15.2.16

A caligrafia do silêncio

E. O. Hoppe


Ando pelas ruas desta incerta cidade.
Deixo que o meu olhar
se ajuste ao olhar dos outros.
Entre ruas e rostos há fragmentos de solidão
que denunciam a trágica expressão da vida.
Todos conhecem a oralidade da mudez,
a vigília da revolta, a senha do desdém,
a estranheza de golpes imolando os sonhos.
Eu, com uma fala colada na língua,
somente  me consinto
a áspera caligrafia do silêncio.

Graça Pires
De Uma claridade que cega, 2015

60 comentários:

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

O silêncio é sempre a melhor forma de expressão, Graça.
Lindo e verdadeiro...
Beijos, um abençoado dia!
Mariangela

Blog da Gigi disse...

Linda semana!!!!!!!!! Beijos

chica disse...

Muito lindo,Graça!Adorei mais essa! bjs, chica e linda semana!

UIFPW08 disse...

Lindo poema, Parabens. Obrigadio pela visita Graça!
Bejos meus
Morris

Fê blue bird disse...

Ao observar rostos que sofrem só o silêncio tem voz.
Muito belo amiga Graça.
Um beijinho

Nequéren Reis disse...

Poema maravilhoso sempre arrasando, tenha uma semana abençoada.
Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br/
Meu Canal:https://www.youtube.com/watch?v=apP6eHn5PlI

regina disse...

Muito bonito, o poema.
O silêncio é também "mote" para em muitos poemas meus.
Bjs

Bell disse...

Por vezes melhor é o silêncio diante de tantas coisas erradas e injustas que vemos.

bjokas =)

Lucinalva disse...

Olá Graça
O silêncio, muitas vezes, fala muito alto. Linda postagem. Bjs

As Mulheres 4estacoes disse...

Em algumas situações, o silêncio fala por si só.
Abraço, Sônia.

Mirtes Stolze. disse...

Boa tarde Graça.
Muito triste quando ao observamos a nossa volta e vemos tantos rostos tristes ou sem expressão, outra forma de grande sofrimento. As vezes só nós resta mesmo o silencio. Uma linda semana. Enorme abraço

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, por vezes a caligrafia do silencio faz bem. é saudável e trás novamente a motivação necessária para prosseguir a caminha exigente.
AG

Marta Vinhais disse...

O silêncio tem a sua própria voz e história.... E uma delas é a tristeza que se cala...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

São disse...

Continuas escrevendo muito bem, Gracinha.

Abraço com votos de boa semana

Cidália Ferreira disse...

Um poema soberbo, Parabéns!!

Beijinhos e uma noite feliz!!

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Cadinho RoCo disse...

Na caligrafia do silencio o dizer da mudez.
Cadinho RoCo

Shirley Brunelli disse...

Simplesmente lindo!!!
Graça, beijos!

Luis Eme disse...

Excelente retrato do nosso quotidiano citadino, Graça.

abraço

Mariazita disse...

Uma análise "mais que perfeita" num lindo poema.

________

Obrigada pela visita e parabéns na minha "CASA". Por enquanto não fujo... mantenho-me por cá, até porque os meus filhos não me deixam pôr pé em ramos verde... :)

Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

Cadinho RoCo disse...

Já de volta.
Cadinho RoCo

Cristina Sousa disse...

Muitas vezes o silencio, grita!
Magnifico peoma.
Um beijo

ManuelFL disse...

As palavras deste poema da Graça, escritas num ritmo que nos atinge como punhais - solidão, mudez, desdém, silêncio, sonhos imolados -, confrontam ou denunciam a «trágica expressão da vida», tão mais trágica quando assola a cidade, lugar por excelência da convivialidade e da nossa condição de seres sociais.

A fotografia é um magnífico complemento do poema.

MARILENE disse...

E tudo se lê nos olhares que se encontram, casualmente. Impera o silêncio, mas ele não impede o sentir. Sempre muito belos seus versos. Bjs.

Ailime disse...

Boa tarde Graça,
Magnífico poema que nos instiga a olhar à nossa volta e a enxergar a solidão que reina no coração de tanta gente que como autómatos percorrem as ruas das nossas cidades.
O silêncio é cúmplice duma realidade, perante a qual nos sentimos impotentes!
Beijinhos e continuação de boa semana.
Ailime

Mar Arável disse...

O silêncio apela a que não te cales
muito menos que te doam as mãos
Voam sempre muito alto
as tuas palavras
e assim respiro a tua poesia
nas minhas guelras

Bjs

Majo disse...

~~~
Pelas ruas
dessa cidade incerta,

por detrás
de cada par de olhos

silenciosos,
vislumbra-se uma vida

Contada
numa caligrafia muda...


~ Muito belo, Poeta!

~~ Abraço amigo.
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~

Maria Rodrigues disse...

A solidão e a dor, andam tantas vezes de mãos dadas, com o silêncio que reina nas almas, de quem já perdeu todos os sonhos.
Lindo poema
Beijinhos
Maria

Manuel Veiga disse...

um silêncio a arder por dentro - explosivo!

admirável sempre, minha Amiga

beijo

Suzete Brainer disse...

Belo, profundo e belo o teu poema!...
"Eu, com uma fala colada na língua,
Somente me consinto a áspera caligrafia do silêncio."
Magistral, Graça!
Beijo.

mz disse...

Emudecemos e fica o testemunho da escrita.

Um beijo!

Ana Freire disse...

Que palavras tão belas, Graça... e que tão bem apreendem, a essência do quotidiano... tão agitado e apressado... e contudo, tão solitário e desencantado... presente, em tantas vidas...
Magnífico e tocante poema! Sublime caligrafia... a deste silêncio!
Beijinho
Ana

LuísM Castanheira disse...

(como eu ando arredado...
pôr em dia a leitura desta poesia tão bela, é uma obrigação.)

"...Eu, com uma fala colada na língua, somente me consinto a áspera caligrafia do silêncio. "

Outro calarão...mas vc não!

Obrigado, amiga, por partilhar - e ter escrito - este poema tão profundo, como são as gentes e nas cidades
.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

silêncios nos rostos e as palavras silenciadas...um retrato vivo e actual.
um poema forte e acutilante.
e em poucas palavras se disse tanto.

obrigada!

beijo

:)

Sinval Santos da Silveira disse...

Oi Amiga, Graça Pires !
Na "caligrafia do silêncio", reside a
introspectiva poética, a liberdade do
pleno desabafo, sem qualquer contestação.
Parabéns pela bela visão. Um carinhoso
abraço, aqui do Brasil.
Sinval.

Mirtes Stolze. disse...

Boa tarde Graça.
Passando para lhe desejar um abençoado final de semana. Abraços.

teresa p. disse...

Emocionante a forma poética de falar da solidão. Gostei demais!
A foto ilustra, de forma perfeita, esta "Caligrafia do silêncio".
Beijo

Daniel Costa disse...

Graça
O silêncio será também uma forma de expressão. Quantas vezes o silêncio é eloquente?
O poema, na forma, tem beleza.
Abraço,

DE-PROPOSITO disse...

Muitas vezes passo por aqui. Leio os poemas, e depois vou embora. É que tenho dificuldade em os interpretar de maneira satisfatória. Sinto vergonha´´ de dizer isto. Há mais blogs onde isto acontece (a dificuldade de compreender os poemas é grande).

Que a felicidade ande por aí.
Abraço
MANUEL

Unknown disse...

Mais uma vez... espetacular! Beijinhos.

Zilani Célia disse...

OI GRAÇA!
A CADA VEZ QUE VENHO AQUI, MINHA PRIMEIRA EXPRESSÃO APÓS TE LER É, "NOSSA", É QUE TE SUPERAS A CADA ESCRITO.
ABRÇS

http://. zilanicelia.blogspotcom.br/

Alfredo Rangel disse...

Tenho muito a aprender, Graça, com tua grandeza, tua inspiração, teus sentimentos. Maravilhosa e tocante poesia. Como sempre!

Jaime Portela disse...

A cidade está doente...
Mais um excelente poema, com o talento habitual da grande poetisa que és.
Bom fim de semana, amiga Graça.
Beijo.

Arroz Di Leite disse...

Belo poema e aproveito para lhe desejar um lindo final de semana.
Bjs

Tânia Camargo

Pedro Luso de Carvalho disse...

Muito bonito o seu poema, Graça.
Você é uma talentosa poetisa.

Um bom final de semana.
Abraços.

ONG ALERTA disse...

Sábio silêncio....
Bjbj Lisette.

AC disse...

É um prazer lê-la, Graça. Sempre!

Um beijinho :)

ana p disse...

Graça, é sempre um prazer imenso passar por aqui

Arthur Claro disse...

Muito bom essa poesia. Bem criativa.

Arthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com

jorge vicente disse...

E que silêncio o teu, minha amiga! Sempre com as asas abertas para a força da Poesia! <3

Muitos beijinhos
Jorge

Ana Tapadas disse...

Um poema excelente, Graça.
Um silêncio que grita.

Beijo

Marineide Dan Ribeiro disse...

O silêncio vale ouro querida! Aproveite-o!
Também gosto de vagar na multidão somente observando...


Um abraço!

Evanir disse...

Graça..
Obrigada por estar sempre presente no meu blog
tenho lido todos os seus poemas.
Eu sei digo Portugal metade é poeta e a outra metade é poetisa.
Os poemas são belíssimos de um carinho que emociona
nunca li nada vulgar essa é a maior riqueza minha amiga...
deus abençoe sua semana beijos.
Evanir.

Silenciosamente ouvindo... disse...

A minha amiga nunca fica em silêncio
com a sua maravilhosa poesia. Sempre
nos diz muito.
Desejo que se encontre bem.
Bjs.
Irene Alves

Agostinho disse...

A poeta lê, na aridez da multidão anónima, os sentimentos emudecidos pelo rolo compressor do egoísmo que desfaz a oralidade. E experimenta a impotência de "uma fala colada na língua". Mas a poeta acredita no milagre da poesia. Liberta-se na expressão da palavra dando-lhe forma perfeita: a beleza da "ortografia do olhar".
Grato, por mais esta. Bj.

Odete Ferreira disse...

Título genial, Graça! De facto, este processo de observação, de "adentramento" no outro, é como se estivéssemos a desenhar cada letrinha para que a mancha gráfica fique perfeita. Ainda que não se consiga mudar nada de imediato, há que tentar redesenhar...
Gostei muito, mas mesmo muito deste poema.
Bjo :)

manuela baptista disse...

como as consoantes mudas

uma aspereza a gritar para que regressem os sonhos bons


um beijo, Graça

Unknown disse...

Querida, Graça, poema perfeito... Por vezes o silêncio fala fundo em nós, nos compelindo a refletir, quanto tempo perdemos no silêncio de nossos sentimentos... O silêncio, meu, seu, nosso, do mundo, uma meia culpa de todos nós em nós mesmos.
Aplausos, amiga, magnífico.
Beijo doce e linda semana para você, querida.

Lourdinha Vilela disse...

Um poema, um silêncio doloroso, e toda a nossa impotência diante dos fatos que só se multiplicam . Aqui, tenho que reconhecer, o belo se sobrepôs à dor. És Gigante em palavras
que tocam o silêncio da nossa alma.Um grande abraço

Unknown disse...

Olá, Graça.
Que dizer depois dos que já disseram tanto e tão bem?
Poema perfeito em cada palavra que concentra tanto silêncio, fruto de uma solidão tão, tão grande.
Solidão presente até nas vidas desestruturadas pela ausência vivida sobre tantos alicerces, sobre tantos sucessos concretizados. Desenganem-se os que apenas julgam encontrá-la apenas nas penumbras, porque também habita em sorrisos. Aqui, a coerência é jóia rara.
Até nos tira a fala, até nos tira o entendimento.

deixo-lhe um bjo amg

Jaime A. disse...

E assim o passeio mais trivial se torna poesia, e os passos mais apressados se tornam palavras implícitas , e os olhares fragas de espanto.