6.3.07

Um amigo

Jacques-Henry Lartigue


O teu rosto é uma cidade
onde os ventos se cruzam
com as notícias sem itinerário.
Decorei o teu nome,
mesmo sabendo que vagueias,
sem rumo, como um nómada,
à míngua de um perfeito amor.
Na cor dos meus olhos te pressinto,
como se, na tua boca, nascesse um rio
sem contornos e, nesse espaço
transparente, me apetecesse ser barco.
Eram feitas de pássaros, as bandeiras
que erguemos no cimo da nossa ansiedade.
Lembras-te?


Graça Pires
De Ortografia do olhar, 1996

6 comentários:

Anónimo disse...

"O HOMEM é, por desgraça, uma solidão:
Nascemos sós, vivemos sós e morremos sós."

Miguel Torga

(LP)

Anónimo disse...

Soube da definição na minha infância.
Mas o tempo apagou
As linhas que no mapa da memória
A mestra palmatória
Desenhou.

Hoje
Sei apenas gostar
Duma nesga de terra
Debruada de mar

Rubrica: Homenagem a Miguel Torga
Por: Margarida B. Lopes
(LP)

Anónimo disse...

Boa tarde.
Acabo de descobrir hoje a sua poesia...Efiquei ainda mais curioso ao saber que é da Figueira da Foz,a cidade de onde escrevo estas palavras...

JOÃO..

Graça Pires disse...

Obrigada LP pelo Torga, poeta de quem eu muito gosto e com quem me identifico.
João, é verdade que sou da Figueira da Foz. Obrigada por ter deixado aqui as suas palavras.
Um abraço.

Anónimo disse...

Gostei muito deste poema, um vaivém entre o passado e o presente, um apelo à evocação partilhda.
Não li "Ortografia do Olhar" e tenho uma curiosidade: serão desse livro os poemas deste blog?

Hélia

Graça Pires disse...

Hélia, obrigada por gostar do poema,que é, de facto, do livro "ortografia do olhar" mas o blog contém também poemas dos meus outros livros já publicados.
Um abraço.