25.9.23

Nomes sem eco



Sangram nomes dispersos 
em bocas invadidas por aves migratórias. 
Nomes sem eco em infindáveis viagens. 
Caminhantes multiplamente estrangeiros 
submersos em cansaço 
com a fuga a latejar no olhar. 

O ritmo dos passos 
segue com lentidão o som do vento 
no fio da indiferença 
que goteja sobre as cidades agrestes 
com esquinas irregulares 
sem abrigo algum. 

Graça Pires 
De O improviso de viver, 2023, p. 50

51 comentários:

Klaudia Zuberska disse...

Hello!
Wonderful poetry, full of emotions. I really feel my heart beating inside me. Incredible.
Greetings from Poland!

Roselia Bezerra disse...

Bom.dia de outono, querida amiga Graça!
Muito dolorosa a situação dos imigrantes em busca não só de um abrigo, mas de vez e voz.
O eco da injustiça ressoa pelos quatro cantos do mundo.
Tenha uma nova Estação abençoada e feliz!
Beijinhos aconchegantes
🍂🍁🌾🌻😘

chica disse...

Linda foto e poesia que faz pensar na triste situação desses que não são vistou ou ouvidos nas cidades!

beijos praianos, chica

Jaime Portela disse...

As aves migram com muito maior facilidade.
Já morreram demasiadas pessoas para que se continue sem uma política consistente a nível mundial para minimizar este problema. Problema esse que tem que ser resolvido na origem.
Excelente poema, gostei imenso.
Boa semana, um beijo.

Marta Vinhais disse...

Dor, medo, angústia....um problema que tarda a ser resolvido...
Beijos e abraços
Marta

Maria João Brito de Sousa disse...

Tão belo e tão irremediavelmente triste este relato da fuga das aves sem nome nem asas e dos peixes sem voz nem guelras nem barbatanas, Graça.

Um beijo

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Uma tragédia dos nossos tempos.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

São disse...

Mostras bem a tragédia das pessoas cuja sofrimento é indiferente para quem detém o Poder.

Amiga, caloroso abraço e semana com saúde e paz!

Ailime disse...

Boa tarde Graça,
Um poema belíssimo que nos mostra a triste realidade dos tempos atuais em que em fugas constantes, muitas tragédias, são infelizmente ainda ignoradas e olhadas por mentes indiferentes!
Que haja consciência nos "poderosos" do mundo!
Beijinhos e uma magnífica semana, minha Amiga e enorme Poeta.
Ailime

Olinda Melo disse...


Querida Graça

Gritar as injustiças deste mundo até que a voz
nos doa. Escrever e apontar a insanidade dos
que detêm o poder e nada fazem para minorar a
infelicidade de quem procura abrigo e paz.
São tantos e tantos nessas condições que me
espanta a insensibilidade das políticas que
permitem tal estado de coisas.

Um poema que nos toca profundamente.

Beijinhos
Olinda

Anónimo disse...

Muito triste e angustiante.
Desejemos luz a todos, que todos sejam iluminados por Deus.
Beijos abençoada primavera.

Luís Palma Gomes disse...

Também sinto esse desespero de quem chega ou foge e chega às cidades ocidentais. Exactamente porque aquilo que melhora no lugar do destino é ainda tão pouco, humanamente falando. Vivo rodeado de emigrantes nos transportes e em parte na cidade onde vivo. Na verdade, parecem-me mais felizes que os autóctones, mais optimistas. É um questão de expectativas. A minha pouca experiência do terceiro mundo é pungente. Alguns países parecem ainda medievais com a diferença de terem sido tocados pelos europeus. Certo dia, meti conversa no metro com o Gonçalo Cadilhe, o grande viajante português da atualidade. Ele confirmou-me que as condições de vida fora do ocidente são péssimas para a maioria das pessoas. Era bom que tirassemos as devidas ilações destas evidências.

Anónimo disse...

Que linda, mas triste verificação em versos da situação de quem vive nessas condições. Sempre a ganância a brilhar e deixar as trevas reinarem. Parabéns! Um abraço!

Mário Margaride disse...

Uma triste realidade neste mundo cruel e injusto. Onde milhões e milhões de pessoas são ignoradas, sem terem a capacidade de se fazerem ouvir...
Gostei muito deste poema, amiga Graça.
Deixo os meus votos de uma boa semana, com muita saúde e paz.
Beijinhos, com carinho e amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

partilha de silêncios disse...

Excelente poema.
Uma triste realidade que tarda a ser resolvida.
Continuação de boa semana.
Bjs

Fá menor disse...

Há sempre quem injecte sofrimento às massas indefesas. Belo de triste!

Beijnhos e boa semana!

brancas nuvens negras disse...

Gosto da sua poesia e das mensagens que transporta.
Um abraço.

J.P. Alexander disse...

Hermoso y profundo poema. Da pena como esa gente lucha por un sueño. Te mando un beso.

Maria Rodrigues disse...

Um grito de alerta para uma triste e dolorosa realidade.
Um poema sublime!
Beijinhos

Anete disse...

A foto já fala muito e o seu texto diz tudo, Graça. Poeticamente trouxe uma reflexão da dolorosa realidade de uma gente tão sofrida.
Bjs e bom finzinho de setembro...

Majo Dutra disse...

São sagas dolorosas e realmente comoventes.
Poema de profundo valor humanitário..
Abraço, Poeta Amiga.
~~~~~~~~~~~~

lanochedemedianoche disse...

Un mensaje que te llena los ojos de lágrimas, y desesperación, el ser humano tiene sus dobleces.
Abrazo

Betonicou disse...

Boa noite, Graça! Este poema é uma reflexão profunda sobre a condição humana, a busca por pertencimento e a persistência diante da adversidade. É um testemunho do espírito humano e da nossa capacidade de resistir e continuar, não importa o quão árdua seja a jornada. Muito belo e profundo. Grande beijo!

solfirmino disse...

Querida amiga, que poema atual, quando tem tantas pessoas pelo mundo perdendo suas identidades no contexto da migração.
O poema pode ser lido, entre outras coisas, como uma crítica à forma como as sociedades muitas vezes tratam os "caminhantes multiplamente estrangeiros", deixando-os sem abrigo e indiferentes à sua luta,"submersos em cansaço":
"que goteja sobre as cidades agrestes
com esquinas irregulares
sem abrigo algum"
Esse trecho revela o ambiente hostil e sem compaixão. Por isso a sensação de isolamento que muitos experimentam ao se mudarem para locais desconhecidos, quando conseguem chegar. Sabemos de casos em que muitos morrem no trajeto.
A "fuga a latejar no olhar" indica que a busca pelo pertencimento sempre está presente.
Ótimo poema.
Beijinho

Juvenal Nunes disse...

Oportuno poema atual.
As migrações dos seres humanos, sem a garantia de uma chegada segura e orientada, levam ao encontro de outros problemas, muitas vezes insolúveis.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes

ManuelFL disse...

Este poema, e a imagem que o acompanha, interpela-nos a todos.
É urgente substituir o fio da indiferença por um acolhedor abraço fraterno.

Bjs

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Graça

um poema excelente, embora o tema seja doloroso e dramático.
fiquei com um nó na garganta ao ler e ao ver a foto de suporte.
boa semana.
deixo um beijo
:(

Laura. M disse...

Muy triste ver tanta migración hoy para buscar un seguro de vida.
Gran reflexión Graça.
Buen miércoles.
Un abrazo.

Luiz Gomes disse...

Boa quarta-feira e com muita paz e saúde minha querida amiga Graça. Poema e imagens, atualizadas.

alberto bertow marabello disse...

Una bellissima poesia per un dramma senza fine, senza fine proprio come la strada per questi esseri umani. Che alla fine questo sono: esseri umani.
Un abbraccio amica Poetisa.
Grazie delle tue poesie

teresa p. disse...

"Nomes sem eco em infindáveis viagens" São os migrantes que fogem da guerra, das cheias, das secas e de toda a crueldade, procurando um lugar para viverem em paz e com dignidade. Um drama atual, sem solução à vista. Quando é que o mundo deixa de ser indiferente ao sofrimento destes seres humanos? A foto ilustra bem esta tragédia.
Beijo.

Agostinho disse...

O poema mexe com os castelos das nossas certezas. Por exemplo, todo o homem tem direito a nome à nascença - bem supremo da existência - contudo a boa administração reduz as identidades a números, por imperativo estatístico.
Excelente.

Como ter eco se até os ouvidos
(próprios) se desabituam do som
que os erguia na casa materna.
Esquecem a origem para sentirem
a estranheza do tempo e do espaço
nas entranhas.

Boa saúde, Amiga Graça Pires.

Teresa Almeida disse...

Estes pés poderiam ser nossos!
Como doem a imagem e as palavras!
E o caminho é cada vez mais rigoroso e violento.

Parabéns, minha amiga.
Saudades e um beijo.

Lucinalva disse...

Bom dia, Graça
Poema reflexivo, a desigualdade social é gritante, um forte abraço.

baili disse...

the dark side of the picture makes soul heavy indeed dear Grace

i used to be an extremely emotional person ,my heart would hardly stop thinking about belly who were empty while i was taking bite ,about homeless people during rains when i had shelter ,all i had tears to shed and a question at heart why

now i try to take refuge in deep breath when i feel sinking into dark well of ugly reality of life

Mário Margaride disse...

Olá, amiga Graça,
Passando por aqui, relendo este excelente poema que muito gostei, e desejar um Feliz fim de semana, com muita saúde e paz.
Beijinhos, com carinho e amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

lis disse...

Uma imagem triste, infelizmente recorrente no mundo inteiro.
O poema também tem a cor e ritmo desses caminhantes sem pátria e sem rumo.
Obrigada pela demonstração de empatia da qual comungamos.
Um abraço forte Graça e boa semana

Ana Freire disse...

Uma triste realidade, magistralmente bem delineada!
Hoje associamos os fluxos migratórios, apenas a determinados países.
Contudo, com as alterações climáticas... aumenta a escala do problema! Hoje serão eles... mas num futuro cada vez mais próximo... poderemos ser todos nós, enquanto habitantes de um mundo cada vez mais inabitável!
Um notável momento poético, com uma poderosa mensagem!
Adorei cada palavra, Graça!
Um beijinho grande! Bom fim de semana!
Ana

Luiz Gomes disse...

Bom dia de domingo e um excelente mês de outubro, com muita paz e saúde minha querida amiga Graça.

Tais Luso de Carvalho disse...

Que imagem triste, querida Graça!
E um poema de uma sensibilidade enorme,
revelando e trazendo as misérias do mundo.
E dizer que, com tudo isso, ainda há guerras no mundo...
Onde mora a compaixão, o amor, a conscientização da triste
realidade?
Aplaudo você, amiga!
Uma feliz semana, paz e saúde.
Beijinho.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, amiga Graça,
Um belíssimo poema para ser lido
mais de uma vez.
Sensibilidade e arte aqui presentes.
Parabéns, amiga.
Votos de uma ótima semana, saúde e paz.
Beijo.

Betonicou disse...

Olá Graça! Eu gostei muito do seu poema, que expressa com sensibilidade a angústia e a solidão dos migrantes. Você conseguiu transmitir uma mensagem de denúncia e de compaixão em poucos versos, que me tocaram profundamente. Parabéns pelo seu talento e pela sua sensibilidade. Grande beijo.

pensandoemfamilia disse...

Lindo poema de uma realidade triste. Parabéns

Jaime Portela disse...

Gostei de reler este excelente poema.
Boa semana, minha amiga Graça.
Um beijo.

teresadias disse...

Poema / retrato de uma triste e dura realidade, que os poderosos teimam em ignorar e a todos nós comove e envergonha.
Querida amiga Graça, desejo-te um Outono com muita saúde.
Beijo, boa semana.

Olinda Melo disse...

Tudo bem, querida Graça?
Beijinhos
Olinda

Carlos augusto pereyra martinez disse...

El poema es de una gran fuerza metafórica en los pájaros sangrando en sus bocas las heridas de la trashumancia de los migrantes, más allá de sus patrias minusvàlidas. Un abrazo. Carlos

bea disse...

A descrição poética dos chamados "refugiados" brilha na pena da Graça como pérola. Pinta-nos os que emigram pobre e miseravelmente para o que supõem um oásis e, tanta vez, lhes dá a morte ou as costas (basta saber as formas como fazem caminho).
A luta incessante dessa gente que busca com afinco adaptar-se a terra estranha, persegue-nos, incendeia-nos a memória, confrange-nos a visão do presente e as expectativas de futuro. Fogem do seu mundo terrível, de onde não deveriam ter de sair. E não me refiro à também tão importante, invasão, sangria que não pára e, sem regra ou lei (existem, mas tão mal estruturadas que tudo permitem), os desprotege tanto como nos empobrece a nós que lhes damos os piores trabalhos, os mais ingratos e sujos e nos fazemos patrões ou senhores de escravos modernos - médicos trabalham nas obras, e tanta mulher diplomada trabalha a dias em casas de família, aqui e ali. Tudo fazem para sobreviver e trazer a família. Aquilo por que clamo é talvez um impossível, mas o que cada um merece é viver no seu lugar de pertença com as condições de vida necessárias. A emigração por vontade é diminuta, basta que nos lembremos do que acontecia no antigo regime; ou mesmo hoje que perdemos diplomados todos os dias, muito embora sejam outra natureza e a mim, pessoalmente, não me confranja assim tanto perdê-los - saem com contrato vantajoso emigram para um país que os recebe melhor que o deles. Ainda que todos procurem condições dignas de vida, há grande diferença entre as duas espécies de migrantes- uns querem sobreviver; outros pretendem e conseguem viver melhor e a maioria vai ficar por lá por vontade e com as benesses que no país não conseguiriam nunca. Tenho no entanto, pelos que ficam connosco, a maior consideração. Ganham mal, são a chamada "geração mil euros", mas não desistem de Portugal. Esse é o povo que admiro profundamente, seja formado ou não. O que mais respeito e me merece o gesto tão alentejano de ficar de boné na mão.
Não posso alongar-me mais no comentário ou explanar as consequências para o país da sobrelotação de refugiados nem do nefasto que é para o futuro de Portugal formar gente para doar ao estrangeiro. E etc.
Bom dia, Graça (desculpe o excesso).

A.S. disse...

Este é a triste realidade que nossos olhos vêm, com o coração já afogado por tantas mágoas!
Estas almas deambulam, alheios a tudo querendo apenas sobreviver. Escondem o seu rosto apócrifo onde se adivinham gritos sufocados e esgares de raiva e medo.
Que se passa com o mundo? Quando chegará a nossa vez?!

Uma boa semana minha Amiga Graça, com muita saúde.
Um beijo.

Jornalista Douglas Melo disse...

Quem dera a vida fosse feita só de momentos felizes e paisagens floridas. Mas, a ganância excessiva do ser (dito humano), mantém o povo com o cérebro inativo, barriga vazia e pés descalços.
Há uma frase minha que diz:

“Vivemos dias terríveis, onde o cifrão está superando o coração!”

Um beijo minha amiga Graça!!!

mz disse...

Quanto cansaço nos caminhantes que não podemos imaginar...
aves feridas no peito de tanto voo rasante ao chão seco de poeiras.

Grata de todos os comentários no meu blogue que de momento não posso atualizar. Todo o meu caminho é a fotografia e poderá acompanhar aqui:

https://www.instagram.com/m.jose.coelho/

Desejos de muita inspiração para a sua poesia maravilhosa!

Um abraço!