22.1.18

O que é um nome?

Monserrat Gudiol 



Grito contra grito.
O combate a estremecer o chão
na vertigem do ódio.
O gesto e o suor a oxidarem o gume
dos dentes, das unhas, dos martelos.
Em delírio, em êxtase quase,
não cediam ao amor, cediam à morte
por terem no sangue um veneno tribal
e a danação dos despojos.
Entre eles, ela e ele, assombrados de paixão.

Chama-me só amor, ele lhe pediu,
vergastando o próprio nome.

Graça Pires
In: A CNB e os Poetas, 2016, p. 36

Maio de 2016, depois de ter assistido ao bailado "Romeu e Julieta", coreografado por Rui Horta, a convite da Direcção da CNB, através de João Costa

53 comentários:

Larissa Santos disse...

Bom dia. Parabéns pela escolha. Adorei.

Hoje temos para si:-Mermurios em desnorte.
-
Bjos
Votos de uma óptima segunda feira.

Ana Tapadas disse...

«não cediam ao amor, cediam à morte»

E tudo aqui se diz, neste verso incomparável!

Beijinho

Lu Dantas disse...

O extremo do amor! Adorei! ;)

Beijos!

https://ludantasmusica.blogspot.com.br

Marta Vinhais disse...

Amar em pleno....
Num bailado que só quem ama sabe...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Luiza Maciel Nogueira disse...

Muito bela escolha! Um abraço!

Erika Oliveira disse...

Que forte, muito expressivo. Uma ótima semana!!

Cidália Ferreira disse...

Muito bom!! Amei :)

Recordo com saudade, o teu carinho. (Poetizando)

Beijo e uma excelente semana

María disse...

Bellísima poesía me ha encantado.

Un placer venir a disfrutar de tus letras.

Besos enormes y feliz tarde.

Marco Luijken disse...

A wonderful image and nice words.

Kind regards,
Marco

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Muito forte, mas é compreensível pela inspiração no bailado "Romeu e Julieta"
Amor forte este aqui escrito neste poema excelente.
Boa semana
Beijo
:)

Alfredo Rangel disse...

A paixão desafiando o ódio.
Chama-se só amor...
Linda construção!

José Carlos Sant Anna disse...

Se o bailado já dizia tudo, trazes a síntese.
E as imagens são tão fortes, tão poderosas, que não há mais o que dizer.
É usufruir o seu modo de nomear o amor entre Romeu e Julieta.

Um beijo, amiga!

Lídia Borges disse...


O Amor, como uma ilha azul... por vezes, naufrágio!
Belo, o poema!

Beijo meu

Lídia

Mar Arável disse...

O amor não se pede
desponta
porque quase tudo se conquista
por instantes vagarosos
Bjs sempre minha amiga

Ailime disse...

Boa noite Graça,
Que poema tão belo numa versão poética sublime do bailado Romeu e Julieta.
Ódios que não deixaram vingar o amor...
Beijinhos, minha Amiga, e uma excelente semana.
Ailime

Olinda Melo disse...

O amor trágico de Romeu e Julieta muito bem interpretado neste poema, em que duas famílias rivais esgrimam os seus ódios. Ele renega o seu nome e com razão: só o Amor será nomeado.

Muito belo, Graça.

Bj

Olinda

Maria Rodrigues disse...

Um poema sublime.
Beijinhos
Maria de
Divagar Sobre Tudo um Pouco

Victor Barão disse...

Que dizer?
Muito, muito belo e, "Chama-me só amor, ele lhe pediu,
vergastando o próprio nome.", sublime.
É um verdadeiro e profundamente enriquecedor privilégio passar aqui pelo: Ortografia do olhar.
Excelente semana
Beijo

Anónimo disse...

Olá Graça, poema magistral com a marca das suas digitais!Sensibilidade aflorada no interpretar.
Desejo uma ótima semana!
Abraços!

mz disse...


Quando os sentidos captam a essência e depois se escreve assim, é esta sublime inspiração.

Um abraço para si, Graça.
Beijinhos

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Muito belo este poema, gostei bastante.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Tais Luso de Carvalho disse...

E venceu o amor.
Muito expressivo, querida Graça, e a obra ótima, casa belamente com o poema sofrido, mas lindo.
Beijo, amiga!

Sinval Santos da Silveira disse...

Querida Mestra/Poetisa, Graça Pires !
Nesta confusão de sentimentos, conseguiste
resgatar o amor, quase na hora da morte...
Parabéns. Que belo texto !
Uma ótima semana e um fraternal abraço, aqui
do Brasil.
Sinval.

Fá menor disse...

Forte! Belo!
Ao auge da paixão, esculpido em sangue.

Boa semana, amiga!

Bjos

ManuelFL disse...

Este poema da Graça é pura magia. Porquê? Porque a poeta escolheu para descrever o combate entre dois grupos rivais que se odeiam palavras comuns ao amor/paixão: grito, estremecer, vertigem, suor, delírio, êxtase, sangue, danação.

O que é um nome quando basta o amor?

Beijo.

Ana Freire disse...

Um amor sofrido... brilhantemente traduzido em palavras...
Adorei este confronto... de leitura apaixonante, Graça! Parabéns!
Beijinho! Desejando-lhe uma excelente semana...
Ana

Suzete Brainer disse...

Um excelente poema, que o título diz implicitamente
- O que é um nome?- a revelar que decorrente de
um nome (Sobrenome) das famílias rivais, no
impedimento da vivência deste amor clássico
Romeu e Julieta, no final do poema, a poeta
evidencia este nome que seria,
simplesmente o Amor!...
"Chama-me só amor, ele lhe pediu,
Vergastado o próprio nome."
Parabéns pelo poema, Graça!

Uma boa semana.
Um beijo.

_ Gil António _ disse...

Simplesmente fabuloso. Um delírio de poema. Doce magia poética
.
Poema: * Amor ... ou castigo do coração? *
.
Deixando saudações poéticas.
.

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, lindo poema a relatar um amor incompleto, um amor que não evolui,
Boa semana,
AG

FILOSOFANDO NA VIDA disse...

Apesar de se tratar de um amor sofrido é um poema encantador amiga. Parabéns, amei! Abraços, tenha uma tarde feliz e que se estenda ao anoitecer.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Este é um daqueles poemas que se lê e as imagens continuam rodando em nossa mente procurando os significados dos embates, na relação de amor e desamor, que nos diz o canto denso e provocante. Um poema de grande beleza, Graça. Parabéns querida amiga.
Um beijo.
Pedro

teresa p. disse...

Um poema que traduz, se forma sublime, os amores proibidos por ódios entre famílias rivais. Mas o amor de Romeu e Julieta foi mais forte que tudo, mesmo que o final tenha sido trágico. Mágica a parte final do poema!
Beijo.

Daniel Costa disse...

Graça Pires

Gosto, grande visibilidade poética, na tradução da peça, um clássico da literatura teatral.
Reportando-me: o Niassa ardia, no porão, e eu jogava sueca a 50$00 o risco, no poráo transformado em dormitório. Já saímos sobre faúlhas e anotei no meu diário, olhei o panorama, como aventura vivida. Sei que num dos jornais saiu apenas uma pequena notícia, que mais tarde descrevi no meu livro AMOR NA GUERRA, assim não fica o episódio ignorado.
Beijos

Luis Eme disse...

Li e não comentei.

Mas é um poema de amor com grande força e resistência...

abraço Graça

LuísM Castanheira disse...

o amor é mais forte
que a dor
o ódio e o rancor.
nem a morte
mata o amor.

o clássico drama bailado
num poema que a Graça
retrata com sublime mestria.

gostei muito, pena não ter assistido.

um beijo, minha Amiga.

José Leite disse...

Amor sem fronteiras, sem tabus, sem medos...

São disse...

EXCELENTE !!!!!!

Beijinhos, Poeta

Majo Dutra disse...

Se não tivesse referido, não descobriria a história
de Romeu e Julieta...
O poema está excelente, mas este verso está especial,
«por terem mo sangue um veneno tribal»
Parabéns pelo talento, querida Poeta.
Beijinhos
~~~~

Lucinalva disse...

Bom dia, Graça, o amor é magnífico. Bjs

Marta Moura disse...

Que bonito Graça.

Jaime Portela disse...

Um poema intenso como o bailado (pelo menos em algumas partes).
E excelente! Os meus aplausos (demorados, como no final do bailado...).
Bom fim de semana, amiga Graça.
Beijo.

Manuel disse...

Hola me paso tu blog Anna de Poemias.
Es muy interesante tu blog pasare mas amenudo.

Besos

Manuel Veiga disse...

a fusão das identidades numa única palavra : "chama-me só amor..."

muito belo, Graça
beijo

Aleatoriamente disse...

Um contato, um improviso
Cercanias floridas enleadas a outros sabores
Demandas que se tornam, contudo inquestionáveis
Acolhendo a sede na rouquidão da garganta.
Amei simplesmente seu poema Graça e me inspirei de meu lado de cá.
Beijinho querida.

Anete disse...

O amor é belo quando livre e cativado...
Um poema bastante forte e gritante, bonito!
O meu abraço

teresa dias disse...

Olá, Graça!
Voltei e logo “pasmei” com a dureza e beleza destes versos.
“O que é um nome?” Uma pérola de poema.
Quem sabe, diz TUDO com poucas palavras.
Amiga Graça, vou ler tudo o que postaste na “minha ausência”.
Beijo e bom domingo.

Maria Eu disse...

O amor para além do nome, para além da morte.
Magnífico poema!

Beijos :)

manuela barroso disse...

Bailado de emoções em palavras bailarinas onde se esconde o grande amor e o gume da raiva.
Tudo, na belissima encenação do teu poema
Abraço, Graça! ***

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Graça,
entre o trabalho e o viver bem
eu sempre
tenho um tempo
para um cafezinho enquanto saboreio
escritos maravilhosos como os que leio aqui em seu blog
e o blog de alguns querido.
Feliz tarde querida
Bjins
CatiahoAlc.

Graça Sampaio disse...

Muito bonito! (como sempre). Os seus são poemas breves cheios de sentido, de sentimento, de interioridade, de espanto. Muito bons - sempre. Obrigada.

Beijinho.

AC disse...

Encontros e desencontros, em chão determinado, numa ânsia quase animalesca de respirar, de existir... Depois, para melhor entender, se fez literatura.

Um abraço, Graça :)

Agostinho disse...

Um poema traçado ao sabor do movimento coreografado dos corpos: um bailado eterno. Com uma assinatura inconfundível.
Afinal, o poema recorda a essência do amor onde se cruza a luta entre o carácter primitivo e selvagem da posse e a capacidade de apaziguamento manifesta do acto, a ternura e a contemplação da beleza do divino.
Muito grato pelas palavras amigas recebidas. Bj.

Odete Ferreira disse...

Da qualidade do bailado não duvido pois que tão intensas emoções despertou.
Mas a poeta foi para lá dele e traduziu, no poema, o drama da história de amor condenada

"por terem no sangue um veneno tribal
e a danação dos despojos.
Entre eles, ela e ele, assombrados de paixão."

Brilhante!
Bjo, Graça