21.10.24

Até quando?

 



Recuam até ao lodo do silêncio.
Sangue engolido devagar.
Escorregadio como algas.
Difuso e seco como o medo.

São palavras sempre sujas
as que lhes agridem o corpo
e lhes laceram a alma.

A fuga é o único recurso
mesmo que o desenredo
seja a solidão ou a morte
tantas vezes inevitável.
Até quando?

Graça Pires
De O improviso de viver, 2023, p. 51

3 comentários:

chica disse...

Linda poesia, triste situação onde apenas a fuga parece sentido ter! Ótima semana! beijos, chica

Marta Vinhais disse...

Sim, até quando??? Sofrer brutalmente....
Belo...
Beijos e abraços
Marta

Mário Margaride disse...

Bom dia, amiga Graça,
Poema muito oportuno, onde realça a violência doméstica e as suas nefastas consequências.
Sem dúvida um cancro da sociedade que urge resolver.
Gostei de ler, estimada amiga.
Deixo os meus votos de feliz semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.

Mário Margaride

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