Seleccionar o ângulo de um rosto, sem lhe macular a luz, como se, a meia voz, pudéssemos reter os múltiplos reflexos do júbilo e das mágoas.
1.12.06
Sabe que se pode morrer de solidão?
Que mais acrescentar
sem que, nos gestos,
se tornem contraditórias as palavras?
Morrer de solidão.
Ficar exilado neste tempo cercado pelo medo.
As mãos mergulhando o vazio.
As vozes enrouquecendo de cansaço.
Um logro à medida do silêncio,
com nomes adiados sem aviso
e rostos marcados pela angústia :
fisionomias em sangue vivo,
exibindo o solitário instante da morte.
Saber que se pode morrer de solidão
e ficar de luto pela humanidade,
tão frágil e tão desprotegida.
Graça Pires
De Ortografia do olhar, 1996
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2 comentários:
Mesmo rodeado de pessoas,
Mesmo imergido na multidão,
Mesmo escutando as vozes plenas de vibração.
Mesmo conheçendo muitas almas puras,
Mesmo tendo aquele abraço,
Mesmo assim ainda fica o cansaço...
É um mundo vazio,
É um rodopio...
É acordar e viver.
Viver mais um dia,
Viver mais uma tortura,
Viver mais uma ânsia,
Viver e não ver cura.
Viver uma vida sem ser sentida.
Viver, olhar e sentir-se perdida...
Mas há sempre alguém!
Alguém que realmente aprecia
Aprecia e anseia
Anseia por mais e mais vida
E que olha e desdenha
Incapaz de ver a morte que se avizinha
medonho :(
triste fado a vida de quem morre de solidão
deixo um abraço cheio de brisas mansas para quando aqui chegar ***
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