3.10.07

A rotação da lua nos meus olhos

Andre Kertesz


Na hora em que o poente escurece as minhas pálpebras,
só um secreto rumor me diz, que o meu corpo principia
na inclinação do silêncio: íntimo, profundo, confissão
de si próprio, espaço onde, desamparadas, as pernas
se desinibem e aguardam, inquietas, a rotação da lua
nos meus olhos.


Graça Pires
De Uma certa forma de errância, 2003

9 comentários:

Teresa Durães disse...

que chegue a lua cheia :)
boa noite

Anónimo disse...

que posso dizer?
é uma poema de tão grande beleza, Graça!

(e a imagem é fantástica)

gostei tanto!

hfm disse...

Magnífica esta "inclinação do silêncio".

Marinha de Allegue disse...

Fermosas palabras e distinguida imaxe...

Unha aperta.
;)

isabel mendes ferreira disse...

obrigada obrigada obrigada..


:))))

pelas leituras .

tantas.


e por um espaço. este. onde a beleza é uma LUA enormísima.

de claridades.


________________beijos.

jorge esteves disse...

Nunca li poeta que cantasse lua pelo olhar; sempre lhe viam estrelas, alguns, mais venturosos, perdiam-se no sol...
Mas a cálida tranquilidade de um claro olhar, bem creio também sedutor...
Perfeita reflexão!
Abraço

Graça Pires disse...

Obrigada Teresa, Maria, Helena, Marinha de Allegue, Isabel e Tinta Permanente pela vossa visita e pelas vossas palavras. Um beijo

Alexandre Bonafim disse...

Lindo!!!

Anónimo disse...

Tem nada a ver, excepto a presença fascinante da lua, mas é um poema de que gosto muito, para fazer companhia ao seu, Graça:

LA LUNA

Hay tanta soledad en ese oro./
La luna de las noches no es la luna/
que vio el primer Adán. Los largos siglos/
de la vigilia humana la han colmado/
de antiguo llanto. Mírala. Es tu espejo.

Jorge Luis Borges