3.9.09

Em seara alheia



A prontidão das sombras resume
Um simples corpo e resvala sinuosa.
Sei que recordo tudo em certos momentos.

Recordo-te até como se te chamasse,
Como se corresse através do caminho
Que vais preparando junto aos precipícios.

Mas a memória revela o que não sei,
Desfaz sequências de nomes até ti.

Repito a violência e seguro uma pedra
Com as mãos - tal como as tuas - já perdidas.

Repito toda a fragilidade que o teu peso insinua
E derramo a voz ao limite - ossos e carne
Que nos atiram ao chão com o afecto da dor.


Rui Almeida aqui
In: Lábio Cortado. Torres Vedras: Livrododia, 2009
Prémio Manuel Alegre 2008

39 comentários:

Paula Raposo disse...

Beleza de poema. Obrigada pela partilha, vou já visitar o autor. Muitos beijos.

Teresa Durães disse...

e parabéns ao autor pelo prémio recebido

Desnuda disse...

Belíssimo, Graça! Versos profundos, mas uma sutileza nas palavras que não lhes tiram a exatidão e a dimensão dos sentimentos ... Aí a beleza da arte poética. Lindo! Obrigada e parabéns pela escolha.


Carinhoso beijo

Marta Vinhais disse...

Grito e fico apenas com o eco da minha voz...
Lindo o poema; gostei muito...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Déia disse...

Lindo, lindo, lindo!!

Volte sempre a me visitar, pois estarei sempre aqui tb!
bj

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

parabénas ao autor, é de facto um belo poema.

como sempre as tuas escolhas são perfeitas.

deixo um beij

Ana Oliveira disse...

Mais uma descoberta poética.

Obrigada.

Ana

pin gente disse...

a memória é, por vezes, um terível peso!
um beijo e obrigada pelo que aqui deixas.
luísa

ruialme disse...

Muito obrigado a todas, em particular à Graça. Fico agradado, mas também surpreendido com tão generosas reacções.

Pena disse...

Simpática Amiga:
Um poema soberbo de deliciar.
"...Repito toda a fragilidade que o teu peso insinua
E derramo a voz ao limite - ossos e carne
Que nos atiram ao chão com o afecto da dor..."

Ansiedade perfeita dos poetas e poetizas de encanto.
Vê-se o interior fabuloso de si.
Perfeito. Admirável.
Com respeito e estima gigantescas.
Abraço amigo...

pena


Fantástico!

Victor Oliveira Mateus disse...

Boa escolha, Graça! Um grande livro!!!
Beijo de amizade
v.

segredo disse...

K poema lindo!!!
Beijinho de lua*.*

avlisjota disse...

momentos em que tudo nos vem á memória como facas, tornam-nos frágeis numa dor consentida...

realmente muito belo, muito subtil este poema!

Cumprimentos ao poeta premiado.

E um beijo de amizade pra a Graça

José

maré disse...

é lindo Graça.

Já haviamos falado sobre ele e já encomendei o livro que me deve chegar na próxima segunda.
Parabêns ao Rui

Para ti, um beijo imensíssimo.

~*Rebeca*~ disse...

Graça,

E esse seu bom gosto pelo sentimento das letras é refinadíssimo.

Parabéns, menina linda.

Noite de luz!

Rebeca

-

dade amorim disse...

Um belo poema, Graça. Vou lá conhecer melhor o RUi.
Obrigada pelo presente.

Beijos.

ruialme disse...

Nem sei bem q dizer... tenho um clube de fãs arranjado pela Graça.
Fico mesmo contente.
Obrigado mais uma vez.

A Magia da Noite disse...

por vezes é assim que recordamos a própria tristeza, consolamos a dor e enfrentamos a insegurança do futuro.

teresa p. disse...

Excelente poema, com um final fabuloso!!
"Em seara alheia" apresentas sempre poemas de grande qualidade. É muito feliz esta partilha...
Parabéns ao autor pelo prémio que recebeu.
Beijo.

Mofina disse...

Que bom ter a oportunidade de dar os parabéns ao autor que recebeu o prémio na minha cidade de Águeda... :)

Abraços

firmina12 disse...

"Lábio Cortado" é um livro sem feridas. É tão perfeito quanto o é o autor.

Mara faturi disse...

Tem o peso da pluma nos dias acinzentados...Gostei imensamente!
Grande Bjo!

Nilson Barcelli disse...

Gostei do poema do Rui, que não conhecia.
Querida amiga, obrigado pela partilha.
Bom fim de semana, beijo.

romério rômulo disse...

graça:
venho me atualizar.
um grande abraço.
romério

Luís Mendes disse...

forte. o poema. forte.

Unknown disse...

Poema doloroso e forte.Obrigado pela sua divulgação.

vieira calado disse...

Grato pela partilha.

Um beijinho

e bom resto de Domingo!

Hercília Fernandes disse...

"[...] a memória revela o que não sei,
Desfaz sequências de nomes até ti".

Belo poema, Graça. Agradeço por compartilhá-lo.

Um beijo :)
H.F.

VFS disse...

Graça,

um excelente poema dum homem que gosta das palavras.

beijos

Vicente

Adriana Riess Karnal disse...

os poemas sobre memórias são sempre lindos,é o que eu acho. Esse merece prêmio.Graça, bom lê-lo aqui

José Ángel García Caballero disse...

belo poema e descobrimente, não conhecia o Rui Almeida,

obrigado,

beijos!

isabel mendes ferreira disse...

o meu abraço.

__________________.sempre.

☆Fanny☆ disse...

Gostei muito do poema. Não hesito em visitar este autor.

Obrigada pela partilha que sempre nos enriquece!

Beijinhos

Pena disse...

Sensível Poetiza Amiga:
"...Recordo-te até como se te chamasse,
Como se corresse através do caminho
Que vais preparando junto aos precipícios.

Mas a memória revela o que não sei,
Desfaz sequências de nomes até ti..."

Delicioso. Terno. Maravilhoso.

Beijinhos amigos de imenso respeito e admiração.

pena

Brilhante, amiga!

Manuel Veiga disse...

gostei muito do poema. não conhecia a obra deste poema. a reter. sem dúvida...

beijo

Licínia Quitério disse...

Uma prazeirosa descoberta deste autor.

Obrigada. Graça.

Rita Mendes disse...

Belo poema, Graça. Bonita escolha. Voltei a escrever! Beijinhos, e até qualquer dia.

© Maria Manuel disse...

Um poema intenso, indubitavelmente merecedor de honra pública.

obrigada, mais uma vez, pela partilha.

Parapeito disse...

:)) Gostei de encontrar aqui o Rui :)
Gosdto de o ler .
Obrigada
Um abraço****