16.7.18

Entre silêncios

Katia Chausheva

Diz o que viste quando desviaste
o olhar da claridade matinal.
Ficaste com mãos indecisas
na orfandade da luz.
E, ao redor dos lábios,
um espaço deserto desdizia
o esboço das palavras
que sempre afirmaste serem tuas.
Como se precisasses de outra boca,
de outra voz, de outros sons.
Como se o centro esvaziado de um grito
traçasse um vínculo contínuo entre silêncios.

Graça Pires
In: CONTINUUM: antologia poética. Pinturas de Luís Liberato, fotografias de Soledade Centeno. Braga: Poética, 2018, p. 121 

50 comentários:

Larissa Santos disse...

Um poema sublime... Bom dia :))

Poema do Gil António que, está quase de regresso das suas merecidas férias. Esperamos que entendam. Obrigada. :))

Hoje:- Dentro do meu coração

Bjos
Votos de uma óptima Segunda - Feira

Roselia Bezerra disse...

Bom dia, querida amiga Graça!
A fuga da luz para não se enxergar o que é claro...
Forte e profundo!
Vínculos entre silêncios é extenuante.
Tenha dias felizes e abençoados!
Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem

Anónimo disse...

Versos profundos de sensibilidade ímpar, fuga aliada ao silencio, belo momento amiga!
Votos de uma feliz semana!
Bjss!

Cidália Ferreira disse...

Existem silêncios que dizem tanto! :)

Beijos e uma excelente semana!

manuela barroso disse...

Tantas vezes a dificuldade em falarmo-nos nos , até no nosso silêncio
Sempre tão profundos e belos os teus poemas !
Grande abraço, Querida amiga Graça 😘

Meulen disse...

En ese silencio
Es cuando se encuentra respuesta a lo que es valioso en la vida

Me gustó tu blog.

Marta Vinhais disse...

Às vezes, ficamos sem saber o que dizer.... e no entanto, estamos a falar bem alto....
Na luz do olhar, no sorriso ou nas mãos estendidas...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

silvioafonso disse...

Um abraço desse tamanho para
o trabalho de Luís Liberato
e para a imagem que Soledade
Centeno nos deixam. Quanto a
sua alma, poeta. Só Graça Pi-
res sabe a respeito. Eu, lei-
go que sou, até me arrepio
quando me falam de poesia e
ardo em febre se o assunto é
amor.

Beijos e beijos, Graça.


.

carlos perrotti disse...

Alta poesia, Graça, que não precisa de tradução nem da explicação para comprender e vibrar com a sua profundidade fruto da sua introspecção, como não é necessário conhecer a composição da água en nenhum idioma para saciar a sede. Admirável realmente.

Um abraço mais uma vez grato.

Franziska disse...

No hay verso que señalar como más evocador que otro, con mayor sentido o profundidad porque todo el poema es necesario y es hermoso.

Buena semana. Saludos cordiales.

São disse...

Assino por baixo as palavras de Carlos Perrotti


Beijinhos, lindinha, feliz semana

tulipa disse...


Graça,

muito grata estou pela sua visita aos meus dois blogues!

Do fundo do coração, fico mesmo sensibilizada pela sua presença.

Lindo o seu poema,
dá para comprender a profundidade das suas palavras.
Parabéns!

Quanto ao seu comentário: Vê-se pelas fotografias e pelos textos que aprecia bastante as viagens que faz…
Digo-lhe mais, dá-me Vida aquela "pica" em andar por lugares desconhecidos
Aqui, agora, em casa, estou completamente sem energia, nem acção
Fico tão diferente quando aquela "pica" desaparece.

Uma boa semana.
Um beijo.

Alfredo Rangel disse...

Graça, o que escreves, a beleza de teus versos, o sentimento que transferes para o que escreves servem de incentivo para todos os que amam poesia. Não há como medir a admiração que tenho por tua obra. Não sei como retribuir o prazer que sinto ao lê-la. Vontade de ir a Portugal para poder agradecer-lhe com um simples beijo... Obrigado, poeta querida.

José Carlos Sant Anna disse...

Olá, Graça,

Aqui estamos mais uma vez diante do limite da linguagem, neste corpo a corpo com a palavra que só os verdadeiramente poetas conseguem alcançar. Excelente o alcance da tensão entre a busca do poeta de a tudo converter em formas do dito e, por efeito deste mesmo esforço, as camadas do não dito, cujo resultado é este brilhante poema.
Um beijo, amiga Graça Pires!

Lídia Borges disse...


Como sempre, PRECIOSO!

Um beijo

Lídia

Mar Arável disse...

Escreves por gestos
Abraço amigo

CÉU disse...

Ah, a imagem e a postura "escondida" e tão silenciosa da mulher, que encima o seu fantástico e erudito poema, que eu não sei comentar, é tão do meu agrado, querida Graça! Sabia disso, não é?

Apesar dos pesares, julgo que o entendi, minimamente, pelo menos, mas as "maganas" das palavras não se querem soltar para as minhas mãos. Tenho k lhes dar uma ordem: digam o que sentiram, quando leram este poema e não se façam desentendidas. Digam!
Muito a medo, uma a uma, vão retirando o cetim preto, k as envolve e é com os olhos, que esboçam os primeiros gestos de enlevo, de respeito e de admiração. A boca sorri-lhes, tenuemente, e surge de entre elas uma luz difícil de descrever.
É nos silêncios, que tanto se diz, embora, por vezes, nos queiramos "divorciar" daquilo que dissemos e sabemos que nos pertence. Há mutismos faladores e o contrário tb é verdadeiro.

Não consigo fazer um comentário tão atinado e ligado como o do nosso amigo comum, Carlos Perrotti, que até se socorreu da Química, mas eu sou uma "menina" de Humanidades. Tenho de arranjar alguma desculpa, então -rs.

Grata pela sua visita e comentário, sempre tão avantajado, que deixou no meu blogue.

Beijo com elevada estima e votos de boa semana.

lanochedemedianoche disse...

Belleza tu poema desde donde se lea.
Abrazo

Gracimar Martins disse...

Boa noite Graça! Lindo poema. Há silêncio que vale mais que mil palavras. Parabéns
Abraço.

Marco Luijken disse...

Hello Graça,
So nice to read these beautiful words.
Very special to could write this. And the picture is very special to.

Big hug, Marco

Fá menor disse...

De mim só se solta um mudo e maravilhado silêncio perante tamanho fulgor.
Há palavras que afirmamos nossas, e que quando menos esperamos são apenas silêncios.

Beijinhos.

Daniela disse...

Poema digno de uma enorme Poetiza!
=)
Olhares e Deslumbres

Bjinhos

Célia disse...

Sempre no silêncio é quando nos expressamos intrinsecamente.
Abraço.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

palavras silenciadas
ou apenas silencios entre as palavras
mais um poeme belissimo que gostei bastante.
beijinhos
:)

teresa p. disse...

Intimidade feita de silêncios,gestos e expressões neste magnifico poema. É tão belo e profundo que leva a silenciar as emoções que transmite. A imagem é uma maravilha, perfeita para este tema.
Beijo.

teresa dias disse...

Belíssimo!!
Amiga, não sei o que dizer mais. Amei de tal maneira este poema que... bloqueei.
Beijo, poeta.

Cadinho RoCo disse...

Instante de lirismo puro e solene, sóbrio e arrebatador. Necessidade urgente de respiração boca boca.
Cadinho RoCo

Zilani Célia disse...

OI GRAÇA!
SILÊNCIOS QUE FALAM, E NÃO PRECISAM DE PALAVRAS OU DE BOCAS.
AMEI AMIGA.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Mirtes Stolze. disse...

Boa noite Graça.
Um poema profundo. As vezes um simples olhar na ausência das palavras no profundo silêncio revela o que as palavras não conseguiram expressar. Um grande abraço amiga .

ManuelFL disse...

Louvo-me no comentário da teresa p..
As palavras certas para este poema da Graça.
Beijo.

Anete disse...


Silêncios são importantes, mas encarar a luz é essencial e tem o seu devido tempo...
Belo poema de uma alma ardente!!
Bjs

Teresa Durães disse...

Um belo poema!

Majo Dutra disse...

Um poema que conduz à meditação sobre consequências
da «orfandade da luz» matinal...
Em conjunto, uma expressão poética delicada e bela.
Beijinhos, estimada Amiga.
~~~~~

Toninho disse...

Do silêncio profundo à busca incansável da luz, que ilumina nossa claridade das coisas.
Um poema com marca Graça Pires pronto emoldurar.
Que lindo amiga.
Beijo

Jaime Portela disse...

Excelente poema.
Parabéns pelo talento poético que emana de cada verso.
Amiga Graça, continuação de uma boa semana.
Beijo.

LuísM Castanheira disse...

O comentário e’ por vezes uma faca de dois gumes.
Olhamos para dentro de nós e não descobrimos onde nos pode levar a interpretação de um poema, tão bem construído.
Olhei os meus silêncios e, entre eles, só encontrei um zumbido
persistente a recusar o vazio.
Como nos furacões, dentro do ‘olho’ , a harmonia do poema ‘entre silêncios’,suscita-me essa paz, com círculos de perturbação.
No entanto, minha Amiga, posso dizer que não desviei o olhar. E ele foi persistente e repetitivo. E belo como e’, só me resta admira-lo.
Um beijo, Graça.

A Nossa Travessa disse...

INFORMAÇÃO
Tal como tinha anunciado acabo de publicar mais um episódio, o oitavo, da saga É DIFÍCIL VIVER COM UM IRMÃO MONGOLÓIDE que desta feita tem como título... "Empernanço de pestana"... Com este texto a acção entra de raspão na guerra colonial e ainda na ida do primeiro homem à Lua. Uma vez mais alerto para imagem que pode impressionar as/os mais sensíveis.


Volto depois para comentar.


Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, Graça, como deixar de admirar um poema tecido com fios de ouro d'alma? Um belíssimo canto da minha amiga poeta portuguesa. Parabéns!
Uma boa semana.
Beijo
Pedro

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, o silencio consegue transmitir a bela mensagem que todas as pessoas gostam de receber em silencio, o poema e a imagem são de enorme beleza.
Feliz fim de semana,
AG

Alfredo Rangel disse...

Silêncios. Às vezes são as melhores palavras... as mais envolventes. Parabéns Graça.

PROFESSORA LOURDES DUARTE disse...

20 de julho dia da amizade.
Não poderia deixar de vir aqui neste dia tão especial.
Agradecer a você por fazer parte dos amigos que seguem o meu blog e que sempre que pode passa lá e deixa uma palavra de carinho, um elogio comentando a postagem um oi que para mim é muito significativo. Que seja escrito no momento da visita ou colado, não importa para mim, o importante é ter sido lembrada por você.
Amigo é aquele que te toca com ternura através das palavras.
Aquele que te abraça, mesmo longe.
Aquele que te apoia nos teus sonhos e aquele que critica os teus erros, não para te desmotivar, mas, porque quer em teus caminhos a luz plena.
Ser amigo é ser luz, ser amigo é transferir o melhor que há ao próximo.

FELIZ DIA DA AMIZADE!
Abraços da amiga Lourdes Duarte.

Luísa Fernandes disse...

https://poemasdaminhalma.blogspot.com/
Boa noite Graça!
Belíssimo poema, o silêncio é a voz da alma, que nos transmite aquilo que o nosso ego por vezes não consegue pronunciar.
Amei este poema, Parabéns!
Beijinho e ótimo fim de semana.
Luisa

Acrescenta Um Ponto ao Conto disse...

O silêncio que tantas vezes diz mais que as palavras.
Bonito poema. Parabéns!

Já está no blogue o capítulo 2 do nosso conto escrito a várias mãos "Janelas De Tempo". Convidamos-vos a ler:
https://contospartilhados.blogspot.com/2018/07/janelas-de-tempo-capitulo-2.html

Votos de excelente fim-de-semana.
Saudações literárias!

pensandoemfamilia disse...

Bonito poema, o silêncio pronuncia para a alma muito mais que a consciência permite. Norma

Ana Freire disse...

Entre silêncios... ouve-se a vida... e o peso ou a leveza das palavras... que se ouviram... ou que se proferiram...
Um poema de uma riqueza e profundidade, brilhantes como sempre, Graça!
Magnífico... e precioso momento poético!
Beijinho! Bom fim de semana!
Ana

Daniel Costa disse...

Graça Pires
O poema e mesmo de antologia, bem requintada a busca e colocação de palavras.
Beijos

Gaby Lirie disse...

Meu coração estava com saudades de ler suas poesias, e como sempre recebo uma imensidão dentro do meu coração. Linda!

Obrigada!

Beijos!

manuela baptista disse...

às vezes precisamos de nos ver, do outro lado do espelho

como um vínculo silencioso

um beijo, Graça

Lourdinha Vilela disse...

Um belíssimo poema como são todos os seu. Silenciar talvez quando é gritante as palavras que porém não conseguimos proferir.Recolhimento para não não errar, ou não não chorar. Lindo.

solfirmino disse...

O silêncio fatal sempre intimida. Acumulamos muitos silêncios no interior, mas às vezes eles explodem em palavras, ou até gritos.
Muito bom esse poema.
Beijo, querida.