25.1.16

Os números

Andy Warhol

Aprendi a dizer os números
quando era criança.
Como toda a gente.
Contava tudo: as pedras, os barcos,
os frutos, os degraus,
os pássaros, as pessoas.
Contava pelos dedos.
Do princípio ao fim.
Do fim para o princípio.
Mas, desde sempre, preferi
os números ímpares:
únicos, solitários, caprichosos.
Não, não é superstição.
Fascina-me aquela exactidão assimétrica
a corromper a ordem dupla.
Como se ficasse assim anulado
o intuito de atingir uma forma definitiva.
“Os números ímpares agradam
aos deuses”, terá dito virgílio.
Tão oculto, o valor simbólico da razão!

Graça Pires

De Uma claridade que cega, 2015

59 comentários:

chica disse...

Lindo e também adoro os ímpares! E vi bastante 17 por aí.,adoro! bjs, linda semana! chica

Blog da Gigi disse...

Ótima semana!!!!!!!!!!! :) Beijos

Evanir disse...

Esse mês estou comemorando 11 anos de blog.
È tempo demais dedicado a essas pessoas lindas de Deus
que fui conhecendo ao longo dessa caminhada.
Deixei um mimo na postagem se for do seu agrado
leve ficarei feliz.
E ficarei feliz da mesma forma se ñ levar eu entendo.
Um carinhoso beijo.
Deus abençoe por tudo.
E uma semana de paz .
Evanir.

Luis Eme disse...

Sim.:)

Abraço Graça

ManuelFL disse...

Numa muito famosa e citada passagem do seu livro "O ensaiador" (1623), Galileu escreveu: "[o livro do universo] está escrito em linguagem (e em caracteres) matemáticos [...] sem os quais é impossível entender uma palavra [desse livro]; É como girar em vão num labirinto obscuro."
Neste poema do seu livro sobre linguagens poéticas, Graça Pires não se esqueceu dos números, que adquirem pela magia das palavras e o ritmo dos versos uma musicalidade divertida e encantatória.
Quem mais não poderá amar "os números ímpares: únicos, solitários, caprichosos", não ser seduzido por "aquela exactidão assimétrica a corromper a ordem dupla."?
Com Graça Pires não vamos girar em vão num labirinto obscuro, vamos sim ao encontro da claridade, talvez perplexos, porventura inquietos, "anulado o intuito de atingir uma forma definitiva." Como diz a poeta: "Tão oculto o valor simbólico da razão!"

Jaime Portela disse...

Mais que os ímpares, agradam-me os números primos, que também são ímpares.
Um excelente poema, acerca de um tema improvável.
Boa semana, Graça.
Beijo.

Gabriel disse...

E assim conto os desamores e minhas vãs solidões, dias a fio...

Tive vários pensamentos com esta postagem, vim aqui pela primeira vez e gostei, abraço!

http://devaneios-irreais.blogspot.com.br/

Marta Vinhais disse...

Quando descobrimos os números, deliciamo-nos a contar da frente para trás, de trás para a frente, de dois em dois ou três em três...
Acho que qualquer nº pode ser caprichoso e abrir um Mundo...
Adorei...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Bell disse...

Os números são mágicos cada um com sua história.

bjokas =)

Mirtes Stolze. disse...

Boa tarde Graça.
Tanto os pares, como os impares me agradam. O numero que mais gosto é o sete, coincidência ou não sempre algo de muito bom me acontece nessa data rsrs. Uma feliz semana amiga. Beijos.

BLOGZOOM disse...



Graça! Eu tambem, tanto aprender a contar, a contar tudo e aos ímpares.

Bjs

Alfredo Rangel disse...

Ímpares são mesmo números com personalidade própria, exatamente por não formarem pares, por não serem divisíveis por 2. São íntegros, portanto; Ímpares são as pessoas que se destacam por seu comportamento e por suas atitudes. Você, Graça, é absolutamente ímpar por ser a poeta que é. Parabéns por mais esta joia que nos oferece. Obrigado por tudo o que escreves.

Beijo

São disse...

Excelente, amiga!

Aqui entre nós , que ninguém nos ouve, ainda conto pelos dedos .

Beijinhos e boa semana.

Arroz Di Leite disse...

Lindo!!
A magia dos números é maravilhosa, eu em particular gosto sempre de pares, acho que é porque não gosto de ficar sozinha.
Bjs

Tânia Camargo

Cadinho RoCo disse...

Belíssima reflexão trazidas pelos números, desgarradas de contas precisas, libertadas do que nos dá conta de outros elementos.
Cadinho RoCo

Pérola disse...

Um encantamento assimétrico.

Gosto das irregularidades e diferenças.

Pares que sobram.

Bela poesia!

Beijo

Lucinalva disse...

Olá Graça
Os números são maravilhosos. Bjs querida.

Cidália Ferreira disse...

Excelente poema.Amei

Beijos de boa noite.

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Isa Sá disse...

Nunca tinha pensado nos números dessa forma...


Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt

Benó disse...

Números? Matemática? Álgebra? Prefiro letras. Com elas se escreve AMOR. Os números servem para contar os dias de ausência.
Um abraço forte, Graça.

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Oi Graça! Bom dia!
Muito interessante a tua postagem!
Eu também vivia contando tudo o que via pela frente...
E na brincadeira de par ou impar, sempre escolhia o impar, que sempre foi
a minha predileção.
Beijos, tudo de bom pra você!
Mariangela

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...



falemos de números ímpares, e já é tanto...

excelente como sempre!

beijinhos

:)

ONG ALERTA disse...

Muito lindo, bjbj Lisette.

Anete disse...

Uma boa reflexão nos seus versos!
Abraço

MARILENE disse...

A exatidão nem sempre nos inspira. os questionamentos e a atração vêm das reticências. Nelas o meu sentir coloca os números ímpares. Muito belo, Graça! Bjs.

Alfredo Rangel disse...

Muito obrigado a você, Graça. Grande beijo.

manuela baptista disse...

eu conto com os meus dedos
e é uma escrita solitária

aos deuses agradam as poesias ímpares, como a sua

um abraço, Graça

Manuel Veiga disse...

" ... exactidão assimétrica a corromper a ordem..."
como eu compreendo, minha amiga!

conto e reconto pelos dedos.
e saem-me números redondos, quase sempre! rss

Beijo, Graça

Unknown disse...

Boa noite, Graça.
Sempre amei os números ímpares, têm neles magia inquestionável e misteriosa.
Intimistas, sem dúvida.
Parabéns pela poesia.
Beijos na alma e linda semana.

Maria Rodrigues disse...

Gosto de números, aliás trabalho com eles todos os dias.
Adorei o poema.
Beijinhos
Maria

Sinval Santos da Silveira disse...

Oi, amiga Graça Pires !
Nunca havia pensado em tamanho detalhe.
Deve haver uma explicação, sim, além da
razão...
Parabéns, pelo esmiuçar dos pensamentos
literários, e pela beleza dos versos.
Daqui, do Brasil, vai o meu carinhoso
abraço.
Sinval.

Odete Ferreira disse...

Gostei imenso, Graça, pela surpresa da poética sobre algo tão exato como o números.
Mas, mesmo eles, podem ser imprevisíveis!
Bjo :)

Agostinho disse...

Claramente escrito
e dito soa
a encantamento.
Que magia escondem
os números
que temos à mão?

Gostei tanto da viagem
do flashback induzido:
encantamento do ímpar
neste número sem par

Bj

alp disse...

A mi me gusta el 17...un saludo desde Murcia..

Ana Freire disse...

Adorei esta reflexão sobre os números impares... terão o seu significado muito próprio... como nos diz a numerologia... mas são números fortes... com uma vontade própria... querendo sair da ordem... e procurando estabelecer a sua própria ordem...
Assim como os números primos... que apenas se dividem... neles mesmos... recusando-se a uma aleatória dispersão, talvez...
Um tema surpreendente... e contudo muitíssimo bem exposto neste poema!...
Adorei, Graça! Beijinho!
Continuação de uma boa semana!
Ana

Fê blue bird disse...

Um gosto que partilho e não sabia definir porquê, agora sim está explicado.

Beijinho grato minha amiga

Anónimo disse...

Graça,

Adorei o poema! Original
Os números ímpares são os mais dífíceis, os que dão mais dor de cabeça na matemática, os que dão mais "pica" para quem os estuda!

Beijinhos.
Sonia Lourenço

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá Graça,
Muito boa essa sua postagem com “Os números” ; muito interessante, ainda mais com à menção feita a Virgílio: “Os números ímpares agradam
aos deuses”. Parabéns.
Abraços.

Mar Arável disse...

Ímpares os teus números

Bj minha amiga

Daniel Costa disse...

Graça Pires, sempre a aprender, mesmo a ler poesia. Sim um poema que, além de belo é didático.

Silenciosamente ouvindo... disse...

Um poema diferente do habitual.
Bjs.
Irene Alves

teresa p. disse...

A nossa vida é cercada por números, os quais garantem a ordem universal. Gostei imenso deste poema e partilho contigo o gosto pelos números ímpares, mas só agora percebi porquê.
A imagem é genial!
Beijo.

Ailime disse...

Boa noite Graça,
Que poema lindo, diria original!
Os números na sua aparente frieza (também acho que os ímpares são solitários) tansportam em si uma carga emocional que conduz a genialidade desta poesia.
Beijinhos e continuação de boa semana.

Suzete Brainer disse...

Também querida (inspirada) Poeta,
Aprecio os números ímpares:
"Únicos, solitários e caprichosos."
Beijo.

Poções de Arte disse...

Bom dia, Graça!
Também sempre gostei mais dos ímpares rsrs. Vejo neles uma força, são "decididos" rsrs.
Belas palavras!

Abração e lindo dia.

mixtu disse...

aprendi a contar pelos poucos frutos que resistiam a chegar a maduros nas árvores da minha serra...

abrazo

Unknown disse...

Querida Graça, sou meia sistemática, gosto de enumerar as coisas, medir, dar proporções, também sou meio contraditória, apesar dessa minha mania de exatidão, não gosto de definições exatas, adoro aquelas suposições absurdas, hipóteses infundadas, não sei não, adoro os números, mais amo mesmo as letras... Adorei seu texto, beijo doce e uma ótima semana.

Majo disse...

~~~
~ Também me sinto atraída pelos ímpares,
com exceção para o 6 e 16, porém, é o 17
que prefiro...
~ Este fascínio quererá sifignicar algo?

~ Um poema original, interessante e algo
jocoso sobre um tema surpreendentemente
comum...

~~~~~~ Beijinhos amigos, Poeta. ~~~~~~

Anónimo disse...

Que lindo amiga. Gostei muito.

Um grande beijinho,
Gabriela

helia disse...

Bonita Poesia ! Gostei muito !

Unknown disse...

Assim por mera coincidência o meu número favorito é o 13.

Daniel C.da Silva disse...

Assim é, Graça, "Tão oculto, o valor simbólico da razão!"

beijo

Shirley Brunelli disse...

Sempre que posso uso o sete e o nove, números místicos.
Beijo, Graça!

Jaime Portela disse...

Voltei a pensar encontrar outros números...
Alguns dos meus: 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, etc., etc.
Estes números fascinam-me, dado que só são divisíveis por 1 e por eles próprios. São os números primos...
E há fenómenos na natureza que são marcados por estes números (caso das cigarras, que ficam enterradas um número de anos primo, que varia, para deste modo escaparem a uma eventual catástrofe que as fizesse desaparecer).
Bom fim de semana, Graça.
Beijo.

AC disse...

Seres únicos, eis o que nos faz mover. Será?
Mais um grande poema, Graça.

Um beijinho :)

Lourdinha Vilela disse...

Genial!!! Adorei voltar lá na infância e relembrar que também contava tudo o que via pela frente. Mas confesso, jamais parei para pensar nos números, não assim, dessa forma encantadora que trouxestes para nós no seu belíssimo poema. Mas há um número ao qual sempre me relaciono é o número onze, (do dia do meu aniversário, também ímpar) esse sempre teve um brilho, um sei lá o que que me deixa em alerta, aliás agora depois do seu poema, comecei a analisá-lo e o estou achando super elegante em seu valor absoluto.
Lindo te ler. Obrigada pelas visitas, quero pedir desculpas pela demora nas minhas próprias visitas, estou com problema na visão, em breve farei cirurgia de catarata. Estou diminuindo o meu tempo no computador. Um grande abraço. Fiquei muito feliz e honrada com seu comentário. bjs.
,

Magia da Inês disse...


Cada número tem seu encanto, sua graça e sua poesia... especialmente os números primos!...
Sempre um mistério a ser desvendado!...

Bom domingo! Boa semana!
Beijinhos.
✿゚ه° ·.

Teresa Durães disse...

Engraçado, nunca vi a beleza os números. Gostava de matemática, fria, de cálculo exacto. Este meu lado tão racional. Na faculdade os números venceram-me, e foi difícil fazer aquela matemática toda. Quando os números tornam-se loucos.

Beijos.

Toninho disse...

Que linda inspiração ancorada nas lembranças boas da infância.
OS Números que tanto encanto nos proporcionam e quantificam nossas emoções.
Ai me lembro do menino sentado na serra, contando os vagões que levam seu minério,para onde que ele nem sabia, mas sabia quantos vagões deslizavam naquelas duas linhas paralelas.
Aplausos amiga.
Meu terno abraço
Beijo da paz.

Li esta beleza num blog da Chica postado hoje.