26.2.08

Em seara alheia



DÁ-ME DE BEBER...

Dá-me de beber em tuas mãos
uma nesga do céu
sem coares as nuvens que passam.
Morde (se quiseres)
a romã entre a rosa e o amanhã.
Prisioneira de um mito
liberta-me (se quiseres)
na próxima primavera:
puxa-me as verdes tranças
arrebata-me do trono e de seu rei obscuro.
Leva-me (se quiseres) em teus braços
para onde fores e seremos primavera.
As primícias serão tuas:
as mais belas campânulas
tilintando ouro ao sol
prata sob a lua.
O que dizer do que seremos
se mudamos a cada gesto?
Dança pura.
Dá-me de beber em tuas mãos
uma nesga de céu
sem coares as nuvens que passam.


Dora Ferreira da Silva
In: Cartografia do Imaginário. São Paulo, T. A. Queiroz, 2003

17 comentários:

Anónimo disse...

e o que dizer do que seremos se aqui não lermos?

boa noite, graça. um beijo*

DE-PROPOSITO disse...

Dá-me de beber em tuas mãos
-----------------
Fazer concha com a mão, e beber. Necessidade a quanto obrigas. Lá diz o ditado; 'Nunca digas, desta água não beberei'.
fica bem.
Felicidades.
Manuel

Pena disse...

Simpática Amiga:
Um versejar lindo. Surpreende pela entrega. Pela busca de alguém que lhe é precioso.
As palavras sinceras arrebatam pela veracidade e autenticidade do sentimento puro. Terno. Admirável.
Enfim, conquista e encanta.
Parabéns sinceros.
A comunicação poética é perfeita e expressa em linhas escritas de ouro.
Com amizade e estima.
O sempre presente aqui

pena

Outonodesconhecido disse...

Olá
Não conhecia o teu blogue, vim só dar uma espreitadela...

Jorge Elias disse...

Venho beber a nata desse leite.
Não devo coar o que alimenta.

Permito-me a poesia.

Abraços,

JEN

De Amor e de Terra disse...

Gracinha, que beleza de Poema Amiga, que beleza!Obrigada por me (nos) dares a conhecer o Poema e a Autora; desconhecia ambos.

Muitos parabéns e beijos da

Maria Mamede

jorge esteves disse...

Um bonito poema!...

Abraços!

hfm disse...

Ainda encalhada no regresso foi bom voltar aqui e ler este poema e especialmente os dois anteriores. Um beijo.

São disse...

Beber a vida, sempre!
Abraço-te.

Anónimo disse...

(se quiseres) podes beber, morder e provar de todo o ser que és saciando todas as vontades que desejas...

Muito giro o texto ;) aprecio bastante ler-te!

Bjo :)

Paula Raposo disse...

Um bonito poema. Gostei imenso. E fala em romãs...beijos.

vieira calado disse...

Um belíssimo poema.
Gostei muito.
Beijinhos

Elizabeth F. de Oliveira disse...

'Em seara alheia' é possível também matar um pouco da sede da alma.
Grande abraço.

Manuel Veiga disse...

gostei do poema. musical...

Isamar disse...

Um poema lindíssimo, cheio de metáforas que dariam uma bela pintura.

Bom fim de semana!

Beijinhosssss

© Maria Manuel disse...

muito bonito e encantatório.

Outonodesconhecido disse...

Olá gostei muito de aqui vir.
Linda poesia