21.1.09

Da chuva

Edouard Boubat

No contorno das pedras, se imagina
a impaciência das águas no inverno,
quando a terra se encharca
do lamento dos ventos.
Carrego, comigo, um pavor de relâmpagos,
incendiados na rama das oliveiras.
E ando descalça, no ribeiro,
a procurar indícios da infância.


Graça Pires
De Quando as estevas entraram no poema, 2005

54 comentários:

d'Angelo Rodrigues disse...

"Impaciência das águas do inverno", "lamento dos ventos": quão belos são os caminhos dos seus pés num chão mágico que germina textos assim. Mais uma página de encanto para nosso deleite, minha querida Graça.

isabel mendes ferreira disse...

e levei um pouco deste "olhar"....



por completar e muito o que hoje não soube dizer....



beijo. muito grato.

hfm disse...

Da infância escorre um olhar líquido sobre o tempo. Belíssimo. Graça. E que fotografia!

Paula Raposo disse...

Fantásticas as palavras, fantástica a imagem!! Um post perfeito! Gostei imenso. Muitos beijinhos.

Peter Pan disse...

Doce Amiga:
Uma pessoalidade assumida no frio do Inverno de forma admirável. Linda!
Perfeita poesia de sonho.
Excelente.

Beijinhos

Peter Pan

O'Sanji disse...

E da infância chegam murmúrios do tempo...
Beijo, Graça.

Bandida disse...

descobrir a arma.


gostei muito!

Adriana Riess Karnal disse...

o tempo arredio das águas impacientes, é linda a imagem que nos provoca com o poema.A infância é um longo andar quando incendeia.

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

...uma busca sob fogo!


Absolutamente belo!

Abraço
___________ JRMARTO

José Manuel Vilhena disse...

É o que todos procuramos a vida inteira.Faz bem em lembrar-nos.
um beijinho

Anónimo disse...

Os medos da infância acompanham-nos a vida inteira.

Mésmero disse...

Belíssimo!

Voltar à infância, taí um bom motivo pra viver.

Manuel Veiga disse...

carregado de brumas. e de infância.

cegam de beleza as tuas palavras. como "temíveis" relâmpagos.

beijos

jorge esteves disse...

Mesmo que não goste de chuva... gosto. E muito!

abraços!

pront'habitar disse...

formalmente é lindo.

mas, mais importante ainda é que toca cá dentro: também procuro por todo o lado indícios da infância. por vezes a fadiga parece querer levar a melhor. mas vou encontrando...


um beijo muito grande

Mofina disse...

O medo passa quando se contempla os relâmpagos com os olho bem abertos. Mas depois, fica um vazio!

Beijos

São disse...

Graça, as memórias da infância estão coladas para sempre, não é?
Abraços.

José Ángel García Caballero disse...

a chuva camina sempre pegada às palavras... Belo poema!
um beijo

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

um belo poema onde se destaca um querer regressar por breves momentos à infãncia.

fica um beij

Anónimo disse...

...é lindo o seu poema Graça!


a fonte, a infância,


"A vida brotando. Infinita e imprevisível. O primeiro raio de luz após as chuvas" José Vilhena, Aparecimentos, p. 16


beijinhos

De Amor e de Terra disse...

Todos nós Graça, todos, algum dia e algures, andamos em busca do passado, próximo ou longínquo, onde ficaram nossas raízes e nossas pegadas.
Muito belo o poema, como sempre, mais ainda pelas reflexões a que nos pode levar.
Beijos

Maria Mamede

Hercília Fernandes disse...

Mais um lindo poema, Graça.

Onirismo e paisagens memorialísticas colorem o desejo do eu-lírico de reencontrar as sensações [infantis] impressas nas pedras.

Belíssimo poema.

Abraços,
H.F.

JPD disse...

Uma delícia, Graça!

Bjs

dona tela disse...

Com este retrato e esta maneira de dizer as coisas até fico a gostar mais de chuva.

Muitos cumprimentos.

maré disse...

nos dedos do acaso
lamentosos do vento
carrego comigo
o lume sonâmbulo das árvores
à procura de uma melodia
a recomeçar nas mãos.

_____

BELÍSSIMO, Graça!
um beijo imenso

AnaMar (pseudónimo) disse...

Lindo...Também eu ainda agora adoro andar descalça. pelos ribeiros, pelos prados. até no cimento da cidade.
Um beijo pela memória da infância.

Maria Clarinda disse...

(...)E ando descalça, no ribeiro,
a procurar indícios da infância


Muito bonito este teu poema...e a imagem que escolheste.
Jinhos

Nilson Barcelli disse...

lá fora chove
gostava de andar lá fora
a fazer corridas
nas valetas dos caminhos
cheias de água apressada
corridas com barquinhos
com velas de alindar
fabricados de cascas
de pinheiros
de calças arregaçadas
e saco de linhagem na cabeça
lá fora chove
mas não chove no meu coração
eheheh...
beijo

Unknown disse...

O mundo blogueiro é vasto mesmo....passei em um blog amigo e achei o seu....conteudo..poesias...noticias....
blog q te faz voltar sempre...participar....

parabens pelo conteudo aqui apresentado.....

abraços

Philip Rangel

vieira calado disse...

Olá, amiga!

Recebi um mail, penso que é seu, a dar conta do recebimento do meu livro.
Por vezes, os nomes confundem-nos, pois há várias pessoas com o mesmo nome primeiro.

Como vê, os Correios trabalham muito mal.
O livro foi enviado há séculos.

Quanto ao seu poema, uma pergunta simples:

Tem algum livro editado. Francamente ao sei.

Diga qualquer coisa.

Beijinho.

Teresa Durães disse...

Na infância tudo é mágico. Esta chuva agreste vai formando afluentes que ocupam todos os caminhos como se quizessem alcançar os rios.

Também tenho medo da trovoada :)

Peter Pan disse...

Já comentei o Post doce, lindo e brilhante com que nos contemplou.
Vim agradecer a sua imensa amabilidade, simpatia e encanto.
Pessoas como VOCÊ já não existem.
Uma visita que ficou guardada e registada.
OBRIGADO sentido e sincero.
Bem-Haja, amiga.

Beijinhos

Com cordial admiração pelo génio que "mora" em si.
Possui uma dedicação e encanto que transcendem
Adorei o precioso comentário que me fez...

peter pan

OBRIGADO!

mariab disse...

um olhar húmido de sonhos de infância. a tua linguagem poética é admirável. beijos

Anónimo disse...

Uma infância poética!


Abraços d´ASSIMETRIA DO PERFEITO

Anónimo disse...

PS - Juro que passei a gostar de chuva..

Maria Clara disse...

Há grande magia poética em suas palavras, Graça.

Chuva, ventos, relâmpagos e ribeiros para nós, que sofremos falta d'água, são imagens preciosas.

Lindo poema, parabéns!

Abraço,
Maria clara.

Unknown disse...

Na minha infância também se dizia que os raios das trovoadas, os " perigos", eram chamados por certas árvores, entre as quais, a oliveira. A oliveira atraía o raio. É uma imagem da infância. Outra era adorar andar de " pata descalça ". Mas a minha mãe não me deixava: era como andar como os mendigos e os malteses. Mas eu assim que me apanhava fora da alçada dela juntava-me aos meus amigos mais pobres e andava descalço. Nas ribeiras. Na margem do Guadiana. Sobre as pedras do rio. O teu poema faz-me lembrar estas coisas. Gostei. Beijo.
Eduardo

Anónimo disse...

Um poema - e uma fotografia - para o dia de hoje, tão cheio da presença da chuva e da sua capacidade de acordar memórias e devaneios.
Um beijo

Ana Matias disse...

Muito lindo o seu blog!
Belas poesias!
Parabéns!

Celina Rodrigues disse...

Doce inverno, doce infância.
Um beijo

pin gente disse...

como no contorno dos rostos se lê a impaciência da vida


beijos

Anónimo disse...

Encontrar a infância na rama das olveiras.
Saudades
Beijo

Luis Eme disse...

andamos quase todos...

abraço Graça

Ailime disse...

A chuva sempre inspiradora, a entrar de mansinho nos nossos corações e a trazer as memórias de infância.
Lindo.
Beijinhos.

Frioleiras disse...

que bonito......

e eu que adoro o inverno............
e... a infância...

Anónimo disse...

"E ando descalça, no ribeiro
a procurar indícios da infância".

Palavras poéticas, belíssimas, que levam o pensamento para o tempo em que tudo era inocente, mágico....
A fotografia de Edouard Boubat é um espanto, e está mesmo adequada ao tema.

o Reverso disse...

a natureza e a natureza humana.

o sentir.

sentir a terra e sentir-se.

Unknown disse...

Saudações, primeiramente venho agradecer a participação ao debate no Entrando Numa Fria, saiba que sua presença é muito importante por lá.

gosto de ver a chuva pela janela...passa sentimento de calma...

dade amorim disse...

Poesia é a linguagem peculiar de alguém capaz de levar os leitores a descobertas acerca de si mesmos. E o poema é lindo, Graça.

© Maria Manuel disse...

dos invernos, presentes, e dos de infância com os seus medos e a pés descalços.

beijo, Graça.

Aníbal Duarte Raposo disse...

Graça,
O seu blog é para mim uma referência.
Bjs

Elizabeth F. de Oliveira disse...

Linda a imagem 'quando a terra se encharca do lamento dos ventos' e todo o poema. Adoro a tua poesia, Graça.
beijo no coração

Lustato Tenterrara disse...

Tive que vir aqui... Este teu poema é um êxtase literário... Pensamento sublime e maravilhoso...

A estrofe final, per si manda muito bem em qualquer comparação literária com qualquer expoente da literatura.

"Carrego, comigo, um pavor de relâmpagos,
incendiados na rama das oliveiras.
E ando descalça, no ribeiro,
a procurar indícios da infância.
"
(Graça Pires)

Parabéns, Graça Pires. Como diria minha amiga JChristie, 'tua inspiração é divina'.

Beijo.

Lustato
Visite:
Rede Brasil Poesias
http://brasilpoesias.ning.com

e o nosso Blog Oficial da Rede Brasil Poesias
http://brasilpoesias.blogspot.com

Vou te enviar um convite, no próximo comentário.

bj.

Lustato


Espero que aceite.

Parapeito disse...

...Até pode chover...mas como diz um amigo...há sempre um coração com gurda chuva :))

Gosto de chuva e da tua escrita que tal como a chuva fininha ....vai molhando molhando devagarinho ****