13.2.07

As tuas mãos

Caravaggio


Para que saibas. As tuas mãos vogando
como barcos: incessante navegação
pela liquidez dos lábios.
As tuas mãos. Digo. Para que saibas.
Pássaros incendiados a sobrevoar-me
o sangue. Um tropel de luz a demandar meu corpo.
As tuas mãos : o arado, a terra, a fome, o celeiro.
Digo as tuas mãos. Para que saibas.
As tuas mãos tão próximas de tocar a lua.


Graça Pires
De Uma certa forma de errância, 2003

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