Uma promessa na secreta aventura das sementes
e o cheiro dos pomares alastra sobre a sede
fendendo as
bocas onde nascem as palavras
da desordem e da festa.
Quando as aves atravessam o gume do lume ateado
à prenhez dos trigos enrodilhamos no rosto
os traços da tristeza que nos arde no olhar.
Só o perfil alongado das árvores desafiando o sol
nos devolve a lembrança das cantigas à desgarrada,
na eira, quando a debulha do milho se fazia
com as nossas mãos predispostas a todos os afagos.
Graça Pires
De Uma vara de medir o sol, 2012
39 comentários:
Porque desafiar o sol é renascer...
Lindo....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
"Mãos predispostas a todos os afagos" que presentes se faziam na harmonia quando o homem vivia da natureza.
Um belo poema, Graça Pires. Evoca tempos de inocência campestre.
Obrigado.
que as sebes se derrubem no cheiro de maduros frutos.
e a festa das palavras seja eira.
e as mãos o voo das aves - no gume do lume...
belíssimo.
beijo
...
As árvores em aprumadas visões e um poema de levar à boca...
Um beijo
Dizer, como era, nesse tempo!
Hoje vivemos destemperados!
Beijinho para si!
Poetisa amiga, Graça Pires !
Os mistérios que envolvem a semente, fazem parte das
minhas curiosidades, como a
imaginação do corte da luz,
ou da incrível beleza dos teus
escritos.
PARABÉNS !
Um feliz domingo, e um carinhoso
abraço, aqui do Brasil.
Sinval.
è bom ver o perfil das árvores desafiando o Sol e ouvir cantigas à desgarrada.
Um abraço grande, minha amiga
Belíssimo poema...
Como sempre, sua poesia me aproxima de Sophia de Mello, com seu olhar justo.
Abraço.
Viva!
Hoje tive um tempinho extra, para poder ler e comentar como deve de ser.
Normalmente uso o G+1 para marcar presença, mas nem sempre me satisfaz.
É um privilégio ler escritos bons, e eu vou tentar ser mais presente.
Abraços e beijos. D
http://acontarvindodoceu.blogspot.pt
um poema a lembrar a infância e todos os seus encantos que de alguma forma nos marcaram...
muito belo!
:)
Também as minhas mãos, naquele tempo bem pequenas, "afagaram" as espigas na debulha do milho na eira, onde a dureza do trabalho se misturava com cantigas à desgarrada.
Poema cheio de luz, tal como a foto.
Beijo
Minha querida
As lembranças são a bagagem que temos que carregar pela vida fora, são a nossa essência.
Como sempre deixo a minha admiração por ti.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
OI GRAÇA!
A MESMA MÃO QUE DEBULHAVA O MILHO, PRONTA PARA AFAGAR OU RECEBER AFAGOS...
LINDO GRAÇA.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Sol amarelado, divino. Encanto tocado nas sementes do milho, grifado num Santa poesia! abraços
.
Escreva na retina dos
meus olhos o seu nome
com os seus...
Beijos, Graça. Beijos.
.
pena as mãos que perderam os afagos,
como os ramos a afagarem o vento
.
mas é grande este seu desafiado canto
um abraço, Graça
Imagens do passado nos ocorrem lendo e vendo o presente.
O sol filtrando-se por entre os ramos das árvores, quando crianças, podíamos aspirar o perfume dos pomares...
Muito lindo!
Uma excelente semana.
Beijinhos
Que bonito post, me he paseado por tu bloc y ha estado un regalo visitarlo, te invito a ver el mio, y esta semana encontraras trucos para hacer una limpieza ecológica del baño que espero te sea útil. Espero tu visita y si no eres seguidora me encantarías que te hicieras y así compartir nuestros blocs. Elracodeldetall.blogspot.com
Li este belo poema de Graça Pires como se estivesse a ouvir uma sonata.
No primeiro andamento somos conduzidos pela «secreta aventura das sementes», que tanto arriscam, até às «palavras da desordem e da festa». Um “allegro affettuoso”.
O segundo andamento, em que «as aves atravessam o gume do lume ateado», está imbuído de um “pathos”, de uma dor «que nos arde no olhar». Um “adagio dolce”, uma fina tristeza.
Conclui Graça Pires, recorrendo à sua apurada arte poética, com um “allegro cantabile”, invocando as «cantigas à desgarrada» da infância e convocando a generosidade das «mãos predispostas a todos os afagos.» E assim somos reconduzidos à festa da vida.
ManuelFL
na eira, quando a debulha do milho se fazia
-------
Lembro-me bem desses trabalhosm mas confesso que não tenho saudades. Eram tempos tenebrosos.
--------
Que a felicidade ande por aí.
Manuel
Versos de palavras maduras pendentes dos ramos dos pomares, trigais e eiras, pele seca do vento suão e dos calores de agosto, madureza dos anos e do tempo, saudades do viço, que os olhos vislumbram olhando para os ramos verdes das árvores, vestidos novos, hino renovado à luz e à mocidade.
Belo poema.
Beijo terno.
Os seus poemas são sempre de uma grande beleza, Graça, e este não foge à regra. Gostei muito.
Beijo :)
É tanto o falar das árvores em dias assim...
:)
Lindo poema amiga.
Beijo.
Olá.
Para você, os meus sentimentos carinho.
Meus desejos de um tempo de harmonia e contentamentos.
Abraços.
Olá Graça!
Que bem trabalha e semeia as palavras neste terreno arável da poesia! Como a semente se roproduz embalada pela sombra das ramagens e fortificada pelo calor do sol.
Um abraço.
Tudo que vc faz é lindo!
Beijo
Bom dia Graça, um poema lindo em que as memorias se desenham "no perfil alongado das árvores" em busca da luz! Muito belo. Um beijinho. Ailime
Lindíssimo poema querida Graça, deixa-nos feixes de luz sobre o avesso das palavras. :) Beijo grande.
Olívia Santos
Belíssimo!
Que as nossas mãos se predisponham sempre aos afagos.
beijinhos
E as palavras ondulam na boca como cerejas.
Gostei do poema.
Poesia de puro renascimento...
Beijo.
E só as lembranças nestas belas palavras!
beijinhos
Voltei a ler. É sempre o mesmo encanto. Beijinho.
Hoje vim vaguear no teu blogue.
Detenho-me neste poema...«secreta aventura das sementes»...belíssimo.
Bj
Graça: obrigada pela visita ao meu Cotidiano.
abraços bem carinhoso
Só a profunda sutileza de um olhar poético consegue alcançar de forma tão sublime as palavras.
Assim, é a tua poesia, um arco-íris de metáforas a iluminar o nosso horizonte com as cores de uma eterna primavera.
Um beijo, querida!
Olá Graça
Os sentidos afagam a alma, devolvem a luz e as lembranças.
beijos de amizade e admiração!
José
Doce Graça, tão bonito... recuei no tempo em que pequenita ajudava na eira, na debulha do milho... e que alegria era quando me passava pelas mãos, o milho rei.
Abraço e brisas doces**
Enviar um comentário