21.10.24

Até quando?

 



Recuam até ao lodo do silêncio.
Sangue engolido devagar.
Escorregadio como algas.
Difuso e seco como o medo.

São palavras sempre sujas
as que lhes agridem o corpo
e lhes laceram a alma.

A fuga é o único recurso
mesmo que o desenredo
seja a solidão ou a morte
tantas vezes inevitável.
Até quando?

Graça Pires
De O improviso de viver, 2023, p. 51

12 comentários:

chica disse...

Linda poesia, triste situação onde apenas a fuga parece sentido ter! Ótima semana! beijos, chica

Marta Vinhais disse...

Sim, até quando??? Sofrer brutalmente....
Belo...
Beijos e abraços
Marta

Mário Margaride disse...

Bom dia, amiga Graça,
Poema muito oportuno, onde realça a violência doméstica e as suas nefastas consequências.
Sem dúvida um cancro da sociedade que urge resolver.
Gostei de ler, estimada amiga.
Deixo os meus votos de feliz semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

Rogério G.V. Pereira disse...

Teu poema
rima
com a (des)ordem
do dia

Beijo triste

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça,
Como definir o que sua publicação
ne trás? Prefiro reler e pensar mais
para voltar durante a semana,
Posso dizer que o que leio
é tocante.
Bjins reflexivos.
CatiahoAlc.

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Graça!
"São palavras sempre sujas
as que lhes agridem o corpo
e lhes laceram a alma."
A Violência tem aumentado muito e agridem à alma sem piedade.
Seus poemas abirdaj temas atuais de fiena muito profunda.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos

Luiz Gomes disse...

Bom dia e ótima semana. Uma segunda-feira com muita paz e saúde. Muita inspiração, minha querida Graça. Muitos fugindo e procurando refúgio em outros países. Outro procuram em drogas, vícios e até em bebidas alcoólicas.

" R y k @ r d o " disse...

.
Sem dúvida a pergunta que se impõe: ATÉ QUANDO?
.
Saudações cordiais. Um dia feliz.
.
“” FELICIDADE SENTIDA ““
.

Fá menor disse...

Um poema confrangedor. E tantas vezes assim é. Vezes demais.

Beijinhos e boa semana!

brancas nuvens negras disse...

Sim, por vezes há um desejo da fuga... mas depois... a solidão.
Boa semana.
Um abraço.

São disse...

Até as mulheres não permitam em nome seja do que for serem consideradas objectos.

Até a dita Justiça não considerar crimes menores as agressões contra mulheres.

Até a Religião não enaltecer a masculinidade em detrimento da Mulher.

Amiga, beijinho de saúde e feliz semana :)

MELODY JACOB disse...

Your poem is incredibly powerful and evocative. The imagery of silence and retreat into the mud conveys such a deep sense of struggle and pain. It resonates with the feeling of grappling with fear and the weight of unspoken words. "Until when?" is a haunting question that lingers, emphasizing the urgency and despair in the search for escape. Thank you for sharing this moving piece.

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