
É por isto que eu costumo dizer que vós a/os poetas dizem muito e, no caso, muito profundamente em poucas palavras, o que prosaicamente não se costuma ou consegue dizer num ...milhão... de palavras _ sem prejuízo das magistrais prosas, que, à sua medida, as há!
Belíssima a imagem.
Profunda e até emocionalmente tocante o Poema.
A minha humilde vénia por tudo.
Abraço de profunda admiração e, se cabe, amizade.
VB

Ailime disse...

Boa noite Graça,
Um poema muito, muito belo e profundo!
Uma busca ao mais profundo da existência quando os sonhos e os fantasmas nos rodeiam e como resposta temos apenas o silêncio, os escombros e as memórias.
O final é admirável!
Um beijinho, minha Amiga e Enorme Poeta.
Desejo-lhe uma boa semana, com muita saúde.
Ailime

lanochedemedianoche disse...

Intenso y razonable en los tiempos que vivimos, me encanto.
Abrazo

JUAN FUENTES disse...

Palabras,palabras,cultura y mas cultura.

Fá menor disse...

Bela imagem escolhida para ilustrar palavras poderosas!
Da terra viemos, terra tornaremos.

Boa semana, amiga!

Beijos.

manuela barroso disse...


As ruínas são das imagens mais amargas de se ver e descrever. São indescritíveis os sentimentos de orfandade e impotência
A exaustão personificada pela solidão e silêncio e a belíssima tela de Olívia Marques
Mais um grande momento poético , querida Graça .
Um grande beijinho e muita saúde 🌸

Teresa Almeida disse...

Vida de luta e de angústia até ser trevo rasteiro. O trevo que traz no ventre a chave da felicidade. E a chave da inspiração não é fácil de encontrar.

Gostei imenso, Graça.
A pintura de Olívia Marques também é inspiradora.

Beijo.

bea disse...

Há qualquer sortilégio de beleza dramática nos seus versos que nos entra para dentro da pele.
Boa semana, Graça.

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de paz, querida amiga Graça!
Deambulando... Silenciando...
Sendo rasteira pela caminhada...
Um misto de sentimentos num conjunto sombrio como sugere a pintura .
Tenha uma nova semana abençoada!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, amiga Graça, gostei muito do teu belíssimo poema, nascido de uma fértil imaginação e sensibilidade. Parabéns minha amiga poeta.
Uma excelente semana com os cuidados com a saúde, Graça.
beijo.

Toninho disse...

O livro compila estes estados de solidão.
Sua arte mais que bela não finda.
Belíssima escolha e partilha Graça.
Adoro ler seus belos voos.
Beijo amiga e feliz semana.

Marta Vinhais disse...

Deambulamos à procura de alguma coisa... e, às vezes, o que colhemos são apenas decepções.
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

baili disse...

a magical painting of a random wander dear Grace :)

i felt the longing and desperation of steps and heaviness of exhaustion of feet
what a joy to be able to read your poetry my friend ,it is like entering an endless castle filled with wonders and gleams !!!
hugs and blessings!

LuísM Castanheira disse...

Também ele um mágico, um louco na loucura da procura, na constante
e utópica caminhada.
E se a personagem Pedro Páramo não foi
encontrada, o Autor, por certo ficaria encantado.
Que belo Poema e homenagem aqui está,
querida Amiga.
Sempre, como sempre, admiro-te.
Beijos e cuida-te muito. Feliz semana.

alfacinha disse...

Um maravilho esse poema
cuide-se

teresa dias disse...

Há deambulações desesperadas que não nos levam a lado algum.
Querida Graça, adorei o final deste poema.
A tela, linda, de Olivia Marques parece ter sido pintada para palavras tuas.
Beijo, minha amiga. Boa semana, protejam-se.

Emília Pinto disse...

Não podemos prever o futuro, por muito que nele pensemos, não sabemos voar embora o desejassemos tantas vezes para assim fugirmos de realidades nem sempre agradáveis e tanta vezes dolorosas, dolorosas de as viver, não menos dolorosas de as observamos na vida de tantas e tantas pessoas. Resta-nos o aqui e o agora que deve ser vivido com equilibrio e sensatez, tendo sempre em conta os outros, principalmente aqueles que " deambulam ao acaso" sem rumo e sem esperanças de o encontrar. A solidão, o descaso, a falta de oportunidades é só o que eles encontram pelo caminho que são obrigados a fazer; doem os pês, doi o corpo por inteiro, doi a alma de tão inquieta. ; perdem a vontade de viver esta vida que para eles nada de bom tem trazido. É essa a triste realidade doa muitos que " deambulam ao acaso " e que nós tantas vezes fingimos não ver. Belos poemas, este, nesta tua seara e também o anterior numa outra seara totalmente desconhecida para mim; Adorei passar pelas duas ; dois belos momentos, Graça! Muito obrigada e, por favor, cuide-se, pois os tempos são dificeis! Pensemos naqueles que " deambulam ao acaso " e tentemos ajudar! Beijinhos e SAÚDE para todos
Emilia🌈🍀🍃

São disse...

Muito bom poema

Querida , beijinho e cuida.te

Maria João Brito de Sousa disse...

Na dúvida de que pudesse ter lido a minha resposta ao seu simpático comentário no meu há muito perdido Pekenasutopias, informo que mantenho, desde Janeiro de 2008, publicações diárias no poetaporkedeusker.blogs.sapo.pt

Forte abraço, Graça!

N A S S A H disse...

Beautiful poem i loved the photo

A.S. disse...

Há tantos com os pés já extenuados, deambulando ao acaso, assistindo ao desfile mágico dos mortos!
Mais um belíssimo momento poético que nos deixa Graça Pires!

Muita saúde e uma boa semana. Cuide-se muito!
Beijo.

Ulisses de Carvalho disse...

caminante, no hay camino, se hace camino al andar...
e assim a vida segue. nosso tempo é quando.
um beijo, Graça.

Rajani Rehana disse...

Mind blowing poem

Isa Sá disse...

Bonito poema!

Mariazita disse...

Sente-se a força e o peso deste excelente poema como se o carregássemos aos ombros.
Uma busca incessante, cansativa, que o deitou por terra.
A alusão a Juan Rulfo (que Gabriel Garcia Marques, um dos meus autores preferidos, elogiava tanto) dá-lhe ainda mais vigor.

A tela é lindíssima!


Bom final de Terça-feira e uma feliz semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

Lídia Borges disse...


Conhecer-te deste e de outros poemas foi, para mim, uma sorte, um privilégio, como sabes. Julgo eu.

Obrigada!

Lídia

Gracita disse...

Estamos sempre deambulando à procura de algo que muitas vezes nem sabemos o que é
O poema e tela formaram um dueto notável e excepcional querida amiga
Beijinhos

Siby disse...



Graça, intensidad y hermosura
en tus letras.

Besitos dulces
Siby

ManuelFL disse...

A vida é por vezes, ou quase sempre, uma procura inacabada, trilhando caminhos que nos extenuam os pés, talvez "à procura da sombra de uma luz que não há", como no poema Cidade de Ary dos Santos cantado pelo Zeca Afonso.

Quando o filho vai à procura de Pedro Páramo, a mãe, à beira da morte recomendara-lhe "Não deixes de ir visitá-lo" mas antes dissera "Não lhe vás pedir nada. Exige-lhe o que nos pertence. O que me devia ter dado e nunca deu ."

A solidão é como o vento, quando deambulamos ao acaso, soltando fantasmas e sonhos.

Bem hajas Graça por nos dares tanta beleza e emoção.

Bjs.

Teresa Durães disse...

Este livro está profundamente marcado de solidão, como diz o título, mas cada poema é mais belo que o outro!

Lucinalva disse...

Olá Graça
Poema interessante e a imagem também. Bjs querida.

Lu Dantas disse...

É tanta sensibilidade e beleza por aqui. Lindo, Graça. beijos

https://ludantasmusica.blogspot.com/

solfirmino disse...

Graça, no dia da sua postagem, foi feriado dos mortos no Brasil. Esse poema podia ser como um filme mexicano em que se procura um amado entre os fantasmas e não se acha, perde-se a si mesmo e se transforma em planta, de tanto caminho e cansaço. Adoro, sempre!
Um beijo, espero que sua semana esteja indo tranquila

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá minha amiga Graça, belíssimo poema o qual se presta muito às nossas reflexões. Parabéns!
Desejo uma excelente semana, com saúde e paz.
beijo.

As Mulheres 4estacoes disse...

Olá, Graça!

Que lindo e forte poema.
De vez em quando precisamos soltar os fantasmas que nos assombram, ainda que ao fazer isso, fiquemos a andar sem rumo ao encontro de nós mesmo.

Um abraço,
Sônia

Jaime Portela disse...

Excelente poema (mais um...).
Parabéns pelo talento poético.
Continuação de boa semana, querida amiga Graça.
Beijo.

Cris Unterstell disse...

Bem real, obrigado.Abraçosss

Majo Dutra disse...

Que quadro tétrico, Graça!

Será a maior das solidões... Suponho que acontece.

Dias bons e aconchegantes. Beijinhos
~~~~~~~~~~~~~~

Alécio Souza disse...

Belo poema que mostra inquietude, solidão e angústia!
Bom final de semana pra você.
Um beijo!

Olinda Melo disse...


Bom dia, querida Graça

A arte de dizer tanto em tão poucas palavras.
Um mundo de desespero e solidão num quadro
que rivaliza com a tela que ilustra o Poema.

Belo e tocante. Adorei.

Beijos
Olinda

eli mendez disse...

Un poema tremendo, fuerte y con ua profunda soledad a cuestas que parece resucitar al final. Me ha gustado muchisimo1 Te dejo un abrazo sentido en la distancia y te deseo un feliz fin de semana

Maria Rodrigues disse...

Há deambulares em cujo final apenas encontramos a desilusão, angústia e solidão.
Um poema sublime.
Beijinhos

Carlos Augusto Pereyra Martínez disse...

Creo que los muertos, nuestros muertos no los olvidamos. Y qué mejor poema para traerlos a la memoria que este, que hace alusión a Pedro Páramo, el personaje muerto de la novela incomparable de Juan Rulfo. Un abrazo. Carlos

Diná Fernandes de Oliveira Souza Souza2 disse...

Versos curtos, profundos e enxutos demonstram a inquietude de quem vaga ao acaso.Gostei da tela que encima o poema.

Boa tarde de paz.

Bjss

Agostinho disse...

Tanto Pedro Paramo, tanta procura, tanta loucura, tanta degradação, tanra solidão.
Tanta poesia na erva easteira.
A surpresa de ser trevo?
Magistral, Amiga Graça Pires.
Beijo.

Ana Freire disse...

A vida é um permanente deambular... por entre os sonhos... e os nossos fantasmas... até que os nossos passos se extenuem...
Movem-nos os sonhos... cultivemo-los ao máximo, enquanto pudermos... e que em vez de grandes... possam somente ser possíveis... e já teremos tido uma existência plena, enquanto cá andarmos... sempre tendo algo com que sonhar...
Mais um poema de excelência, Graça, como sempre por aqui!...
Beijinhos
Ana

José Carlos Sant Anna disse...

Em busca de algo que falta, vai deambulando à procura... Vida é carência!
Bela e inspiradora a tela de Olívia Marques. É belo é o seu poema.
Meu deambularam por esse código particular, que é a sua poesia!
Um beijo, minha amiga Graça!

Ana Tapadas disse...

Extraordinário poema, este! Arranhou-me por dentro.
Beijo amigo.

Duarte disse...

Que riqueza no dominio da metáfora! Uma excelência engloba este grande poema.
Beijinhos com afecto