15.2.07

Reino da Lua

Pascal Renoux

Como se nada mais existisse além da noite,
debruço-me sobre o meu próprio instinto
e rasgo, nos lábios, um inquieto chamamento.
Tudo o que sei a sede mo disse,
quando a colheita dos frutos anunciou
uma seiva excessiva à boca das fontes.
Pelo lado mais denso das trevas,
aguardo a eclosão da luz em meu olhar:
subitamente urgente de ser dia.
Perdida diante das palavras,
uma profunda inquietude domina
os meus dedos, enquanto um pássaro errante
me traça, no rosto, a matriz de um rio intranquilo.


Graça Pires
De Reino da lua,2002

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