Nascer no mar alto,
na desordem das ondas.Só por causa dos barcos,
as gaivotas se transfiguram,
quotidianamente.
Não dizer água,
sem refazer a nave,
sem rever a linguagem dos mastros,
cúmplice das velas e dos ventos.
Pressentir a alteridade das marés
pelo duelo ou trégua das mãos,
trémulas, clandestinas quase,
na demora da festa anunciada.
Graça Pires
De Ortografia do olhar, 1996
Sem comentários:
Enviar um comentário