15.8.16

Ungido com palavras antigas

Anselm Kiefer

Ungido com palavras antigas ele atravessou
uma brenha de arbustos em chamas e disse:
Um dia as águas hão-de calar-se na gruta maternal.
Os animais selvagens morrerão nas mais íngremes
colinas onde a inundação nos olhos das mulheres
ensandecidas os levará à procura das nascentes.
Os homens caminharão na berma das estradas
carregando os filhos: órfãos, já, do seu próprio destino.

Graça Pires
De Uma vara de medir o sol, 2012

40 comentários:

chica disse...

Gosto da intensidade dos teus versos sempre! LINDO! bjs, ótima semana,chica

Daniel Costa disse...

Graça Pires

Sou admirador da tua poesia ... Ponto. No entanto tomei boa nota da linha: "De Uma vara de medir o sol", porque inúmeras vezes calculei as horas por esse método.
Ah, devo dizer que a interpretação de ELEVA-TE E ELEVARÁS A SOCIEDADE, é a certa.
bjs

Marta Vinhais disse...

Um dia... tudo ficará deserto... Porque o Mundo morre lentamente....
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Nequéren Reis disse...

Palavras lindas vindo da alma arrasou, obrigado pela visita,
tenha uma semana abençoada.
Blog:https://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM

As Mulheres 4estacoes disse...

Há muitos que procuram uma nascente dentro de si, que lhes mate a sede que sentem de esperança.
Um abraço,
Sônia

Simone Felic disse...

Ele procurou e não encontrou a fé que precisava.
bjs e boa semana.

http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

tulipa disse...


OLÁ GRAÇA

ADMIRO a facilidade com que as palavras

brotam da tua Alma!

Parabéns.

Tenho andado desaparecida do meu e dos vossos blogues
O calor deixa-me sem reacção...

Sinto-me a desfalecer.
40 graus? Ufa...sei bem o que isso é.
Tenho passado mal com tanto calor,
estou mesmo proibida pelos médicos
de andar na rua
nestes dias de calor em demasia.

De Óbidos para cima todos dizem:
Hoje amanheceu bem fresquinho por cá...
Mas
aqui, nada disso...
Logo de manhã já estão 20º
e depois vai subindo e, de que maneira!
....

BOA SEMANA.
Beijinho

fatimawines disse...

Olá, Graça!

Um grito de alma costurado com palavras firmes.Sinais do tempo que teimam cristalizar-se com a sociedade cada vez mais amputada de valores e referenciais.
bj.

Odete Ferreira disse...

À míngua do mais elementar respeito pela mãe natureza, até as lágrimas secarão.
Excelente forma de pôr a nu uma desoladora realidade.
Bjo, Graça

Mar Arável disse...

Não há morte

nem princípio

Bjs

Gaby Lirie disse...

Procurar uma nascente, passamos por isso nesse mundo que caminha tortuoso, estranho, difícil.

Sua visita sempre é um abraço em meu coração Graça, obrigada!

Beijos!

Manuel Veiga disse...

proféticas palavras...
assim os Poetas, lendo os sinais.

dói de tão belo e real - teu poema.

beijo, minha amiga

Smareis disse...

Versos que me deixou a pensar. Intenso e verdadeiros. A esperança nunca pode morrer.
Um abração Graça!
Ótima semana!

Tais Luso de Carvalho disse...

"Os homens caminharão na berma das estradas
carregando os filhos: órfãos, já, do seu próprio destino."

É isso que está acontecendo, Graça. O homem há muito está acabando com o planeta. Basta olharmos as matas queimadas, os rios poluídos e quase mortos; os mares em agonia.
Belo poema, um chamado, um alerta. Você diz tudo em poucas palavras, mas fortes.
Beijo, amiga.

Sinval Santos da Silveira disse...

Oi Amiga, Graça Pires !
Estes versos são profundos...
Somente a tua alma poética
poderá, filosoficamente,
traduzi-los.
Não me arriscaria...
Um carinhoso abraço, aqui do
Brasil.
Sinval.

Isa Sá disse...

Para refletir!


Isabel Sá
Brilhos da Moda

mz disse...

Como um Apocalipse neste entendimento poético.

Abç

LuísM Castanheira disse...

É na procura da nascente da nossa existência, que o caminho objectivo se percorre.
Olhar, de forma poéticamente sublime, para um mundo, onde as "flores" da beleza murcham por falta de amor, é um alerta para a falta de futuro para todos.
Todos seremos orfãos do nosso destino.
Um belo e intrincado poema, minha amiga.
Um beijo, neste quente agosto.

Anete disse...

Versos fortes, intensos e densos...
Com imaginação adentramos no seu poetar, Graça... Vale muito!
Obrigada por mais uma visita por lá...
Tenha uma linda 3ª feira! Beijinho

Suzete Brainer disse...

Uma humanidade cada vez mais órfã de sua essência de
preservação e de um olhar de encontro para reconstruir
o que tanto já foi destruído por ela mesma...

Admirável (sempre) a sua expressão poética!!
Um beijo.

Cidália Ferreira disse...

Mesmo fantástico. Parabéns.

Beijo

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

ManuelFL disse...

Este poema da Graça é inquietante. E um grito de alerta.

Eu quero acreditar que o futuro está em aberto.
Tudo o que verdadeiramente sabemos é que o que vier depois virá sempre como surpresa.
Talvez se revele uma boa surpresa, se hoje e amanhã não baixarmos os braços.

Beijo, Graça.

teresa p. disse...

É urgente que a natureza seja seriamente respeitada por todos nós. Não há mais tempo a perder, para evitar que o mundo se torne um lugar árido, como alerta este belo poema. Tenho esperança que a atitude do ser humano se altere no bom sentido.
Beijo.

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Poema de grande intensidade e verdade, diante de tudo que já está acontecendo no mundo.
Maravilhosa inspiração Graça!
beijos, uma boa noite!
Mariangela

DE-PROPOSITO disse...

Um baptismo de palavras, que, determina o sentido da existência.

Felicidades
MANUEL

Ailime disse...

Boa noite Graça,
Um poema profético magnifico que com as suas profundas palavras nos reporta para a realidade nua e crua que o mundo atravessa.
Tocou-me profundamente este excerto:"os homens caminharão na berma das estradas carregando os filhos: já órfãos do seu próprio destino". Intenso e real.
Um beijinho minha amiga e Enorme Poeta.
Ailime

Graça Alves disse...

Adoro, Graça!
Lembra o Apocalipse e gosto sempre da intertextualidade!
Também me lembra o querido amigo Rui Féteira :)))
beijinhos

São disse...

Trágica profecia e tão profunda, Graça...

Beijinhos

manuela baptista disse...

premonição


e depois, onde crescerão os morangos silvestres?

um beijo, Graça

Rita Freitas disse...

Tão lindo e tão assustadoramente verdade.

Abraço

Graça Sampaio disse...

Não estou acostumada a senti-la tão pessimista, Graça. As palavras são belas por de mais, mas algo assustadoras.

Tive um professor de Teoria da Literatura que dizia «o Poeta é um Vate» - as palavras deste poema são um sobressalto...

Beijinho.

Majo Dutra disse...

Um poema que traduz uma angústia de 2012...
Uma profecia macabra, mas muito lúcida, pois
não há maneira de finalizar estes desvarios
e até dá impressão que se agravarem...
Excelente intervenção cívica.
Beijinho, Graça.
~~~~~~~~~

Jaime Portela disse...

O poeta também é profeta...
Excelente poema, como sempre.
Graça, desejo-te um bom domingo e uma boa semana.
Beijo.

Arroz Di Leite disse...

Graça desejo um abençoado domingo.
Bjs

Tânia Caamrgo

AC disse...

Um poema à laia de profecia. Belo, como sempre.

Um beijinho, Graça :)

Agostinho disse...

Uma pérola, Graça!
A realidade surpreende a mais inverosímil ficção, na aparência diferente...

Assim foi, assim é, assim será.
A profecia, antiga, antecipa destinos.
E a sede não está nas bocas mas nos locais de onde brota o desejo.
Ego(s)_isticamente?

Bj.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

um poema que entendi como uma profecia
muito actual
boa semana.
beijo
:)

Toninho disse...

E de tanto plantar solidão
um dia colherá o vazio em terrenos hostis.
Mais que uma profecia, um grito ao ponderado.
Show amiga.
Bjs de paz.

Isa Sá disse...

a passar por cá para desejar um ótimo dia.

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Ana Freire disse...

Quantas vezes a humanidade testa o limite levado ao extremo... na sua falta de humanidade, nas suas acções pelo mundo...
Tal como a Piedade... também entendi o poema como uma profecia...
E só não entendi, como este post de qualidade excepcional, me escapou no outro dia de comentar...
Beijinho! Feliz semana!
Ana