2.7.18

Quase sede

Francesca Woodman



Um calor, quase sede,
amadurou as cerejas
nas bocas festivas,
envoltas em aromas de gula.
Apetece a sede assim adivinhada.
Apetece o hálito espesso
que a língua em seu ceder retém.
Apetece morder. Até ao caroço.
Com os dentes devassos de disfarçar o riso
ou roer as unhas junto aos muros
que amam os vendavais
e a flagrante solidão das borboletas.

Graça Pires 
In: CONTINUUM: antologia poética. Pinturas de Luís Liberato, fotografias de Soledade Centeno. Braga: Poética, 2018, p. 117


55 comentários:

Larissa Santos disse...

Poema sublime. Adorei. :))


Bjos

Votos de um bom dia.

deep disse...

Um bonito poema que aguça espírito e sentidos.

Boa semana,Graça.

Beijo

chica disse...

Tela maravilhosa e poesia desse apetecer que até sede parece dar...Linda semana! bjs, chica

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei bastante minha amiga deste belo trabalho poético.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Raquel Loio disse...

As palavras são usadas de forma intensa, resultam numa poesia bela! Beijinhos, uma excelente semana :)

carlos perrotti disse...

Quase. Intensidade da incerteza. O que permanece entre o prazer e a satisfação, na ponta da língua. vislumbres do que existe, mas não pode ser visto, na região do insondável.

Alta poesia, Graça. Abraço.

Marta Vinhais disse...

A vontade, a ânsia, o desejo... de qualquer coisa... às vezes sem nome...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Cidália Ferreira disse...

Os seus poemas são sempre intensos e maravilhosos!

Beijo e uma excelente semana.

Poções de Arte disse...

Bom dia!

Obrigada pelo carinho. Tem sido um pouco corrido, mas acredito que aos poucos tudo vai se encaixando.

Abraços esmagadores e dias felizes.

Acrescenta Um Ponto ao Conto disse...

Bonito poema, ilustrado por uma excelente fotografia.

Temos um novo conto e gostaríamos que nos ajudassem na escolha do título. Convidamos-vos a ler e a votar.
https://contospartilhados.blogspot.com/2018/06/novo-conto-ainda-sem-titulo.html

Uma boa semana para todos.
Saudações literárias!

Luísa Fernandes disse...

https://poemasdaminhalma.blogspot.com/
Boa tarde, Graça!
"Quase Sede", poema interessantíssimo.
Tanta coisa que ás vezes nos dá azo a morder as unhas,
Tal como as cerejas ou o caroço. Gostei imenso!
Beijo e ótima semana.
Luisa

Franziska disse...

Me apetecía retomar mis lecturas de tus poemas cuyas palabras se ensartan como las cerezas maduras. Bello y evocaador texto poético.
Me despedí hace más de siete meses pensando que mi ausencia no sería tan larga y hoy por fin puedo decir:

"calle cortada por motivos de salud, ya reparada, entrará pronto en servicio. Disculpen las molestias". Así son las cosas.

Ha sido un placer pasar a saludarte.

manuela baptista disse...

e assim tão bem dito, apetece mesmo

as carnudas cerejas e tudo o que mais se possa trincar

muito bonito, mesmo, Graça!

Ailime disse...

Boa noite Graça,
Que poema tão belo!
Sede que se revela fonte de enorme inspiração na excelente poesia da minha Amiga e enorme Poeta.
A imagem é magnífica .
Beijinhos e boa semana.
Ailime

silvioafonso disse...

Olha só como eu fiquei, oh!
Arrepiadíssimo, amiga.

Beijos e beijos. Com ou sem
caroço.


.

A Paixão da Isa disse...

Waounh mas que bonito gostei mt bjs

Roselia Bezerra disse...

Boa noite, querida amiga Graça!
"Apetece a sede assim adivinhada."
Que verso mais lindo!
O poema é um mergulhar no apetecer e saciar... muito bom!
Seja muito feliz e abençoada junto aos seus amados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Alfredo Rangel disse...

Graça, poesia absolutamente sensual e maravilhosa. Com a qualidade de tuas poesias. Com os sentimentos de tua poesia. Bela e extremamente envolvente. Parabéns!

Smareis disse...

Poema lindíssimo, com uma fotografia maravilhosa.
Adoro fotografia preto e branco.
Boa semana, e um julho só de coisas boas.
Beijos!

ManuelFL disse...

Apetece a sede, apetece morder, roemos as unhas esperando um novo poema da Graça para nos comovermos, nos emocionarmos, porque não dizê-lo, nos exaltarmos.
Beijo.

Marco Luijken disse...

Hello Graça,
Wondeful to read these words.
A nice little story again.

Sweet greetings,
Marco

Agostinho disse...

Viva, cara amiga Graça Pires.
Apetece dizer
que da "flagrante solidão
das borboletas"
(tão bem)
abrigadas da nortada vigente desabrocham
carnudas também
as cerejas que se dão
encarnadas de sumo

Como sempre, aplaudo a excelência.
Bj.

São disse...

uM POEMA MUITO DIRIGIDO AOS SENTIDOS....

bEIJINHO, AMIGA

Suzete Brainer disse...

Nossa, amiga Graça, este seu poema é de uma excelência luminosa,
exuberante de beleza e junto com a fotografia (arte!), nos
hipnotiza com esta arte grandiosa da Poesia!

Adorei, parabéns.

Votos de feliz semana!
Um beijo.

Marli Terezinha Andrucho Boldori disse...

Bom dia, Graça,
a sede parece ser infindável, pois mistura muitos sentidos,
apetece comer ou roer a fruta até o caroço, quantos sentidos podemos dar a esse poema
cheio de simbologia. Quase sede, a imagem nos mostra uma sede de sentimentos,
que fogem à razão. Bonito. Beijos!

Teresa Almeida disse...

A imagem e a palavra são sequiosas. O poema, no seu todo, é fartura - uma mesa cheia.

Tão belo e intenso, querida Graça!

Beijo.

Majo Dutra disse...

è exatamente assim a quase sede de cerejas…
Um poema magnífico, Graça.
Que venha um ótimo Julho!
Beijinhos, querida Amiga.
----

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, lindo "amadurou as cerejas" poema,
Para a poeta, continuação de feliz semana,
AG

José Carlos Sant Anna disse...

Olá, Graça,
Apetecer, verbo para se degustar em qualquer situação. Em particular, neste poema tão bem engendrado em sua moldura e para a inteira satisfação do leitor, que esteja atento ao trabalho de linguagem da poeta.
Um beijo, minha amiga!

Manuel Veiga disse...

"quase sede" que é um verdadeiro festival de cores, odores e sabores
que a "poesia é para comer", não é verdade, Graça?
(mais não seja que "no fingimento de dentes devassos de disfarçar o riso"...)

beijo, minha amiga

gostei muito

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça,
encantada
separo essa maravilha
"Um calor, quase sede,
amadurou as cerejas
nas bocas festivas,"(...)
Graça Pires

Bjins
CatiahoAlc.

Erika Oliveira disse...

Gostei de ler. Bjinhos.

Toninho disse...

Que bonito Graça.
Um calor calor quase sede, junto da sede dos peixes, penso eu, a que não tem solução.
Mas a solidão das borboletas é um voo sem plano no colorir de céu.
Linda semana Graça.
Um Julho maravilhoso para vocês amiga.
Beijo de paz.

teresa p. disse...

"Um calor, quase sede, amadurou as cerejas..."
Poema emocionante que festeja o Verão, pleno de imagens coloridas, aromas e sons que satisfazem os sentidos.
Excelente fotografia.
Beijo

C. disse...

Wow simplesmente lindo!


Beijinhos,
O meu reino da noite ~ facebook ~ bloglovin

LuísM Castanheira disse...

Do teu Poema vejo princesas
com brincos de cerejas
a passar.

E como são tão belas, fica o desejo
na sede de as fotografar (as cerejas neste Pomar)

Do degustar, só' a Poeta nos pode falar
e fala, neste Poema belo como cerejeiras
carregadas de aromas e cores.

(voltei, no tempo, a trepar...)

Delicioso!

Um beijo, minha cara Amiga Graça

lis disse...

Oi Graça
Bom te ler,sempre e novamente.
A linguagem portuguesa tem muitas variáveis e isso é empolgante.
'Apetecer'é ótimo aqui já usaríamos o 'desejar'_'Apetece morder' ou 'Desejo morder' e entende´riamos como algo apetecível e desejável.
Obrigada pelo poema tão delicioso e apetecível.
Beijo, Graça

C. disse...

R. Muito obrigada pela visita!

Beijinhos,
O meu reino da noite ~ facebook ~ bloglovin

Zilani Célia disse...

OI GRAÇA!
JÁ DEVO TER TE DITO MUITAS VEZES QUE ADORO TUA FORMA DE ESCREVER POIS, CADA TEXTO É UM DESAFIO E AO MESMO TEMPO NOS DÁS A LIBERDADE DE COMO NESTE, SENTIR A SEDE QUE QUISERMOS OU QUE NA VERDADE ESTEJAMOS SENTINDO.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Anete disse...


Foto e poema que nos levam a imaginar e refletir bastante...
A sede é universal e precisamos da Fonte de Água Viva, dia após dia...
O meu carinho

Sinval Santos da Silveira disse...

Querida Poetisa, gRAÇA pIRES !
Que sutil descrição de uma sede, abastecida
da farta e artística imaginação literária.
Parabéns !
Um ótimo final de semana e um carinhoso
abraço, aqui do Brasil.
Sinval.

Olinda Melo disse...


Tudo apetece neste poema. Do calor aos aromas,
das apetitosas cerejas à doçura das palavras, que quase
apetece degustá-las.

Uma sede de tudo, de nada, de qualquer coisa,
de algo que nos faça viver a vida como ela merece.

Muito obrigada, querida Graça, por este tão
belo poema.

Beijinhos

Olinda


Maria Alice Cerqueira disse...

Boa noite
gostei do poema
tudo do melhor
abraço
Maria Alice
https://www.mariaalicecerqueira.com.br/

Jaime Portela disse...

Excelente, como sempre.
Poesia que se morde, até ao caroço...
Amiga Graça, bom fim de semana.
Beijo.

Duarte disse...

Estamos numa época propicia, tanto para borboletas, como para cerejas. Amabas não demorarão em abandonar-nos!
Mas aquilo que tão bem escreves não. Gostei desse modo tão teu de empregar a metáfora, que subtileza!
Abraços de vida, querida amiga

Lu Dantas disse...

Nossa! Coisa mais linda! ;)

beijos

https://ludantasmusica.blogspot.com

Aline Goulart disse...

Um poema que transmite um calor que aquece o coração de quem lê. Lindo!

Um ótimo final de semana.
Beijinhos.

Ani Braga disse...

Olá Graça querida


Lindo poema, muito gostoso de ler.

Beijos e um domingo maravilhoso.

Ani

teresa dias disse...

Olá Graça!
Versos sensuais que primeiro se estranham e depois se entranham.
Isto porque não me lembro de ter lido um poema seu em que sensualidade escorra de cada verso.
Poema belíssimo, querida amiga.
Beijo.

ANNA disse...

Gracias por el paso por el blog, ya sabes que significa mucho las visitas y comentarios en nuestro blog.
Besos

Ana Freire disse...

Belíssima... esta sede de vida... que se saboreia nesta deliciosa inspiração...
Simplesmente sublime, Graça!... De facto, um momento poético, para se apreciar... até ao caroço... e que me fará procurar, por imagens de cerejas... para qualquer dia, o destacar no meu canto, quando voltar... :-)
Um beijinho grande! Bom fim de semana!
Ana

Parapeito disse...

Viver a vida, é ter esta sede.Tão lindo, tao cheio.
Adorei.
Abraço e brisas doces **

Palavras de certos dilemas disse...

Oi gente,
Estou a pedir uma ajuda, para realizar um sonho meu, peço que por favor, entrem e leiam ... apenas leiam.
http://www.vakinha.com.br/vaquinha/um-sonho-samanda-ines-dos-santos-silva
Desculpe Graça pirez, por usar este seu espaço, estou a divulgar e sei que você pode me ajudar. És uma artista brilhante e peço a sua ajuda também para a divulgação .

Jaime A. disse...

Linda, esta solidão.

Não sei se a solidão poderá ser linda: talvez quando for uma escolha de borboleta livre!

Beijos.
Jaime

Ulisses de Carvalho disse...

O poema é muito bonito, de uma profundidade boa de nela se afundar, e a imagem é muito bonita também. Espero que estejas bem e que tenhas um bom ano novo, Graça, um abraço.