3.12.06

De braços cansados de remar



De braços cansados de remar, optara, um dia,
por desenhar o marinheiro, com quem fugiu
na direcção do vento. Depois, quando a maré
subiu nos confins do corpo, as suas mãos
naufragaram num mar sem vestígios de barcos.
E uma alegria, adiada de muito longe, doeu-lhe
nos pés, duplamente exilados.
Agora, nas margens da lua cheia, há uma mulher,
em cujo rosto se passeia o lado mais claro da noite.


Graça Pires
De Reino da lua, 2002

Sem comentários: