22.11.14

Em seara alheia




Não sei

Não sei dizer-te, 
se o rio corre para o mar
se a ponte encurta o caminho
se o mar está em maré vaza.



Não sei dizer-te, amor,                          
se o amor é a palavra certa                   
para te dizer, 
se o meu coração parou
ou o tempo parou para nós.                                     
A textura da tua pele
sente o arrepio 
que diz a sede                                           
da tua boca, 
o orgasmo falhado dos
sentidos,
a fome que no teu 
corpo espreita?
                                           
Não sei dizer-te
se o medo de perder-te
te fez perder-me,
se os beijos que guardei para ti
já no tempo os perdi,
se foi a saudade que nos matou
ou matámos a saudade
dentro de nós.

Não sei dizer-te
Não sei...
                                          
Otília Martel
In: Olhos de vida. Ilustrações de Catarina Lourenço. Modocromia, 2014, p. 51

31 comentários:

Graça Pires disse...

Otília Martel oferece-nos, no seu último livro “Olhos de Vida”, uma escrita onde as palavras se envolvem com todas as facetas de uma vivência autêntica, desinibida e destemidamente partilhada.
Por isso, ora nos fala de amor e paixão, com uma sensualidade intrínseca à sua poesia, ora nos leva para um imaginário de sonhos, de emoções e sensações que revelam o seu olhar atento sobre os outros e sobre um quotidiano que é o dela e o nosso também.
Parabéns, Otília.

Benó disse...

Gostei de ler Otília Martel. Obrigada, Graça pela apresentação.

anamar disse...

Belissimo poema de amor e tristeza...

beijo "from" Figueia, onde estou há 2 semanas.

Ana

Shirley Brunelli disse...

Quantas dúvidas, quantos questionamentos neste belo poema de Otília Martel...
Graça, amor e paz!

vida entre margens disse...

Muito bom! Gostei muito.
Grata Graça, grata Otília Martel.

Marta Vinhais disse...

Não se sabe, mas sente-se intensamente...
Todo esse amor, toda essa tristeza.
Gostei muito...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Cadinho RoCo disse...

Ai os mistérios do não saber são infindos.
Cadinho RoCo

São disse...

Gostei .

Minha amiga, beijinhos a ambas :)

Existe Sempre Um Lugar disse...

Bom dia, o poema junta a vertente do amor com tristeza, é lindo e profundo.
AG

Louisette disse...

Lovely text and illustration, greeting from Belgium

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

leio a MM faz muitos anos e gosto da limpidez com que põe na sua escrita.
não conhecia este poema e achei-o muito bom.
uma belíssima escolha!
:)

Menina Marota disse...

Minha querida Graça, é um privilégio "ver-me" assim mencionada.
E muito grata pelas palavras que dirige a propósito do meu "Olhos de Vida" no primeiro comentário.
Fiquei muito sensibilizada por elas.
Um grande abraço de ternura.
Otília Martel

vieira calado disse...

Pois, amiga,
meteu-se bem por seara alheia...

Beijinho para si!

author casulo-online disse...

Às vezes por pensar sabermos de menos, é quando já sabemos tudo que sentimos.

Um beijo!

teresa p. disse...

Um poema de saudade e emoção...
Gostei muito!
Parabéns à Otília e um obrigada à Graça por a dar a conhecer "em seara alheia".
Beijo.

Nilson Barcelli disse...

Gosto da poesia da Menina Marota... Há anos que a leio. Por isso, a tua escolha foi muito boa.
Tem uma boa semana, querida amiga Graça.
Beijo.

Mar Arável disse...

Sei que não sei

Bjs

Sinval Santos da Silveira disse...

Oi, amiga Graça Pires !
É muito difícil explicar a morte de
um amor. Talvez, nem mesmo haja explicação.
Linda postagem !
Um carinhoso abraço, aqui do Brasil.
Sinval.

Ana Tapadas disse...

O irreparável,o doloroso... tornado poema pela Otília.

Beijo

lis disse...

Muito bem dito sobre como é doído a sensação de ausência do amor,
Não sabemos dizer com palavras,como bem diz a poeta _quem sabe talvez com lágrimas.
Parabéns a Otília Martel.
Gostei muito Graça.
beijinhos

fernando disse...

Afinal Graça Pires. É Analista de Literatura. E com Classe.

Agora Espero que o livro seja tão Bom como a sua Análise!

Jc

Ives disse...

Olá! Um emaranhado de não saberes, próprio do amor e que bom não saberes! abração

manuela barroso disse...

Otília Martel é ela própria vida.
No seu livro agora editado, "Olhos de vida" revela-nos ainda mais a sua autenticidade, surpreendendo-nos em cada poema ,com a maturidade poética que lhe conhecemos.
Parabéns pela escolha, Graça.
beijinho

Manuel Veiga disse...

um poema muito belo, sem dúvida. de um poetisa (e boa amiga) que muito admiro.

beijos (repartidos)

Fê blue bird disse...

Um belo poema de amor e perda onde transparece tantas interrogações.

Gostei bastante!

beijinho

Ailime disse...

Boa noite Graça, outra excelente poetisa, outro belíssimo poema!
Gostei de conhecer Otília Martel!
Um beijinho,
Ailime

Agostinho disse...

A poeta não sabe como eu não sei.
Um poema perfeito a pôr à flor angústias do atravessar da ponte.

Odete Ferreira disse...

Soube do lançamento pois acompanho os eventos pelo FB. Não conheço a Otília e acho que foi o primeiro poema que li. Encantada, confesso! Apreciei, sobretudo, o jogo de palavras (em versos dicotómicos) conferindo sentidos imagéticos sui generis.
Obg pela partilha, Graça.
Bjo :)

AC disse...

O tempo que passa, o que não se fez por isto ou por aquilo, um sentir que desconforta...
Parabéns a Olívia Martel, gostei muito!

Um beijo :)

José María Souza Costa disse...

Olá, Graça Pires
Bom tudo.

Vim, desejar-te, um fim de semana, bem bom.
Muita Paz. Desejos de alegria. Certeza sim, que independente da tua religiosidade, o Criador, está sempre de plantão, olhando por mim e por ti, e nos convidando, a refletir sempre, que o melhor do mundo, somos nós, os seres humanos. Por isso, somos humanos e, criados, à sua semelhança.
Dito isto, te convido a vim " cumê' um "manuê" cá no meu blogue.
Um abraço.

Menina Marota disse...

Vim agradecer os comentários que tão generosamente teceram ao meu poema que a Graça Pires teve a gentileza de partilhar neste seu blogue que tanto gosto de ler.
Obrigada.

Aproveito para desejar a todos um Feliz Natal, com um grande abraço de carinho.
Otília Martel