Como se tivessem aves afogadas no olhar,
os
meninos desenham com cinza
as flores do jardim.
Cresceram. Os berlindes
perderam a cor.
As fadas que lhes embalavam o sono
desapareceram dos livros.
Os
navios dos piratas seguiram outros rumos.
Um fuso imaginário alterou certeiro
o
pulsar dos segundos no lastro dos dias.
Graça Pires
De Caderno de significados, 2013
44 comentários:
thank you
سعودي اوتو
Tristeza no olhar denota a realidade! bjs, ótima semana,chica
E os meninos se fizeram homens e os sonhos de criança ficaram perdidos nas brumas do tempo.
Belíssimo poema.
Bom domingo
beijinhos
Maria
Um poema extremamente expressivo, candente de actualidade.
O rolo compressor do neoliberalismo tudo esmaga e os mais atingidos são, inevitavelmente, as crianças, porque o poder abusivamente instituído visa apenas o lucro desenfreado, operando furiosamente no sentido da acumulação irracional de mais e mais riqueza. Por isso, a globalização desrealiza os contextos vitais do indivíduo, denega os direitos elementares do ser humano, e despersonaliza, nomeadamente, esses seres indefesos que são as crianças, sonegando-lhs o essencial -- a capacidade de sonhar.
Depois da escravatura, do feudalismo, da industrialização, da exploração do trabalho assalariado, é urgente proceder à exclusão da massa humana excedente... já que estamos em "democracia". O que eles têm em mente, na verdade, é a eliminação, pura e simples, dos excedentes.
Um grande beijo, Graça.
Graça Pires, a beleza do poema está na clara demonstração de como se pode sintetizar. O que não é fácil.
Abraço
A "imagem" das aves afogadas no olhar é a figuração da perda, a perda dos sonhos de infância diluídos num tempo adverso.
Belo modo de "dizer"!
beijinho
Lídia
As voltas que a vida dá...As sombras no olhar... outrora tão feliz....
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Lindas palavras!profundas!
Beijo, bom domingo
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
...e se se volta os sítios encolhem, que é um mistério que gostava de entender melhor...o sinal de Alice, partindo do princípio que para minorar o desencanto nos vai deixando sinais.
:)
Um poema certeiro que denuncia a subtração indecente que se tem feito à inocência do menino. Com tempo e o espaço confinados que margem há para o sonho?
Um bj, Graça.
Que pena ter de ser assim.... Mas ainda bem que há quem o registe de forma tão bela!
Beijinhos, Graça.
O mistério da vida. Bonito e profundo.
Uma ótima semana!
Um ótimo mês
Um abraço, e um sorriso!
Blog da Smareis
Belíssima criação poética!
Os meninos que já não podem ser meninos...
BJO, Graça :)
Que poma lindo! Adorei!
Beijos!
Graça Pires, querida amiga !
Aqui, no meu País, as crianças crescem sem ouvir
histórias de fadas, ou de imaginárias viagens...
Não resta tempo, além da sobrevivência.
Belo e verdadeiro texto. Parabéns.
Um caloroso abraço, aqui do Brasil.
Sinval.
Esse é um dos primeiros confrontos com a vida real iniciada numas das fases transitórias da infância, e que de uma maneira ou de outra, todos invariávelmente passamos por ela ...
Excelente Poema de grande definição, com um forte peso emocional que nos remete para esse mesmo confront com a realidade .
Um Abraço e Boa Semana :)
Luis Sousa
Os meninos cresceram e trocaram os berlindes por outros brinquedos, talvez menos coloridos, mas as meninas continuam a ler livros de contos de fadas e a ter sonhos cor-de-rosa, para esquecer a realidade. Graça, minha amiga, ainda há meninos felizes e em todas as primaveras os campos se vestem de flores garridas. Hoje, como em todos os outros dias, cabe-os a nós indicar-lhes o norte.
Um grande abraço e grata por toda a poesia que nos transmite.
Há gerações de crianças pelo mundo que perderam a barquinho navegante...abraços
Piratas estão sempre mudando os rumos deles e os nossos também.
Cadinho RoCo
LIndo poema para o mais lindo dia do ano, o dia da criança. Beijos fraternos Graça
PS: O google crom funciona!!!!!!!!!!!!!!
meninos que cresceram e já não sabem a inocência da infância.
meninos obrigados a crescer.
meninos sem nada, outros com tudo e sem saberem diferenciar o nada do tudo.
um poema muito actual.
a imagem foi muito bem escolhida.
uma boa semana.
beijo
:)
E esses ainda são os mais felizes, pois os restantes nem infância tiveram...
Abraço apertado e que seja muito bom o teu Junho, Gracinha
Uma amarga realidade minha amiga.
A foto muito bem escolhida e o poema, um alerta!
Um beijinho
Fê
Filhos dos Homens que nunca foram meninos
Bjs
As nossas crianças estão vivendo dias muito maus.
Trocaram-lhes o curso das suas vidas e apresentaram-lhes esse mundo sem cor de que falas.
Seus lápis são armas brancas que vertem a miséria em que vivem. Lamentável!
_ e sentimo-nos tão impotentes.
Quem as socorrerá?
Parabéns pelo dom de reflexão e inquietação que seus poemas conduzem .
um abraço
Uma imagem bela para um Belíssimo poema. Que os anjos guardem dentro de cada criança, o ser criança, e que nas fronteiras do amadurecer possam atravessar fardos leves como leves são os sonhos.
Parabéns. Um lindo dia pra você.
meninos de infância lograda. sem dúvida.
adultos antes de tempo...
belo e sensível poema, Graça.
beijo
Assim os logros dos dias, minha amiga.
Gosto tanto!
Beijinho
Crescer é doloroso e, ainda mais, quando se é obrigado a fazêlo antes do tempo. Sem a magia da infância surge o desencanto e a tristeza, como a que se espelha no rosto da criança da foto que, alás, é lindíssima.
Beijo.
OI GRAÇA!
MENINOS, QUE TORNAM-SE HOMENS, EMPURRADOS POR UMA VIDA DE PRIVAÇÕES QUE LHES ROUBA A INFÂNCIA.
LINDO, COMO SEMPRE.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Boa tarde, a imagem é linda e reveladora do menino que nunca foi menino, como tantos em todo o mundo.
A excelente reflexão que muito bem partilhada é sempre oportuna.
AG
Há meninos que perdem o rasto quando dão o salto definitivo. Outros há que o recordam. O meu já não é menino, esqueceu a Ilha de Sempre. Eu, por vezes, ainda lá vivo e chocaríamos se falasse de fadas. A minha ainda é quase menina mas nunca viu fadas. Mas o tempo flui e eu estou num rio diferente deles.
Tudo me perturba: o poema da Graça, o miúdo na espantosa foto do Walker Evans, a memória dos meus companheiros de Escola Primária numa cidade operária.
"Surgindo vem ao longe a nova aurora", assim começava, cheio de esperança, o Hino Revolucionário associado ao diário sindicalista "A Batalha" (1919-1927).
O poema da Graça merecia um comentário mais apurado, mas as evocações que ele me despertou foram mais fortes. Há dias assim.
Bom dia Graça.
Estou retornando ao virtual. Uma linda poesia, falando de um triste realidade, onde a infância está sendo roubada de tantas crianças, se tornando adultos sem passar por uma fase tão importante. Um feliz dia minha amiga. Um forte abraço.
Olá, Graça Pires.
... passando para desejar-te um Feriado, muito bom.
Um abraço.
gostei do teu retrato de algumas crianças cuja infância foi capturada. bjs
Olá, Graça!
O silêncio, por vezes, é a nossa cama. Não me despedi porque sabia que a saudade iria assaltar-me. É bom voltar e encontrar tão belos caminhos poéticos.
Beijinho. Obrigada.
Graça Pires!
Nosso sistema capitalista, a globalização, o individualismo forçado, realmente afasta a doçura , a gratidão, o amor ao próximo,mas existem pessoas que ainda acalentam bons sonhos e esperança de um mundo melhor e isso está bem vivo em nós, e a prova é ver que poetas e escritores, inspiram-se neste tema, e isso ,é sem dúvida,maravilhoso, nem tudo está perdido...um dia a poesia vai mudar o mundo, eu acredito nisso. Tenho certeza absoluta que pessoas do bem estão em maioria.
Parabéns pelo texto.
Abraços
veraportella
Alguns perdem o brilho no olhar porque são arrancados, cedo demais, do mundo das fadas. Outros, porque lhes impuseram uma realidade que não gostariam de viver. Mas ainda existem os que, mesmo rodeados pelo lodo, crescem com a determinação de mudar o mundo. Bjs.
Boa noite Graça, um poema lindo e muito signifiativo que reflecte a ausência de esperança no olhar da criança.
Um beijinho.
Ailime
Olá, Graça.
Leio o poema e julgo ouvir o desespero de quem constata o que nunca desejaria possível.
A poeta não pretende apenas a criação dum belíssimo poema, fruto da aprimorada organização das palavras, a poeta quer sacudir consciências e usa da palavra - sua arma! - para insurgir-se contra o inconcebível.
Adoro "lê-la".
bjn amg
no lastro dos dias,
por vezes logro, outras não
se nascemos velhos, como suportaríamos a infância?
um abraço, Graça
...e é tão triste quando acontece assim... :(
abraço
Crescer custa: a eles, a nós... Diz-se por aí 😐
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