14.8.08

Na data prevista

Maurício Abreu

Na data prevista, agosto arde
e nem sequer uma sombra indaga
a desolação da terra nos montados.
Os pássaros trancam o verão em suas asas,
acenando à luz coalhada das nascentes.
Um sorriso, ajustado ao abandono,
envelhece nos olhos das crianças.


Graça Pires
De Quando as estevas entraram no poema, 2005

23 comentários:

hfm disse...

É bom ler por aqui a palavra sorriso. Empatias. O menos importante neste poema onde esse "trancar o verão" me colheu.

Van disse...

Uma honra imensa te receber lá em casa, Graça. As coisas que vc escreve me tocam profundamente. Sou sua fã. Adorei conhecer esse teu espaço.

Beijucas, querida.

Pelos caminhos da vida. disse...

Primeira visita!

Gostei do seu espaço...

Sábias palavras...


beijooo.

Ailime disse...

Belo poema em que o tema "Verão" aqui tem o sentido inverso, para quem o vive, sob o calor abrasador da planície, onde até "o sorriso envelhece nos olhos das crianças"!
Beijo.

Marinha de Allegue disse...

Momento reflexivo...

Unha aperta.
:)

dona tela disse...

Tive um dia muito bem passado!

Desejo-lhe um grande fim de semana.

Anónimo disse...

"Os pássaros trancam o verão em suas asas..."
É uma bela imagem poética que, tal como a pintura, retrata bem o calor ardente de Agosto.
Beijo.

dade amorim disse...

Creio que todos se identificam um pouco em seus poemas, Graça. Um dos sinais da boa poesia.
Beijos.

Elizabeth F. de Oliveira disse...

Linda a imagem metafórica que criaste. As tuas palavras, Graça, possuem possuem grandes e belas asas semânticas.
beijo de além-mar

d'Angelo Rodrigues disse...

Cheguei até aqui através de Alexandre Bonafim, não sei se na data prevista, e o coração me faz perguntar: quem é você, onde está seu rosto clandestino? De onde vieram estes olhos que tanta beleza enxergam assim?

Menina Marota disse...

"...Na data prevista, agosto arde
e nem sequer uma sombra indaga
a desolação da terra nos montados."

Triste este lamento de alma, que não apazigua o verão de tantas cinzas...

Um abraço carinhoso, querida Poeta, que as suas palavras cheguem longe e toquem os corações ímpios...

pin gente disse...

muito doiradas estas palavras
um estado de graça, parabéns

beijo

isabel mendes ferreira disse...

a capacidade de "dizer"....






encanto-me.





beijo. G.

http://cinzasdecarvalho.zip.net disse...

Prezada Graça,
imagino o que padecem com as ondas de calor do verão português, apesar de ser período de férias, praias, romarias, enfim, de festejar.
O poema transpira (sua mesmo) a falta de umidade do ar, a indisposição que causa o calor excessivo. Muitíssimo bem ilustrado.
Aqui está um frio horroroso, que vai e volta. Muita poluição e umidade relativa do ar muitíssimo baixa. A outra face do problema.
Beijos no coração.
Bárbara Carvalho.
P.S.: Tomei a liberdade de "linkar" seu blog.
Ah! Espero, com ansiedade de criança, a "merecida atenção". Será de grande valia para mim. Outro beijo.

Maria Azenha disse...

é bom regrssar, aqui ao Poema.
"Os pássaros trancam o verão em suas asas,"- belo!

Abraço,

mariah

Pena disse...

Linda Amiga:

Mais um momento apaixonante de poesia magnífica.
As palavras são construidas com encanto e beleza.

Registo, maravilhosamente, estes versos:
"...Os pássaros trancam o verão em suas asas,
acenando à luz coalhada das nascentes..."
Sublime.
Parabéns sinceros, excelente poetisa.
Brilhante poema que cintila docemente para ler e reler.
Beijinhos de amizade

pena

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

bonito de ler. e reler.

beij

JPD disse...

Perfeito teu retrato da inclemência do Verão alentejano, Graça.
Bj

Joana Roque Lino disse...

deve ter sido um belo passeio ;). gostei. beijo.

maré disse...

e no esboço trémulo do sorriso,
há sonhos inacabados.

suspensos

no insane voo mutilado

bj, Graça

maré

Alexandre Bonafim disse...

Poema de sutis imagens, em qua a beleza poética da natureza refulge nossa humanidade. Beijo.

Unknown disse...

Que lindo poema, Graça.
Como bom alentejano saboreei cada uma das letras e sílabas do montado. E guardei nas algibeiras os pássaros até à ribeira mais próxinma. Foram salvos do calor. E ainda lhes li o poema.Piaram: gostaram...
Bj.
Eduardo

Maria Carvalhosa disse...

Amada Graça, poeta Maior, a quem tenho o privilégio de poder chamar amiga,
Repito: a falta que me tem feito este teu espaço!
Creio que voltei agora e não tenciono manter- me afastada. Como poderia???
Beijo-te com muito carinho.