6.10.10

O ofício das mãos

Vermeer




O ofício das mãos não se intimida
com a apressada cadência do tempo.
Não tem fim o silencioso enleio
que se esconde por entre a argila
nos dedos do oleiro; ou se enrola no linho
dos lençóis tecido pelas mães; ou se prolonga
no pão quando chega o mês do trigo.
Porque esse é o destino das mãos,
tão alheio à urgência de cada dia.


Graça Pires
De O silêncio: lugar habitado, 2009

46 comentários:

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

um poema que eu diria, uma homenagem às mãos de todas as mulheres pincipalmente.

perfeito.

um beij

Paula Raposo disse...

Sem dúvida. Uma urgência. Beijos.

Tati Nanda disse...

aaahh
lindo lindo lindo!!
:D


http://zonzobulando.blogspot.com/

Braulio Pereira disse...

abençoadas mâos que escrevem este lindo poema

vou estar em Alenquer vou fazer umas breve pausa

obrigado pelo carinho

beijos!!

Luis Eme disse...

ou a fazer uma festa num rosto sem idade...

beijinho Graça

Mar Arável disse...

As mãos e os olhos

que as soltam

Bjs

Amélia disse...

Muito bom, Graça.Beijo amigo

Anónimo disse...

é seu o destino Graça de saber assim dizer.



artesã da pureza.


o meu abraço. grato. por A conhecer.




imf


(piano)

Nilson Barcelli disse...

Já que elas não se intimidam, beijo as tuas mãos, pelo saber poético que com elas transmites.
Beijos, querida amiga.

manuela baptista disse...

as mãos

ficam esquecidas
na mão de um filho que ainda dorme e nós já vamos de corrida

seguram o lápis se desenhamos

mas estamos e não estamos
a atravessar a rua como aves distraídas

outras vezes chegam primeiro
à urgência de cada dia

...de uma apaixonada por mãos que de "o ofício das mãos", das tuas, Graça
celebra o teu poema de enleio e de argila!

um beijo

manuela

Vivian disse...

...e quando e faz com amor,
a perfeição é senhora!

lindo poema...

linda você!

bjbjbj

Daniel Hiver disse...

Graça... Mais um belo poema que tive imenso prazer de ler.
Argila nos dedos do oleiro;
lençóis tecidos pelas hábeis mãos de mãe; ou o cheiro gostoso do pão quando chega o mês do trigo. Quando é dia de fornada!
Repeti essas palavras por que são de uma sonoridade muito bonita.
Eu imaginei esse poema numa bela voz. E gostei ainda mais!

Marta Vinhais disse...

As mãos que nunca estão ociosas e sempre prontas a acariciar....
Lindo.....
Adorei....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Graça Sampaio disse...

Belas as palavras. Excelente a escolha da imagem de "La dentellière".
"Com as mãos se faz a guerra e o amor..."

carlos pereira disse...

As mãos, obreiras únicas de toda a criação artística, aqui, são outras mãos; as da alma que criaram de uma forma tão pujante, mas ao mesmo tempo tão sensível este magnífico poema.
Gostei bastante.
Um beijo

Anónimo disse...

e o destino das minhas é vir aqui todos os dias, querida graça. um beijinho grato*

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

As mãos dizem tanto...em pequenos gestos.
Um belo poema...adorei.

beijinhos
Sonhadora

São disse...

A ilustração casa muito bem com o poema.

Um abraço, Graça.

José Leite disse...

Há maãos para tudo: para amar, para pegar em armas, para burilar poemas, para louvar a Deus, para afagar cabelos ao vento...

© Maria Manuel disse...

tão lindo, Graça! uma dádiva tua às mãos, à sua capacidade de criar, aos antigos e belos ofícios do Homem.

beijinhos.

teresa p. disse...

"O ofício das mãos", tão mágico e poderoso!
Belíssimo este poema de homenagem às mãos de quem trabalha...
Beijo.

Maria Clarinda disse...

Graça minha amiga...não imaginas a saudade que tinha de te ler, de estar no teu espaço.
Um café???
Para quando?
Jhs

Manuel Veiga disse...

o milagre das mãos. ternas e solidárias...

beijos

namastibet disse...

o artífice sem mãos não pede,
não implora,ao domingo na eira
nem na taberna ou na feira,
alheio a quem o mira quando passa,
o artífice sem mãos não pede
esmola de porta em porta,
nem lágrimas ele chora,
nem deplora,nem geme,a má-sorte,
nem se entorta perante o Padre,
no indulto do beija-mão,
O artífice sem mãos,pensa.

Jorge santos

a d´almeida nunes disse...

Um belo poema de exortação das formas de trabalho de tempos idos.
Um documento para não se perder a memória...tão ludibriados andamos com a época virtual em que vivemos!

Como o tempo passa
e a nossa memória
nos traz de volta
tantas recordações!

Um beijo, Graça
António

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

" silencioso enleio
que se esconde por entre a argila
nos dedos do oleiro"
o que se deixar nas mãos e se permite o corpo moldar por outro...o ofício de ser o outro em seus dedos e emoções

Úrsula Avner disse...

Quanta sensibilidade Graça... è sempre muito aprazível " te ler". Bj no coração.

o Reverso disse...

porque as mãos acariciam aquilo que amam...

vieira calado disse...

Muito bem escrito

como sempre!

Bjs

Licínia Quitério disse...

Com uma paciência infinita as mãos tecem a obra. É delas o ofício de cumprir o trabalho dos dias. Silenciosamente.

Que poema lindo, Graça! Perfeito!

Beijos, Amiga.

Gisela Rosa disse...

o destino das mãos
é tecido sem pressa, é fio de linho que o tempo vai tecendo devagar...
e agora a palavra é só, destino...


beijinho Graça

partilha de silêncios disse...

Linda a pintura de Vermeer, que bem ilustra o ofíco das mãos exercido noutra dimensão temporal.

Adorei!

beijinhos

Virgínia do Carmo disse...

Belíssimas as mãos que "lentificam" o tempo...

Bjos

Carlos Teixeira Luis disse...

as mãos não páram... e as dos poetas também... tecem belos poemas bem dentro do sorriso dos dias.

beijo, Graça.

pin gente disse...

num afago constante!

um beijo, graça

Fernando Campanella disse...

As mãos que criam trazem um simbolismo de um tempo que se esquece, nelas vislumbramos a própria criação do universo.
Um beijo, minha querida amiga.

tecas disse...

Não existem palavras para comentar a beleza deste poema.Mas existem mãos com dedos a teclar um bem haja por o publicar, querida Graça.

José Ángel García Caballero disse...

belo poema, na grande companhia da pintura de Vermeer...

Gostei muito,

um beijo

Helena Figueiredo disse...

Olá Graça,
vou anexar o seu blogue à minha lista.
Um beijinho
Helena

Nilson Barcelli disse...

Voltei e tive que reler, mas com imenso prazer.
Querida amiga, boa semana.
Beijo.

EROS disse...

Bonitas palavras...

Também faço das minhas mãos a minha vida, delas consigo dar aos outros, diariamente, o caloroso e imperativo toque que uma qualquer pessoa precisa para empreender em paz a sua derradeira jornada.

Adorei.

Mofina disse...

Supremo ofício das mãos que escreveram este poema.

Beijo grande.

Jaime A. disse...

Sim, esse é o destino das mãos, tão diverso dos caminhos que a cabeça quer percorrer.

Gabriela Rocha Martins disse...

da urgência das mãos se des tece o tempo


de poetar

( excelente )



.
um beijo

avlisjota disse...

Olá Graça

As mãos não se intimidam pois têm o saber dos tempos...

Lindo poema!

Bjs

José

Parapeito disse...

as suas ..são duas mãos cheias de poesia..Obrigada graça*