A.E.E.
resvala para uma irremediável timidez
nesta errância de palavras confidentes.
Com as mãos vazias, desarmadas,
em desconforto, em alarme, quase faleço
perto das trepadeiras presas em estacas
quando os relâmpagos estremecem a terra em pousio.
A lua enchente alumia as colmeias
varridas pelo sobressalto de águas subterrâneas.
Um escorpião arrasta-se pela margem de todos os sustos.
Escondo as dores no estreitamento dos dias,
e aprendo com os bichos a usar as mantas da noite
porque sinto o sopro dolorido do vento
a rasgar a intimidade das nuvens.
Graça Pires
De Antígona passou por aqui, 2021, p.47
10 comentários:
Um poema soberbo.
Que até parece ter sido escrito enquanto os relâmpagos se faziam ouvir.
Boa semana querida amiga Graça.
Um beijo.
Relâmpagos riscando os céus são assustadores!
Linda tua poesia,Graça!
Ótima semana!
beijos, chica
Os relâmpagos são perigosos e fazem de facto estremecer a Terra.
Mas, há outros mais bem perigosos, aqueles que os senhores da guerra lançam sobre as populações Inocentes, deixando um rasto de morte e destruição.
Excelente poema, amiga Graça. Gostei muito.
Deixo os meus votos de uma excelente semana, com muita saúde e paz.
Beijinhos com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Boa tarde Graça,
Minha querida Amiga e Enorme Poeta, que poema tão belo que li e reli deleitando-me com as suas magníficas metáforas que são geniais.
A foto ilustra de forma majestosa toda a magnanimidade do seu maravilhoso poema.
Um beijinho e uma boa semana.
Emília
Uma guerra poderosa e que arrasta a destruição...
Beijos e abraços
Marta
Bom dia e uma excelente segunda-feira minha querida amiga Graça. O Brasil é um dos lugares do mundo, onde se tem relâmpagos e queda de raios.
Extrema sensibilidad la suya Poeta Graça, ya para sacudir o iluminar. Nunca deja indiferente. Con el placer de leerla una vez más.
Abrazo até lá.
Presumo que este teu belo poema tenha sido inspirado nas trovoadas recentes , que felizmente me passaram ao lado.
Amiga, beijinho de saúde e feliz semana :)
Gostei tanto deste poema, Graça. No agora que vivemos existem demasiados relâmpagos e tempestades e só nos cabe sofrê-los, não temos mão a que obedeçam. Mas há muito quem os semeie.
Contudo, se o amanhã é duvidoso e se apresenta escurecido, vivamos o hoje estando todos em cada coisa, como propôs Pessoa. E mesmo que não sejamos grandes, seremos inteiros. Ao menos de quando em vez.
Boa semana, Graça
"Un escorpión se arrastra al borde de cada susto" me encanta esa metáfora. Un abrazo. Carlos
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