23.2.09

Memórias de Dulcineia XIII

Menez

Sem medo do perfil
em que me invento
procuro os ângulos
menos sombrios
do passado.
Viro os gestos do avesso.
Deturpo conceitos e preconceitos.
Esqueço os comportamentos comuns.
Imagino-me num castelo longínquo,
cativa e princesa.
Não quero adiar o destino
de me rever nos sonhos
que te chamaram de tão longe.
Eu, aqui, morrendo aos poucos,
sitiada do teu nome.


Graça Pires
De Uma extensa mancha de sonhos, 2008

57 comentários:

Anónimo disse...

este é o retrato de uma princesa, cativa do seu destino, mas com o olhar preso aos sonhos que ainda não viveu, por preconceito, mas que a poeta, certamente, a deixará viver plenamente. um beijinho.

Paula Raposo disse...

A inspiração brota por todas as palavras do teu poema!! Lindo. Muitos beijos.

Pena disse...

Oh, genial Amiga:
Um poema em tempo de Carnaval delicioso que li com cuidado e atenção que é uma peça de ouro mágica, fabulosa.
Concebido com uma sensibilidade de Arte poética pura. Sensatez nas ideias.
Fiquei com uma sensação de uma beleza e pureza imensas feitas para maravilhar.
Perfeito poema numa pessoa perfeita. VOCÊ!
Beijinhos de uma ímpar amizade que a estima e respeita.
Sempre a admirá-la e a considerá-la
Espectacular. Notável. Sublime...!
O AMIGO

Pena

OBRIGADO pela sua imensa amizade.
Bem-Haja, amiguinha!
Um excelente Carnaval. Divirta-se. Merece por completo.

Hercília Fernandes disse...

Oi Graça, querida Amiga.

As memórias da Dulcinéia são lindas, frutos da sua alma límpida que compõe véus translúcidos de belezas poéticas.

Forte abraço, poetíssima.

H.F.

Anónimo disse...

graça:
venho e me entendo com a dulcinéia.
um abraço.
romério

Pedro S. Martins disse...

As sombras do passado atrasam o destino.

Adriana Riess Karnal disse...

Quando se esquece os pensamentos comuns, se vira princesa.Ah, teu poema é longínquo e tão incomum.Adorei!

Nilson Barcelli disse...

Os teus poemas têm sempre uma trajectória perfeita, diria estudada ao pormenor.
Este belo poema é um exemplo disso mesmo.
Gostei imenso, como é óbvio.
Beijo.

PreDatado disse...

Muito bonito.
Neste blog brotam as palavras inspiradas em cada poema.

De Amor e de Terra disse...

A eterna espera das mulheres, apesar dos tempos...

Muito belo mesmo.
Beijos

Maria Mamede

jorge esteves disse...

Em castelos ou moínhos, sempre o coração nos há-de confundir fazendo-nos julgar ser os cascos do cavalo que traz quem nós esperamos...

abraços!

José Ángel García Caballero disse...

quantas realidas pode sitiar um nome...
talvez a realidade seja somente issso: o contorno de um nome...

versos muito belos,
um beijo

Victor Oliveira Mateus disse...

Gosto de quem procura os ângulos menos sombrios do passado e com
eles se refaz... em profundidade.
Fascinante esta Dulcineia!
Um beijo, Graça.

Mié disse...

...aqui morremos todos

aos poucos querida Graça.

enquanto isso inventemos a vida em nós.

um beijo

enorme

eu até não estou cá :)

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

..., e tão perfeitos os versos finais.
Um prazer a leitura, e belo também o quadro de Menez

Beijo


________ JRMARTO

vieira calado disse...

Desejo-lhe uma alegre quadra carnavalesca.


Bjs

Luis Eme disse...

gosto muito da pintura da Menez...

e que linda combinação, com as memórias de Dulcineia.

abraço Graça

simplesmenteeu disse...

Chamar de longe... como se o vento fosse mais que um movimento - uma voz!
Lamento - senhor e cativo, criador do tudo que ainda pode ser... (Para lá da lógica castradora que destroe o sonho e a vontade...)
Por dentro do perfil irrompe o aroma de um jardim, por desvendar...
Um abraço

isabel mendes ferreira disse...

"perfilo-me" como sempre aqui.


embora mais ausente....mas nunca nunca distante.



vim beber desta Memória.




e deixo o meu abraço. sentido

isabel mendes ferreira disse...

não sei se ficou o comentário--


:((((


beijo.

isabel mendes ferreira disse...

e presumo que não....


(__________)

assim sendo redigo a minha admiração....sempre sempre sempre----
!

Licínia Quitério disse...

Rever-se nos sonhos, a sitiada.
Belo poema, belo quadro.
Obrigada, Graça.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

nao quero adiar o destino...

nem eu minha amiga...mas será que podemos?! será que há destino?!

gostei de todo o poema até da princesa cativa...

beij

dona tela disse...

Quem era a Dona Dulcineia? Hei-de descobrir.

Muitos cumprimentos.

AnaMar (pseudónimo) disse...

Perfil corajoso que não adie o destino.
Nem que morra aos poucos...

maré disse...

... sem adiar o destino

"viro os gestos do avesso"
e desenho os ângulos do presente
cativa
nos limites do teu rosto

______

como o rosto

o nome
corpo do poema

.
e em parágrafos semânticos

sou-Te cativa

um grande beijo Graça

.
um

Gisela Rosa disse...

Graça!


Adoro "virar os gestos do avesso"
e reinventar perfis e castelos onde o meu nome possa repousar!


um beijo, belo poema!

CRESCER: Centro de Psicologia da Família, Criança e Adolescente disse...

Eis uma forma clara de nos descrevermos.Faz-me pensar na forma como olhamos e reolhamos (ângulos, prepectivas) da realidade, de forma a tornarmos mais suave a nossa existência, ou até mesmo, a nossa sobrevivência. Somos mestres na arte de encontrar sempre uma saída quando o medo nos ameaça.
Parabéns. beijos

Unknown disse...

E se olhasses com amor o passado sombrio?E se não virasses nada do avesso? Pensas que o sonho não viria ao teu encontro? Vinha, vinha, com a princesa não cativa, livre, no sol da rua, que é o palácio mais lindo, saia de sol.E tu, viva, viva.
Beijo. Eduardo

Celina Rodrigues disse...

Que a imaginação nos leve a castelos longínquos sem esquecer os lugares comuns bem perto de nós.
Beijos

JPD disse...

Uma ideia de felicidade é um exercício permanente.

Evidentemente que somos muito o que nos emociona e os afectos que partilhamos.

Por essa razão, a felicidade, pode ser atingida ou porque culivamos expectativas que se cumpriram, ou por ascese, atingimos um conforto particular que nos faz rejubilar...

É claro também que quem morre «sitiada pelo teu nome» está no superlativo grau de exigência a dois.

Belíssimo poema

pin gente disse...

cativar pode ser bom... cativar pode ser gostar de...
lindo!
beijo

mariab disse...

"sitiada do teu nome". pura beleza nestas memórias.
beijos

Mar Arável disse...

Só por amor

nos prendemos assim

em liberdade

Anónimo disse...

gostei do que vi e li
parabens pelo trabalho
boa semana
beijinhos
Carla

Maria Clarinda disse...

Belo extremamente belo, este teu poema....
Beijos no teu coração.

Anónimo disse...

"Não quero adiar o destino
de me rever nos sonhos..."
Perfeito!
Mais um belo poema de amor, sempre...
Beijo

adouro-te disse...

... e eu
aqui
pensando se
quando me escrevo
me recordo ou/e se me invento.
Bj.

Manuel Veiga disse...

"sitiada de teu nome..." .

um estremecimento de alma.

tão bonito!

beijos

Jaime A. disse...

Até o nome sitia,
mata.
O não-querer...
a busca,
a tortura.
Há também a outra via:
a da luz,
o caminho difícil da esperança,
da crença.
(...)
começará assim o caminho em que a beleza do tezro tende para o menos infinito?

Regina Graça disse...

sitiada do teu nome... Como estas palavras me tocam!

Um beijo enorme e bom fim de semana.

dade amorim disse...

Esse final é arrebatador, Graça.
Beijo por ele.

© Maria Manuel disse...

mais um belo poema da inspirada série Dulcineia! Dulcineia em cativeiro, presa às memórias, à espera,...

Manuel da Mata disse...

Olá Graça,

Gostei de ter passado por aqui e hei-de voltar. Gosto dos sítios onde se celebra a arte e aqui foi o caso, através de dois modos que me são caros: a poesia e a pintura.
Tinha aparecido uma vez e ... bom, as coisas, às vezes são assim. Via-a na Lídia e não ligava. Quero redimir-me contitamente.
Beijinhos.

Bandida disse...

ser maior é entrar pela janela paradoxal da ilusão.

e tu és!



beijo

Pena disse...

Linda Amiga:
Um poema que "vive" de uma introspecção doce. Sincera. Presente. Admirável.
"...Viro os gestos do avesso.
Deturpo conceitos e preconceitos.
Esqueço os comportamentos comuns.
Imagino-me num castelo longínquo,
cativa e princesa.
Não quero adiar o destino
de me rever nos sonhos
que te chamaram de tão longe.
Eu, aqui, morrendo aos poucos,
sitiada do teu nome...."

Inspira qualquer um ao poder da escrita, como musa da beleza e da pureza do Ser. Acreditar.
Fantástico poetizar.
Beijinhos

pena

Adorei! Fabuloso "sentir" de si.

Béa Pedrosa disse...

nossa, adorei! diante do perfil, achar o melhor ângulo, quantas vezes já me peguei fazendo isso!

vir aqui sempre é uma inspiração!

beijos

Anónimo disse...

Sinto uma inspiração em Florbela Espanca, poetisa portuguesa maravilhosa!!

Meu mundo está cheios de sombras do passado, que ainda atrapalham meu desenvolvimento, mas sol irá brilhar e sombras não mas existirá.

Gostei do Blog!

Cotovia disse...

...palavras deliciosas.

Teresa Durães disse...

morrendo aos poucos vai devorando-nos devagar..

Carla Ribeiro disse...

Passar por aqui é encontrar magia e inspiração, a arte da palavra em todo o seu esplendor. Magnífico poema!

pront'habitar disse...

sem querer, lembrei-me da Rapunzel.

palermice minha...

Ricardo Silva Reis disse...

Harmonia perfeita entre o texto e a imagem. Parabens
Perdoa a ausencia mas tive mesmo que faqzer uma pausa.
Beijinhos

O Profeta disse...

Mudei os meus mais profundos desejos
Vi reflectida em ti a ternura
Não há derrota no sonho
Não há revolta, apenas brandura

O julgamento dos teus fracassos
É feito numa lagoa sem azul
Um milhafre lança um pio de raiva
Que atinge o branco das casas do sul


Boa semana


Mágico beijo

Elizabeth F. de Oliveira disse...

Eu adoro esse poema, e me curvo, tal como súdito, diante da beleza de teus versos. Curvar-me, nesse caso, é um prazer avassalador.
beijo no coração

José Manuel Vilhena disse...

Regresso à procura dos "ângulos menos sombrios".
Regresso, de qualquer modo.

um beijinho

Estranha pessoa esta disse...

É isso.