20.1.20

A ondulação intensa nos meus olhos

Andrey Vahrushew 
     

                                                                     À minha mãe com amor, in memoriam


Tenho um caule de sangue
espetado na garganta
e os dedos tremem-me demasiado.
Vestida de negro, repouso
sob a árvore mais frondosa
com as nervuras das folhas
a sulcar-me a carne.
A voz declinante do tempo
envolve, imprecisa,
a ondulação intensa nos meus olhos.

Graça Pires
De Uma claridade que cega, 2015, p. 44

53 comentários:

João Santana Pinto disse...

Que o tempo permita a estas belas palavras o significado das boas memórias pensadas com tranquilidade e amor

chica disse...

Linda poesia e grande a saudade! bjs praianos,chica

Cidália Ferreira disse...

Um poema lindíssimo! Parabéns e obrigada pela partilha!:)
-
Bodas de Rubi ou de Esmeralda .
Beijo e uma excelente semana! :)

Marta Vinhais disse...

A voz do Tempo... uma voz que se ouve... em dias de tempestade, em dias de Sol...
Porque vence-nos....
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

solfirmino disse...

Lindo poema amiga. Queria eu também repousar embaixo de uma frondosa árvore, como já deve saber...
E se leu meu e-mail de ontem, já deve saber da novidade.
Um beijo

Gracita disse...

Que o tempo seja sempre seu maior aliado na composição de lindas e exuberantes poesias
Tenha um dia maravilhoso e especial amiga Graça
Beijinhos poéticos

Margarida Pires disse...

Doces palavras. Mas o encanto aí se encontra. Na doçura do mel.
Um beijinho repleto de luz.

Teresa Durães disse...

Não tem a voz declinante, ainda bem. Mais um lindo poema!

A Paixão da Isa disse...

mt bonito as palavras sao mt prefundas com mt sentimento mt bonito bjs

carlos perrotti disse...

Impossível não sentir identificação e respeito por esses sentidos versos. Você conseguiu colocar em palavras o que para muitos é apenas um intento. Este poema trascende o tempo.

Abraço admirado amiga!

LuísM Castanheira disse...

Uma ligação ao Tempo e ao Espaço, desprende-se,
intensamente, das tuas palavras, minha Amiga.
A homenagem 'a memoria sente-se em cada palavra
deste belo Poema. E e' carne, corpo e sentimento
[...]..."a ondulação intensa nos meus olhos."
Um beijo, Graça, e uma boa semana.
Bem-hajas!

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de paz, querida amiga Graça!
Intensidade de vida percebo aqui... Um dar tudo o que a vida requer.
Que nossa vida seja frondosa e na emulsão dos sentimentos possamos repousar serenas.
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

neyborba disse...

Penso que esse é um poema para quem entende a vida e aceita humildemente a morte, como uma renovação de tudo. Dolorosamente lindo, porque o belo nem sempre são flores, mas estações do tempo que corre em nossas veias.Gostei!
Ótima semana.

Majo Dutra disse...

Imagens fortes, num conjunto muito belo.

Beijinhos, querida Amiga.
~~~~

silvioafonso disse...

Eu tenho amigos de tudo o que é tipo,
inclusive você, Graça, tão doce nos
comentários e tão generosa dando voz
aos gritos do tempo.
Um beijo.

Agostinho disse...

A voz declinante do tempo!
Como saber do tempo se foi tanto
O ondular do mar aguou-lhe
os olhos para a eternidade

Que sentido sinal que se ouviu
longe como sinos dobrados
a estremecer os corações

Uma poética em que as palavras transportam em si sentimentos
Um beijo grato, Amiga Graça Pires.

ManuelFL disse...

A voz declinante do tempo não apaga a intensidade da memória daqueles que mais amámos. E continuamos a amar. Beijo, Graça.

Às margens de mim. disse...

As lembranças clareiam os caminhos da vida. AbraçO

Micaela Santos disse...

Que poema tão sentido!
A mim as árvores transmitem tranquilidade, alento e sabedoria!

Beijinhos

Humberto Maranduva disse...

O tempo retemperado pela memória da consanguinidade mais afecta à extensão de quem somos.
Um belo poema de re-ligação ao nosso originário ponto de partida - a nossa mãe.
Um abraço

Ana Bailune disse...

Só quem já amou sabe.
Lindo e pungente!

José Carlos Sant Anna disse...

O lento rio das lembranças refaz o curso da vida. Quanto ouro se esconde nas palavras, nas imagens, nas histórias e memórias!.
Um beijo, minha Graça!

saudade disse...

Lembranças eternas. Excelente poema.
Boa semana

Teresa Almeida disse...

Comovente e muito belo. E, também, bastante inesperado pores a tua mãe a falar. É porque os que queremos continuam connosco.

Parabéns, Graça.

Terno abraço.

Luis Eme disse...

É... a tua claridade quase que cega...

abraço Graça

Ulisses de Carvalho disse...

Como eu costumo dizer: nada é, tudo está: existir é transmutar. Árvores e mães têm mais a ver do que muitos possam crer, são delas as raízes, antes de tudo. Gostei da homenagem, não há pieguice, há apenas matéria para poesia singular. Um beijo.

Vanessa Casais disse...

Adorei Graça. Sempre me comove.

https://primeirolimao.blogspot.com/

Beijinhos,
Vanessa Casais

bea disse...

As mães, quando amadas, são imortais. Mas como e quanto nos sobe no desejo a falta do seu ser mortal.

Anete disse...

Lembranças e saudades em grande relevo... Poema que nasceu do fundo da alma!
Um abraço, Graça...

Ailime disse...

Boa noite Graça,
Um poema muito belo e profundo em que os sentimentos feitos saudade falam mais alto na voz da Poeta.
Uma sublime homenagem a sua saudosa mãezinha.
Um beijinho minha Amiga e Enorme Poeta.
Ailime

Gracita disse...

Querida amiga Graça
Neste ano de 2020 quero alinhavar no meu blog Sonhos e Poesia um projeto intitulado "Café Poético" onde no último dia de cada mês será apresentado na minha página uma pérola poética de sua autoria à sua escolha para que possa ser apreciado pelos nossos amigos e amigas leitores. Maiores informações no meu blog. Passe por lá, leia a postagem e sinta-se à vontade para aceitar ou recusar o convite
Beijinhos


Sinval Santos da Silveira disse...

Querida Mwstra, Graça Pires !
Quantas emoções a fervilhar na alma desse ser,
comprovando, porém, estar vivo !
Parabéns !
Muito grato por partilhar e um fraternal abraço,
aqui do Brasil !
Sinval.

Manuel Veiga disse...

somos carne de sua carne - as Mães!

muito belo teu Poema, Graça!
assim vestido de negro.

Beijo, Poeta
e querida Amiga

baili disse...

powerful feeling of solitude when contemplation take place deeply and ripple of so many thoughts and memories rises to hit our heart softly

stem of blood in throat seems dam to be broken and shed water inevitably
release is serene feeling to encounter after quite flood :)
thank you so much for sublime sharing always :)
hugs

Anónimo disse...

Emocionante este poema de dor e saudade. A mãe estará sempre presente nos nossos corações.
Beijo.
Teresa p.

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça,
Que lindo e intensos versos.
Eu li e calei,
agora vou reler pra guardar
bem guardado enquanto suspiro.
Bjins de 5a feira,
CatiahoAlc./Reflexod'Alma
entre sonhos e delírios

Às margens de mim. disse...

Quanta harmonia e sensibilidade! A cada vez que passo por aqui, volto encantada. AbraçO!

Carol Russo S disse...

Profundo e intenso... Quando se sente acolhido, à beira de uma árvore, conversando com o universo e recebendo energia da boa.

Bjos

Pedro Luso de Carvalho disse...

“A voz declinante do tempo
envolve, imprecisa,
a ondulação intensa nos meus olhos.”

Os versos que encerram este teu belo poema, querida amiga. Uma beleza!
Uma boa continuação de semana, Graça.

Um beijo.
Pedro

Jaime Portela disse...

As mães vivem para sempre no nosso sangue.
Depois, nós viveremos no dos nossos filhos, etc., etc...
Um poema excelente.
Amiga Graça, um bom fim de semana.
Beijo.

manuela barroso disse...

É, minha querida amiga .
Essa sensação de farpa que nos dói de cada vez que tentamos engolir a solidão , é um manto que nos cobre com a sombra que nos falta .
Tentemos libertar- nos para renascer como os bolbos escondidos na terra ( tão tua!)
Tão lindo !
Grande abraço , querida amiga!

Ana Freire disse...

Uma homenagem sublime, Graça... e que me sensibiliza particularmente... pois 2019, foi um ano marcado, por sucessivos problemas de saúde da minha mãe... mas enfim... vai-se levando um dia de cada vez... quando a idade, já vai pesando... incomparavelmente mais duro, é mesmo, quando já por cá não estão!...
Um beijinho grande! Desejando-lhe um óptimo fim de semana!...
Ana

ANNA disse...

Gracias por pasar por el blog y dejar tu huella en el
besos

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Poema de amor, dor e saudade.
Uma homenagem à Mãe (a sua) que emociona.
Excelente como já nos habituou.
Beijinhos
:)

Mirtes Stolze. disse...

Boa tarde Doce amiga Graça
Um poema lindo e comovente. Feliz final de semana. Carinhoso abraço.

Alice Alquimia disse...

Bravíssimo!

Olinda Melo disse...


Querida Graça

Bom dia

Penso que não há palavras bastantes que me permitam
comentar este seu poema. Vendo que o dedica à sua Mãe, in
memoriam, considero-o e faço-o quase meu no que ele
tem de profundo e doloroso, lembrando-me da minha própria
Mãe. E é assim. O tempo não apaga a ausência e a falta
e o amor das nossas mães.

Sempre admirando a força das suas palavras. Todos os sentimentos
à flor da pele!

Belas palavras no "Xaile de Seda". Muito obrigada.

Bom domingo. Beijos

Olinda

JUAN FUENTES disse...

Mensajes muy interesantes

Carlos Augusto Pereyra Martínez disse...

Original elegía. Un abrazo. carlos

solfirmino disse...

Estes dias, cuidando de minha mãe, senti uma nostalgia. Os papéis se inverteram, lembro quando ela cuidou de mim, quando eu estava fazendo radioterapia. Por vezes senti vontade de chorar, pois sei que uma hora isso vai acabar... "A voz declinante do tempo" é cruel!
Beijo, amiga.

teresa dias disse...

Sem palavras!
Um beijo carinhoso, um abraço do tamanho do mundo.

Fá menor disse...

Li-te como se fossem palavras minhas...
As ondulações que nos rompem a carne e a alma.

Beijinhos.

mz disse...

A consciência da dor em palavras de poema escrito de forma maravilhosa.
Gosto muito.
Beijo.