Alvarez Bravo
Ponho nestas memórias
a íntima clandestinidade
dos amantes.
Hei-de dizer o nome
de quantas aves se perderam
por roçarem o vazio da noite
em vagaroso voo.
Hei-de ocultar a cara
próximo de uma fonte,
para colar a boca
ao trilho das chuvas.
Hei-de cercar com águas
nocturnas o lume dos seios.
Depois, sei que vou estremecer de aflição,
quando o ranger das portas se confundir
com o chamamento da tristeza.
Graça Pires
a íntima clandestinidade
dos amantes.
Hei-de dizer o nome
de quantas aves se perderam
por roçarem o vazio da noite
em vagaroso voo.
Hei-de ocultar a cara
próximo de uma fonte,
para colar a boca
ao trilho das chuvas.
Hei-de cercar com águas
nocturnas o lume dos seios.
Depois, sei que vou estremecer de aflição,
quando o ranger das portas se confundir
com o chamamento da tristeza.
Graça Pires
De Uma extensa mancha de sonhos, 2008
23 comentários:
Lindo poema.
Preferia no entanto que a intimidade das águas desaguasse na
luminosa e apoteótica festa do mar.
Com barcos buzinando.
Beijos.
Eduardo
Querida Graça, como sempre, sua palavra, repleta de lirismo, nos arrebata, nos ensina a viver com mais plenitude. Beijão, minha amiga e até.
A clandestinidade das memórias anda rente ao chamamento da tristeza. Que poema!
a realidade que nos acorda
Belíssimo, Graça.
Beijo.
Fermoso poema intimista!!!.
Sempre son un agasaio as túas palabras Graça.
Beijinhossssss desde Compostela.
:)
lindo poema este.
Hoje não me apetece falar deste poema... citarei apenas dois grandes nomes da nossa literatura
actual: diz Urbano Tavares Rodrigues que esta poesia combina
a riqueza de toda uma imagética com
os principais temas ligados ao hu-
mano, João Rui de Sousa afirma, que
estamos perante uma poesia só aparentemente simples, pois manifesta uma maestria na tecitura
das imagens e na forma como a estrutura do poema se vai fazendo...
Também Henrique Fialho e Maria Augusta Silva, poetas e críticos que muito admiro, tomaram posição relativamente a esta escrita. Tudo isto está publicado..Existem igual
mente longos ENSAIOS sobre esta
poesia, que não tendo (ainda) aparecido em livro foram apresenta-
dos na net (o do poeta Alexandre
Bonafim) e/ou foram lidos ante assembleias, como o de uma pessoa que eu não digo. É qualquer coisa, não é?
Próximo de uma fonte a sede é sempre mais intensa...
Muito belo e intimista este poema.
Beijo.
Glosando a Inês Pedrosa, a tristeza e a melancolia também integram a instrução dos amantes, esse perene ofíco de entender.
Belíssimo poema, Graça
como eu amo este re.encontro!!!!
beijo. Graça.
Olá Graça, boa tarde.
É minha menina, muita vez se confunde o ranger das portas com outras coisas, que assim nos deixam, tristes, tristes...
Belo poema.
Perdoa só agora vir agradecer o teu comentário, mas tenho andado por aí, por vezes, com portas e janelas rangendo nos gonzos...
Voltarei sempre que possível.
Beijos
Maria Mamede
lindo...
quanta beleza e sensualidade...
abraço Graça
e hei-de semear o espanto das palavras,
nas colinas da tua pele
e
desatar todos os afluentes que me levem à tua boca.
belíssimo, Graça.
obrigado
maré
Cada linha que você desenha faz o meu coração estremecer de poesia, sempre.
Beijo de além-mar.
Lindo :) Melancólico , intimista, que nos fica a bailar na retina...
Dias de brisas mansas :)**
...bonito!!! Gosto do seu jeito de escrever...
Beijos de luz e o meu carinho!!!
Querida Graça,
li ontem essa maravilha por várias vezes - à tarde (no café) - li novamente por várias vezes - à noite (na hora da reflexão sobre o dia que se passou).
Voltei agora (20:35h aqui no Brasil), li por outras várias vezes e novamente perdi o fôlego...
Não há o que comentar: lindo! intimista! apaixonado! apaixonante! nada do que for dito retratará fielmente a sutileza com que cada palavra fora posta, no seu devido e único lugar, dando a sua única e possível mensagem.
Voltarei quando voltar o ar aos meus pulmões!
Beijo carinhoso.
Bárbara Carvalho.
bravíssima!!!!!!!!!
Poema belo, que reflecte um estado de alma nostálgico!
Que a esperança ajude as aves a reencontrarem seu rumo e, que jamais, "o ranger das portas" se confunda com o chamamento da tristeza!
Beijinhos de luz!
E a doce Dulcineia...nas suas memórias vivas de saudade, ternura e alento...
Grata por ela.
Mais uma pérola...
AMO a tua poesia, amiga (mas tu sabes disso, eu é que sinto necessidade de o repetir até à exaustão, por ser tão intenso o que sinto ao lê-los!)
Beijos, beijos.
Tenho o teu link, mas não me lembro de vir aqui.
E devia lembrar, já que a poesia que li é do melhor que vi nos blogues. Parabéns por tanta qualidade junta (pelo menos desta página...).
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