13.1.07

A minha rua desce para o Tejo

Carlos Botelho



A minha rua desce para o Tejo.
Não é simbologia.
Há o rosto nítido dos barcos
na continuidade das pedras.
Em qualquer ponto se define
uma constelação entre proas.
Da janela avalio a inutilidade das âncoras.
Por isso, incluo no poema a escada irreversível
onde alieno os meus passos.
Confirmo a legibilidade da chuva,
ou da água oculta na concavidade dos olhos,
e nomeio o estremecimento das mãos
como um paradigma de amor.


Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997

1 comentário:

Alexandre Bonafim disse...

Querida Graça, como sempre você arrasa. Textos lindos... Eu ando um pouco atrasado com a leitura do seu blog. Mas aos poucos eu vou lendo tudo. Abraço infinito. Alexandre Bonafim.