Fábula da Fábula
Era uma vez
Uma fábula famosa,
Alimentícia
E moralizadora,
Que, em verso e prosa,
Toda a gente
Inteligente
Prudente
E sabedora
Repetia
Aos filhos,
Aos netos
E aos bisnetos.
À base duns insectos
De que não vale a pena fixar o nome,
A fábula garantia
Que quem cantava
Morria
De fome.
E, realmente…
Simplesmente,
Enquanto a fábula contava,
Um demónio secreto segredava
Ao ouvido secreto
De cada criatura
Que quem não cantava
Morria de fartura.
Miguel Torga
In: Diário VIII, 1956
37 comentários:
Gosto muito deste poema do Torga. Beijos.
Miguel Torga
sabia do que falava
Boa memória
Bjs
Adoro Miguel Torga!!!
Um poema cheio de ritmo e com muita criatividade!
Que bom trazeres o Torga. Abraço
Miguel Torga, intemporal.
Bj
(Quantas cigarras e formigas andam por aí...)
Como planta de montes agrestes
de vinho generoso
de frio invernoso
compreendia a fala dos bichos e a hipocrisia dos homens
Eu por mim, sempre gostei das cigarras!
Um abraço
Manuela Baptista
muito bonito o poema...é a fábula da cigarra e formiga...ela passa a vida a cantar...são pontos de vista diferentes, mas é o mesmo q dizer q "quem faz poesia morre de fome"...rsrsr
Estimada Amiga Poetiza Brilhante:
Miguel Torga está sepultado aqui a 10km de minha casa. Nasceu lá.
Por isso tenho um "fraquinho" gigante por ele.
Bela escolha.
Sempre a admirá-la.
Fabuloso versejar.
Abraço amigo
pena
OBRIGADO pela escolha. Sempre de bom gosto e requinte apurado.
Bem-Haja!
"Gritos...?" Ou não leu ou imaginou, desculpe.
Conhece-mo-nos há tanto tempo.
Torga é Torga!
Um poema com vida!
Excelente, a volta que se dá à fábula! Grato pela escolha.
uma fábula que recebeu uma lição de um poema...
Torga sabia que algures, haveriam de existir "cigarras" a viverem à grande, graças ao canto...
e também sabia que nem seria necessário muito talento, qualquer tony, sem ser Silva, poderia sonhar com o ferrari amarelo...
abraço Graça
uma bela escolha.
um beij
Muito bom.
Assim é muitas vezes. A avareza mata de fartura sem dar felicidade a ninguém.
Bjins
Grande memória de um enorme poeta!
Parabéns, Graça!
Um excelente final de semana para ti.
E as fábulas continuam...
Gosto muito de torga não fosse ele da minha terra ou melhor eu da terra dele...
beijos
eu desconheço tanto de Torga...
lembro de um poema que ouvi à minha mãe, eu ainda pequenina. Falava de um passarinho, de um menino e de um ninho. Isto porque a minha mãe reprendia os meus irmãos que andavam sempre com fisgas nos bolsos e a espreitar os ninhos dos melros que eram fartos no quintal.
Este é de certeza um dos seus poemas que " trazem " mais do que o que se lê à superfície.
_______
para ti, eu deixo um abraço e beijo muito sentidos , minha querida amiga
Realmente ele tinha razão pois, quem não canta morre de tédio.
Um abraço, Graça.
A mestria na construção dobrada da fábula, o nosso Torga! Um beijinho Graça.
Toda a lucidez de Miguel Torga...
Foi muito bom reler este poema!
Beijo.
canto
mesmo sem voz.
Ao fim de muito tempo, cá estou Amiga!
A mordacidade extraordináriamente lúcida de Torga, que me enche a alma e alarga o meu sorriso.
Obrigada por lembrar, por partilhar e pelas palavras lá em casa.
Beijos
Maria Mamede
Excelente a partilha...Torga e a foto.
Jinhos muitos
engraçada fabula, graça, fez-me sorrir...
um beijo
bom ler Torga; curiosa esta fábula.
obrigada, Graça.
Ouve-se a música das rimas...
Beijinhos
no en.canto de re.cantar, lembrando, Torga.
na seara, qual cigarra, a poesia que nos alimenta a alma
e
nos motiva
para que não deixemos caídos
os braços em torno de opulenta barriga. olhar em redor e ver. ver para além do visto. na raiz do verso.
belíssima, Graça, a sua "Ortografia de olhar".
Saudações com estima
*__bonecadetrapos___*
Maravilhosa e Linda Poetiza Amiga:
Um Miguel Torga deslumbrante.
Sabe, admiro-a muito...pelo talento, pela magia notável de fazer versos, pelo carácter e beleza ímpares de sonho.
Haverá poesia mais bela e doce na sua escolha...?
Creio, convicto, que não.
Fabulosa.
Beijinhos amigos de imenso respeito.
Sempre a estimá-la e ao seu valor mágico e perfeito.
pena
MUITO OBRIGADO, é uma honra lê-la.
Bem-Haja, admirável amiga.
o "meu" Torga.
um beijo
da terra. do que não mente. da força. que é sempre.
do talento.
que fica.e nos acresenta.
o meu beijo. sempre rendido.
Gostei da tua escolha.
Miguel Torga não é lá muito comentável...
Obrigado pela tua partilha.
Beijos.
morrer de fartura deve ser horrível...
excelente.
beijo
A velha fábula renovada pelo olhar apurado do poeta. Adorei!
Estás bem?
Abraços.
Muito bom, o poema de Miguel Torga. Refabulando.....
graça:
o miguel torga é excelente.
romério
Torga sempre... porque sim, porque gosto de lhe sentir os... sentidos nas palavras... da terra.
Beijinhos para ti Graça
Obrigada pela partilha nestes teus trabalhos.
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