10.4.08

Em seara alheia



Busco em cada estrela o fogo capaz
de acalentar os meus olhos mais antigos.
Foi sempre a fome, companheira peregrina,
que me impeliu a seguir os roteiros da lua,
as ondas dos Oceanos, os acordes desse
sopro indelével: a vida. Fiz da solidão minha
nudez mais pura, o meu pão, a minha sede,
e da ausência a ressecar-me os olhos,
os caminhos todos do mundo. Renasço
no fulgor de cada estrela e, no fogo,
desfaço as cinzas do meu ser minguante:
fagulha a incandescer-me no universo inteiro.


Alexandre Bonafim
In: A outra margem do tempo. São Paulo, 2008

19 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
isabel mendes ferreira disse...

em ti Graça os caminhos são sempre de percorrer.


lenta e lentamente.


para que não se perca nenhuma das tuas palavras.


e que eu agradeço.

sensibilizada.

Victor Oliveira Mateus disse...

Há coisas que não consigo entender: como não ficar felizes
(e até mesmo orgulhosos) com os
êxitos dos nossos amigos? Será que aqueles que andam "à cata" da eternidade "aqui" ainda não perceberam que vão morrer num minúsculo planeta que, até ele, irá estoirar? Por isso fico-me apenas com "isto": que grande livro é este,o do Alexandre, como o teu também o é... Fiquemos com estas coisas boas, deixemos o corso para os míopes...Bjs. V.

Pena disse...

Excelente Amiga:
Retracta ternamente uma insatisfação que é a sua.
Um poema complexo de interpretação muito subjetiva e direccionada para elites do pensamento e do sentimento.
Penso que se deve à incompreensão dos brilhantes poetas que é, rumo ao bem estar e pela busca da perfeição satisfeita do sentir.
"Seara Alheia", fica registado com delícia.
As palavras comunicam ternamente entre si com harmonia e bom gosto.
Gostei muito de ler a mensagem de inconformismo.
Excelente!

bj Amigos sinceros.
Evidencia muita capacidade poético/literária.
Com amizade. Sempre!

pena

Anónimo disse...

da incandescência, sem dúvida. mas ainda assim nada substitui os seus versos, querida graça. o autor que me desculpe. um grande beijinho e votos de bom fim de semana *

Anónimo disse...

Texto poético de grande sensibilidade.
Gostei deste poema de Alexandre Bonafim.
Beijinhos.
Teresa P.

Luna disse...

Muito bonito, sensível
beijinhos

São disse...

Escolheste bem.
Obrigada por me teres feito conhecer alguém que escreve tão bem.
Bem hajas!

L. disse...

Deixo aqui o link para o meu novo blog de poesia, “uma só vida?...”
Vou postar por lá a minha poesia toda, entre 1995 e 2008

Acrescentei lá o teu link, estou a tentar juntar o máximo de blogs de poesia em português


bom fds

Outonodesconhecido disse...

Como sempre, gosto do que escreve ou do que selecciona de outros escritores, demonstra a sua sensibilidade.
Bom fim de semana

Monte Cristo disse...

Poema bem escolhido. É isso mesmo: somos nada e... o universo.

(A propósito: o que é o universo?)

jorge esteves disse...

Quem faz da sua nudez a solidão mais pura, nunca está sozinho...

abraços!

Alexandre Bonafim disse...

Querida Graça, sinto-me em júbilo ao ver meu poema no seu blog. Para mim, essa homenagem cala fundo no enterno da amizade. Sinto-me gratificado, perante a vida, perante a poesia, por ter uma amiga, uma poeta tão sutil, tão delicada, como você, como companheira na lide da palavra. Abração do Alexandre Bonafim.

Isamar disse...

Um excelente poema. Mais uma vez. Em seara alheia não metas a foice, dizem, mas eu atrevo-me a reler.

Beijinhos

Isamar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Manuel Veiga disse...

um poema muito belo...

gostei muito.

Graça Pires disse...

Obrigada amigas e amigos. O Alexandre Bonafim é um poeta jovem. O poema que aqui publiquei pertence ao lindíssmo livro "A outra margem do tempo", o 2º livro do autor, cuja leitura recomendo.
Beijos.

Elizabeth F. de Oliveira disse...

Não conhecia esse poeta, mas fiquei muito comovida com suas palavras.
Grande abraço.

nana disse...

obrigada por esta partilha, tão despido renascer



...




:,o)