13.8.09

Fuga

Harry Callahan

Pinto na janela a tormenta
de um mar imaginado.
De costas para a lua
preparo a minha fuga.
Enrolo à volta do corpo
a primeira onda:
a derradeira âncora
para roçar na boca
o lamento verde das marés.


Graça Pires
De Uma extensa mancha de sonhos, 2008

56 comentários:

maré disse...

A saciar a sede verde de marés,
traço uma rota navegável ao destino dos barcos
___ ainda há viagens possíveis nos argumentos do mar.

_____

Como só a tua voz Graça.
Imensamente bela, cantante como um olhar sobre a ria.
e até mais logo, quando te der um beijo extenso de carinho

Mare Liberum disse...

Lindíssimo, amiga. Às vezes apetece-me fugir e enrolada numa onda seria, com certeza, uma boa companhia.

Bem-hajas!

Beijinhos

isabel mendes ferreira disse...

um lamento de ouro!

ouro que nunca vou esquecer....(a minha mancha diária).


enorme abraço. respeitoso.

Mofina disse...

Que nenhuma âncora impeça a liberdade... Gostei muito de mergulhar neste poema.

Marta Vinhais disse...

E sigo a maré....
Encontrarei tormenta, mas talvez encontre nela a razão da minha fuga...
Lindo....
Obrigada pela visita..
O próximo tema do Com Amor será a amizade...
Beijos e abraços
Marta

AnaMar (pseudónimo) disse...

Sei duma fuga idêntica.
Em que regresso e volto a tentar. Não uma fuga. Talvez uma (outra) evasão.

E nestas palavras me vejo e reencontro.
1001 bjs

Luis Eme disse...

que coisa bonita...

abraço Graça

romério rômulo disse...

graça:
te encontrei na diversos afins.
um abraço.
romério

hfm disse...

O mar, a fuga, o espaço. Encontros.

Fred Matos disse...

Belo poema, Graça.
Beijos

Paula Raposo disse...

Esse é o lamento verde das marés...gostei muito. Beijos.

Elizabeth F. de Oliveira disse...

Graça, ler-te é atirar-se voluntariamente em um mar ondulado de metáforas e com ele afogar-se na beleza da profundidade de tuas palavras.
Esse teu mar é puro fascínio.
beijo no coração

Fernando Campanella disse...

São imagens belíssimas as deste poema, Graça. Meu Deus, como escreves. Parabéns por poemas tão lindos. Bjo.

Fernando Campanella disse...

Eu aqui, de novo, minha querida amiga. Olha só o que acabei de receber de uma amiga, Amália Catarina, como 'scrap' ( mensagem) no Orkut:

A CASA

“A minha irmã a trouxe: a foto da casa onde nasci,
como se fora uma gaivota de névoa.
Agora, a casa respira a meias com o longe
que nos separa da infância. As suas raízes
sobrevoam, tão cúmplices, tão subtis,
os nossos corações atordoados de menina.
Do fundo da tarde adivinhamos, sei lá,
o sótão pintado de pretéritas inocências,
a janelinha por onde as bolas de sabão
nos levavam, em estado de sonho,
por lugares que só o imaginário sabe.
Onde está o retrato do medo,
que sabíamos de cor, mesmo sem o olhar?
Onde está a outra menina
que connosco partilhava os frutos
de todas as estações e a quem,
também, chamávamos irmã?
Em vão, esperar a mais perfeita lágrima
para, em nome da sua ausência,
reconstruirmos a casa.”

GRAÇA PIRES


Muito lindo, lindo. Fiquei feliz com tua divulgação no Brasil. Este poema é de uma outra fase tua? Senti isso, pois os poemas que conheço de ti são de imagens , como posso dizer?, mais surreais, sensoriais, alegóricas, e este poema que recebi é de uma simplicidade , e ainda profundidade, que muito me encantou também. Muito lindo. Bjos.

Tania Anjos disse...

Oi, Graça!

Lindo esse desejo ambíguo de fugir e querer ficar; permitindo-se âncora
num mar de tormentas [pela derradeira vez...].



Nossa... Que arte a sua!!

Beijos!

São disse...

Um poema depurado, este.
Grande abraço.

Jaime A. disse...

Uma fuga maravilhosa como todas as fugas. Sempre com imagens lindas os seus poemas. Parabéns.

Adriana Riess Karnal disse...

"enrolo a volta do corpo a primeira onda...que lindo isso,Graça.Seu mar esverdeado a luzir em ti.

Mara faturi disse...

Querida,

saudade de vir aqui...Alegria de deslizar por seu poema marulhado...
grande bjo e admiração!!!

teresa p. disse...

"Enrolo à volta do corpo
a primeira onda:..."

Que sensação boa de frescura!!!
Poema fascinante, como todos os que escreves.
Beijo.

José Manuel Vilhena disse...

Gosto muito do poema.A associação com a imagem é perfeita.
um beijinho

Argos disse...

Graça

Será mesmo uma fuga?
Gostei muito!

Abraço grande e obrigado

Anónimo disse...

a lamentar é que o mar vai e vem... um beijinho, graça*

Leila Andrade disse...

É assim mesmo, junto ao mar há o nosso lamento que vai com as ondas e âncoras numa bela Fuga.
Bjo, querida.

VFS disse...

fuga

... para as águas do sonho,
na tristeza das lágrimas.

beijo

Beta disse...

A textura salina desses versos, sente-se aqui, além-mar...

Lindo!

dariopouso disse...

maré verde

susana disse...

Aqui eu, embebedo-me de saborosos poemas que me fazem baloiçar...

Bom fim de semana
Susana

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

sempre a soletrar o mar , na entrega se sabedoria !
seu
______ JRmARTo

Cristina Fernandes disse...

Um lamento entre metáforas que toca o outro lado do pensamento...
bjs
Chris

José Ángel García Caballero disse...

pintar mares imaginados... são tão belas as imagens...
bom dia, graça

um beijo

Gisela Rosa disse...

Também gosto de imaginar o Mar, Graça!

O poema é belo como tudo o que escreve. Um beijinho de saudade,
Gisela

ivone disse...

para roçar na boca
o lamento verde das marés.



porque no mar se toca...




i.

A.S. disse...

Graça...

Na mais densa onda... há o fulgor de um relâmpahgo submerso!


Beijos...

Tétis disse...

Graça

Uma "Fuga" lindíssima, esta que hoje nos ofereces.

Não me canso de te ler e reler.

Parabéns, amiga.

Mil beijinhos

segredo disse...

E k a tormenta depressa passe à calmia da noite...envolvida em desejos.
Beijinho de lua*.*

Pormenor disse...

Ago que não damos importância e pode tornar-se muito belo.
Você marca essa diferença.

Cumprimentos.

Beki Girl disse...

Muito lindo o blog, adorei o textinho !

Visitando.

espero poder voltar.
Beijos

tchi disse...

É também por isto que as tuas páginas permanecem à minha cabeceira.

Beijinhos.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

gosto da poesia da Graça Pires, porque acho-a rica no seu todo.

o verde das marés...deixa-nos a pensar.

o verde das algas, o verde da esperança.

deixo um beij

dona tela disse...

Desculpe a ausência, mas este calor...

Celina Rodrigues disse...

Receio sempre as âncoras que me impedem de ir...

Manuel Veiga disse...

tocata e... fuga!

belíssimo

beijo

vieira calado disse...

Muito bem!

Bjs

Anónimo disse...

longe mas nunca deste "coração".





enorme o meu abraço.



sempre.



até breve. espero.




.


imf.

Pena disse...

Um mar imaginado cria sensações apaixonantes e faz "Milagres" do sentimento repleto de pureza e belezas imensas. Foi o que, ternamente, fez.
Perfeito.
Beijinhos de admiração pelo seu fascínio poético gigantesco.
Bem-Haja, amiga genial.
Adorei!
Deslumbrado por tanto encanto...

pena


Fabulosa. Linda...!

Benó disse...

Que a fuga seja breve e o lamento verde das marés nos traga sonhos belos para serem vividos.
Um abraço, Graça.
Muito bonito este poema bem ao teu jeito.

Nilson Barcelli disse...

Querida amiga, tu pintas com as palavras. As tuas imagens poéticas são sempre belíssimas, tal como neste poema.
Gostei imenso da tua fuga. Mas não vás para longe... eheheh...
Um beijo.

bonecadetrapos disse...

"...o lamento verde das marés."

escuto-o agora, quase mudo, na quietude do mar que me enlaça.
E nas suas palavras, estimada Graça...

(e, creia, sem que disso me tivesse dado conta ... rimei.)

A

*___bonecadetrapos___*

deixa-lhe um sorriso de trapos ... e um humano abraço muito grato pela sua presença, pelas suas palavras e, acima de tudo, pela generosa partilha de poesia com elevada qualidade: a sua!

maré disse...

Venho dizer-te que, para além dos rios que se esgotam de murmúrios, a tua voz é uma corrente que me anima, me dá um destino sempre mais amplo, mais fecundo...
Com ele atravesso as pontes e reencontro-me, mesmo quando as horas e os dias me pesam desmesuradamente.

Obrigada Graça, minha amiga que me alarga as fronteiras do coração.

Mar Arável disse...

Sempre belos

os teus desejos

na rota dos barcos

navegáveis

avlisjota disse...

O medo do desconhecido, pode ser castrador.
O que está para além da fuga, a volta que nos limita... É sempre melhor o sabor do lamento, que o lamento de não içar a âncora!

Beijos...

José

Parapeito disse...

Há sedes que nunca se saciam :)
E depois diz se: que o mar devolve tudo á praia... Diz se :)

o Reverso disse...

escrevo nest post porque foi este o livro que a livraria bulhosa me conseguiu.
só tive que lá ir buscá-lo dois dias depois da encomenda. foi fácil.
não sei escrever sobre poesia. nem sobre prosa. sei, à minha maneira, sentir.

encantado, senti.
soube-me a pouco...


porque vi que um dos outros lá foi editado,irei assim que possa à editora vega que também é em lisboa.

um beijo

Gabriela Rocha Martins disse...

uma magnífica pincelada de cores



.
um beijo

candida disse...

bons poemas.